Futebol & democratas-a-dias
É necessário muito desvelo e gratidão para encontrar um
democrata em todas as horas. Nós incluídos. O desprazer que inunda as almas dos fanáticos do futebol indígena, lá para as bandas das
Antas, torna-se afinal num incómodo civilizacional.
O modelo de virtudes que o patriarca
Jorge Nuno Pinto da Costa provoca nos democratas-a-dias é um ornamento beato que anima as hostes azuis e brancas, principalmente nos
intelectuais enérgicos e na
populaça doméstica, uma idolatria obscena, uma golpada na cidadania. Que imaginação rica. É bom seguir as delicadas tiradas e atestados, ou os opiniosos protestatórios dos sempre assombrosos
intelectuais lusos, sempre lestos a autopsiar os males da Nação e a compor hossanas ao bom governo, em defesa bem humorada, sem amargos de boca, da situação decorrente do caso
Apito Dourado.
Sousa Tavares exibe o crachá de padroeiro das
Antas, enquanto
Lobo Xavier despeitado do seu tirocínio de fiscal da
SAD faz figas ao mau-olhado. Os amotinados socialistas da cidade do
Porto, com o avantajado
Nuno Cardoso com vestes de honestidade
à la mode, estão em todas. A rapaziada da direita, dita
liberal, não aceita os regulamentos jurídicos, muito menos o intervencionismo do
Magistério Público, que o
Papa será sempre o delegado imaculado na
Naçon.
As
malfeitorias, evidentemente, estão sempre mais abaixo ou mais acima do território das
Antas.
A nossa cruz, é bom de ver, estará confinada aos casos de pedofilia, um ou outro aeroporto de Macau, dois ou três presidentes de Câmara com proficiência de empreiteiro, ao acompanhar da mão fatídica que desassossegou os financiamentos dos partidos, à comiseração dos que se esqueceram dos impostos, aos encantamentos reflexivos de
Pires de Lima Filho, ao verbo de
Nuno Thomaz, ao fato do
Paulinho das Feiras, à inteligência cerrada de
Guilherme Silva, à prosa de
César das Neves e ao espírito em pessoa do boxeur
Morais Sarmento. O resto, o resto ... são almas arrependidas.