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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

REGRESSO AO MERCADO


Fazemos amanhã / o que podemos fazer hoje” [Ernesto Sampaio]

Ainda estamos por aqui! Depois de suspicaz descanso & silencioso poisio [nosso álibi], embora bem atentos ao temporal monomaníaco confeccionado pelo sábio Gaspar da Fazenda e pelo sediço & patético administrador Passos Coelho, estamos (decididamente) de regresso ao “mercado”. E bem a tempo de participarmos no estridente funeral da quadrilha "libaral", mesmo se da paróquia - muito bem amortalhada que foi por essa insulada garotada - reste só os caboucos. Como sempre, estamos de volta ao “mercado” para fazer "mijar a caneta para cima do papel de jornal" [B. Péret]. Com todas as autorizações necessárias.

Entretanto, fomos pintarolando por aí, ocupados, dedicados & seduzidos. AQUI sorvemos a grande Alma Portuguesa, itinerário do nosso eterno retorno; ALI, vasámos letras “colossais” às musas que nos iluminam, porque, meus caros amigos, a entrega ao prazer é uma ventura admirável; ACOLÁ postámos excursos autorizados, narrativas antiquíssimas em preito e elogio ao "cão de parar"; ALGUR (e ALGURES) rendemos carícias (vigilantes) às letras & alfarrábios da nossa praça, recordações & "amores antigos". Para ledores caprichosos!

Regressamos para testemunhar a actividade, e máximas imprudentes, da (longa) oração da paróquia "libaral", que desde o início foi posta a correr pelos burlescos pregadores da governação (& seus validos amestrados) e que, curiosamente, se tornou gramático na sáfara blogosfera; o expediente que vemos na botica de Coelho & Portas não é mais que um “latino suor/substantivo cuspo” [J. D. Ribeiro] para com o gentio que se vê espoliado dos cobres do seu trabalho e para alegria e condição do “honesto” negócio do sistema financeiro.

A virilidade devota de Portas & Coelho é, porque é, uma fúria alucinada & mirabolante, uma perseguição política militante – claro, está – contra o Povo, a Nação e o Estado; uma afadigada e doentia incursão que, a coberto de uma cerzida crendice ideológica atulhada de “reflexões econômicas” (!?), que revela o ralaço exibicionismo de quem nunca, com autoridade e competência, estudou, trabalhou e se fez Homem. Pelo contrário o que, meteoricamente, confirma a charamela de Coelho & Portas, com o arranjo cénico (de natureza persecutória, típica do estado paranóide) do inefável Gaspar, é o saque para proveito particular de alguns e dos próprios, a expensas do indígena e da paróquia.

Na essência, a prosaica política destes inenarráveis sujeitos & seus validos é destruir, destruir, destruir. A insídia destes domésticos amestrados é o maior testemunho histórico, entre nós, de como a interminável farsa do amor pátrio proclamado pela classe política indígena readquiriu o labéu (sem surpresa) de intenção criminosa, o que, convenhamos, é muito mais que o eterno desprezo que nutrem pelos cidadãos eleitores. Até que um dia, de vez, o céu lhes caia sobre as cabeças. Et erit sepulchrum eius gloriosum.


Bom dia!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

DR. VALENTE AND MR. PULIDO


e esta? Não era costume
personagem tão nobre entrar assim
quando a peça vai ainda no ensaio
” [M.C.V.]

Vasco Pulido Valente (funcionário público), por caridade ao Estado que o amamenta e em concupiscência bem académica, planta a sua conhecida boa-língua ao dono da paróquia – o varonil Passos Coelho. Que na moita de Mr. Pulido caiba - em absoluto - meio mundo, do híbrido Portas à Führer Merkel, passando pelo paisano Gaspar até ao bardo Álvaro, não incomoda nem é de espantar nesta exótica botica. O funcionário público é um sujeito (à cautela) esquecido, irrepreensível na oratória à voz do dono, esmerado nos confeites e nas ilusões das migalhas do poder e outras minudências. Vasco Pulido Valente (funcionário público) é, assim, juiz em causa própria. E não haverá sobressalto patriótico algum que o tire do seu doce remanso.

