In Memoriam Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)"
... vinda de algures, com notícias de alguém,
indo para além, para outros ouvidos, num país" [
Fiama]
Deixam-nos cedo, os nossos maiores poetas. Foi assim com
Sophia, finda levada que foi
Fiama. A eterna demanda da alma dos poetas é o "
breve livro que está ali, no todo ou em parte, coeso ou dilacerado por outros poemas" (
Fiama). Com a voz ouvida na terra, sonhado o cante nosso que "o poema encobre", partem, de vez, para o outro lado do "mar", enxugadas que foram as lágrimas. E foram muitas. A caravela, "
ao sabor do sopro que impele o mar" (
Fiama), sobe alta ao encontro da infinidade, passagem ou guia do céu.
Fiama tinha uma energia espiritual, ou interior inocente, prenúncio de uma "linguagem poética" que vai (para citar
Eduardo Pitta) "
até à beira do abismo". Por isso o drama da demanda
espiritual, dos seus últimos anos. Por fim, o porto de
luz no passado dia 19 de Janeiro. Até sempre,
Fiama!
"
Ficas a ler comprazida diante das rosas
silhueta que vislumbrei, compus e reanimei.
Tinhas o perfil marcado cruamente pela luz
as mãos claras no colo, os cabelos despojados
do brilho das cabeleiras soltas, mas juvenis
e sacudidas no inicio da tarde com alegria ..."
[
Fiama,
in Imago Mea]