Vasco Pulido Valente (ilustre historiador), por decência pessoal e amor às belas letras, afina as sua croniquetas nos jornais por diatribes palavrosas ao naufrágio histórico dos nossos egrégios avós. O conhecido historiador verbera & especula pranchas salvíficas enquanto escavaca (meticulosamente) os nossos sucessos inglórios, a nossa proverbial “vil tristeza” e a colossal “habilidade indígena”. O Dr. Valente (mito vivo da superstição “libaral”), à míngua da farpela universitária destes dies irae, em que pontificam alucinados merceeiros-contabilistas, numa assuada sem nenhuma argumentação credível, adscreve, num perfeito manual de civilidade, a desvirginação do casto Coelho, encomendando a sua viciada alma e o vulgar corpo a santa Merkel, a fim (como diria P. Louys) de o voltar a ser. A torrente “neolibaral” inspira sempre, por chateza pátria, um qualquer historiador.

Temos, assim, na tribunícia anti-Estado, o dr. Valente e mr. Pulido, de olheiras pisadas pela velha República (à atenção do inefável contador de histórias Jorge Morais) e esbugalhado pela turgência do novo império alemão, a defender o pleito de Coelho & Portas, numa notável quanto desastrada facúndia. Nada de bipolar ali é esculpido, porque ao dr. Valente e mr. Pulido – que como se sabe, não é “capado politicamente” - após a sombra vem sempre a luz. O doce eflúvio está a florir. Esperemos, portanto, “sobre os dois seios de Trafalgar Square” [M.C.V.]. Disse!

domingo, 23 de outubro de 2011

O BELO E O MONSTRO


"Princeps legibus solutus"

Nesta insultuosa contenda sobre a "crise", onde o malabarismo verbal convida muitos gênios e tudólogos da felicidade económica - quase todos ex e actuais funcionários públicos (como o inefável Eduardo Catroga ou o funcionário público VPV) -, a perorar o amanhã que pronunciará a eficiência económica indígena (com Musgrave, claramente, alheio a essa douta actividade de afectação e estabilização de recursos) e a pensar os bens públicos e o nível da sua despesa (e como mediram o seu output? Oh! respeitáveis sábios) com atrevidos óculos "libarais", a nossa putativa remissão será sempre essa comédia ingénua (ou esse cavar de vida) de a tudo isso complacentemente assistirmos, provincianos que somos.

O túmulo que nos espera, fruto desse fervor neoliberal talhado por um curioso grupelho provocatório & de ambição desmedida, cerra (de vez) a nossa incontornável falta de assombro cívico, de vigor para com o progresso e a evolução social e ornamenta a nossa frontaria duma colossal falta de liberdade e exercício cívico, liberdade essa que, aliás, nunca soubemos (ou quisemos) exercer. O cortejo fúnebre do rebanho dos eleitores da governação será (é, já!) colossal.

O enxertado governo (ou agremiação de suicidas) que preside à paróquia age numa vaidade escouceante e total impunidade. Na sua singular agonia, a gerência da fazenda é, em modéstia e por piedosa falha de verve intelectual, administrada por duas figuras aventureiras e obscuras, ambas curveteadas a essa "grande arte de viver" (Cícero) da ortodoxa troika.

Um tacteia a intimidade doméstica do país em sucessivas mentiras programadas (batendo copiosamente o eng. Sócrates) e, em messiânicos discursos (decerto, por modéstia profissional), julga-se o salvador da pátria, numa assombrosa e dissimulada impostura; o outro, o "idiota útil" – aquele que uma vez sublimou o espírito com a leitura de Marx –, enturvado no seu ódio ao Estado e ao funcionalismo público, representa o poder dos burocratas e do grupo de interesse neoliberais. Sem mácula, o belo "idiota útil" assume que a eficiência nos custos da austeridade são os que transportam menores "custos de peso-morto" no mercado político (e que levaria - sem rebuço - ao óptimo de Pareto), pelo que a eficiência e equidade das medidas tomadas contra a canalha do funcionalismo (essa corja!) estariam explicadas, mesmo se a lacrimosa advertência do economista Cavaco Silva (o monstro) o acosse. O belo "idiota útil", na sua mecânica racional e estouvada utilidade métrica da austeridade, poderá destruir o Estado, anestesiar os indígenas, sangrar o país e o que mais lhe aprouver na sua monomania ideológica, mas nunca vergará a liberdade individual de participar na res publica e de assim sermos, com dignidade, homens livres - patiens quia aeternus.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

PEDRO PASSOS COELHO - BEST OF 2010/2011



PEDRO PASSOS COELHO - BEST OF 2010/2011 [via Aventar]

"não dizemos hoje uma coisa e amanhã outra" / "Não basta austeridade e cortar… não se pode cortar cegamente" / "espero que este orçamento não traga mais impostos" / "espero como futuro primeiro-ministro, nunca dizer ao país ingenuamente, que nunca conhecemos a situação" / "passados 5 meses o governo limitou-se a aumentar os impostos. Foi o próprio governo que confessou a sua incapacidade ... sempre o caminho mais fácil" / "...que não matemos o doente com a cura" / "não basta austeridade e cortar ..." / "...o IVA não é para subir" / "o governo está a prometer alienar participações como quem quer vender os anéis para ir buscar dinheiro" / "e que representa sempre o mesmo esforço, de tratar os portugueses à bruta e dizer ... agora não há outra solução ... nós temos um défice muito grande e temos de o pagar" / "o Estado deve dar o exemplo. Não devemos aumentar os impostos ... o orçamento que foi apresentado na AR este ano (ahhh) de alguma maneira vai buscar a quem não pode fugir ... que é os funcionário públicos ... e portanto precisamos de um governo não-socialista em Portugal".

quarta-feira, 6 de julho de 2011

COELHO DESMASCARADO OU LETREIROS DO CATECISMO NEOLIBERAL


"Coelho – Ingénuo dos matos" [in Dicionário João Fernandes, 1878]

O raminho de adesivos, devotos da superstição liberal, que levita na obscura governação (!?) do sr. Passos Coelho, teve hoje, para lá da minúcias costumeiras, um dia de copiosa erudição doméstica. A paróquia, escoltando o comboio lusitano do default posto a correr pela santa Moodys, pasmou nas redobradas unções desses cavalheiros. O downgrade do rating da República anunciada repesou o discurso patriótico. O representório é farto e variado. Ninguém ficou de fora na caprichosa polémica sobre as agências de rating.

O indigenato, desde o conspícuo dr. Cantigas ao invulgar guarda-portão Durão Barroso e do ignorante zelador Zé Manel Fernandes (leia-se este anedotário económico) ao sábio vigário João Miranda, a fazer fé nos suspiros & pronunciamentos acasalados, soprou (prenhe de graça neoliberal) autorizadas explicações e demais "traficâncias dos áulicos". O sr. Passos Coelho confessa que levou com "um murro no estômago". Gasparzinho, orador das Finanças, assegura que a Moddys "ignora" os paliativos que se está a praticar. O nosso admirável raminho de banqueiros defende que se deve "romper com as agencias de rating". Álvaro, professo da tradição coimbrã, prepara, desde já, a venda da ilha Madeira aos chineses. O lavrador Portas espera um milagre bíblico: já telefonou a Bush. Frau Merkel, de resto clássico, discorda das manhas da Moddys. A dra Manuela Ferreira Leite, imperturbada no seu mausoléu partidário, ignora (agora) o sinal da Moddys de falta de confiança no Governo. E Sócrates, no segredo inviolável do exílio, dizem que sorri grávido como um filósofo. De facto, o país (e a Europa) virou uma coelheira, nestes dias.

Os amadores da coisa económica são, portanto, na opinião e autoridade intelectual, uma agremiação curiosa. E acordam sempre muito tarde, decerto por dever de ofício ideológico. O dr. Cavaco (por exemplo), num curioso diseur (Memorabilia Cavacus dicta), assegura "não haver a mínima justificação para que o rating de longo prazo de Portugal tenha sofrido tal corte" e, num decerto malfalante linguado, "congratula-se com a condenação da atitude da agência de notação financeira Moodys por parte da União Europeia". Que cacofonia. Que desatino. Ora que maçada! Lembra-nos sempre essa deliciosa paródia da primeira aula de Finanças Públicas do ano, tricotada pelo lente Cavaco Silva, quando anunciava (enternecido) a estatística dos chumbos do ano anterior. Mas não durou muito o rating cavaquista. Perante a recusa às aulas dos "clientes" assim escruciados, lá teve de caminhar o lente para terras de York. Admirável resposta! Acautelai-vos Ó Moddys.

E - pasme o leitor(a) pelo nosso testemunho - afinal em que ficamos? Continuamos nesta tresvairada (des)construção da União Europeia, sem lustre nem grandeza, vacilantes nos passos a dar, sem comandante nem barco, sem gente de respeito? Acaso o sr. Trichet (ou o servo Constâncio), distinto empregado do BCE, tem utilidade, visão ou rasgo para o lugar que (misteriosamente) ocupa? A quem obedecerá, na sua prece íntima ou linha de orientação estratégica, o inefável Presidente da Comissão Europeia? Como salvar o Euro e ao mesmo tempo, nos salvar do "estoiro" da economia norte-americana? Como jogar o jogo com as empresas de notações de risco, com exigência de transparência responsável e sem qualquer forma de manipulação? Como conseguir fugir à devassa, pagar os juros a vencer e os deficits futuros, que são o nosso fado? Como nos livrar desta soldadesta neoliberal, desta perversão maníaca dos mercados sem regulação, desta religião ou purga neoliberal? Quando seremos um país decente, economicamente produtivo e equilibradamente justo, civilizado no trabalho e na vida, fraterno e transparente nos rendimentos e na coisa pública? Haverá um amanhã? Afinal "que é o meu nada, comparado ao horror que vos espera" [Rimbaud].

segunda-feira, 27 de junho de 2011

CIRCO PAROQUIAL


"O circo é a vida. A Grande Festa... o circo somos nós todos... ou ainda mais (digo eu)" [Eduardo Guerra Carneiro]

Ao que parece, o sr. Passos Coelho vulgarizou o medo entre os indígenas. Por artes verbais & outros brados de espírito (lançados pela autorizada gramática do default) os paroquianos enxaguam as gotículas de vil terror que lhes tombam da cabeça etérea.

As manifs da Grécia (com o sereno Loukanikos a comando) e o medo da Europa do fugaz Barroso, a figura algida da sra. Merkel, a toga do conselheiro Noronha do Nascimento, o sorriso evangélico do ministro Álvaro da economia & outros mysterios (cumptos dos antigos companheiros da casa dos Limas), o olho pisco do prócere pregador Portas (lenda viva das Necessidades), o ultimatum às almas tormentosas pelo troveiro Ferreira do Amaral, o bucolismo expressivo da agricultora & maruja Assunção Cristas, eis os tão curiosos temas que lavram sombrias paixões e arrastam (para já) o cidadão lusitano para o infortúnio, agonia da pátria e, repito, vil terror. Dizem os noticiaristas, agora tudólogos.

O sr. Passos Coelho atrelou para a governação os sujeitos que tinha (vulgarmente) de expedir. A pouca (dizem) dilatada lista com que ofertou o país impressiona, descerrando milhares de lábios. Os novíssimos ministros & outras miudezas (a ofertar à Nação dia 28) esterilizaram, para já, o ruidoso e sonoro grupelho de amigos do sr. Sócrates (o conhecido José Lello, é certo, ainda estrebucha e, ao que parece, fugirá mesmo à bengalada rosa). Mas não é certo que, esse raminho de liberais, se eleve às alturas da situação e à devassa da ruína. O comércio intelectual não abunda, a improvisação ideológica e os impiedosos golpes vindo da Europa da sra. Merkel irão confirmar os obséquios fúnebres.

O sr. Passos Coelho está, portanto, a recibo verde. Cativo das suas promessas (como tantos ministros: veja-se Nuno Crato), escravo da superstição liberal, abrasado que estará pelo delírio do aparelho partidário, com um Cavaco Silva enxertado em hierofante económico e pouco esquivo às garotadas (e basófia) do sr. Portas, o sr. Passos Coelho está definitivamente prisioneiro: de si próprio e dos seus atribulados interesses. Quem viver, contará! O circo pode continuar ...

quinta-feira, 24 de março de 2011

CENA ABERTA OU ENSAIOS DE MARCAÇÃO



"Life, as we know it, does not exist" [S. Mhakhaphi]

A paróquia assistiu (assiste) ao mise-em-scène da "morte" política anunciada do sr. Sócrates. A encenação foi corretamente composta, passe o facto de o palco ter dimensões curtas. O sr. Sócrates implantou a cena, fez as marcações e assinalou o ritmo. O estilo - o curioso-dramático estilo tão copiosamente caracterizado pelos doutos politólogos indígenas -, de facto, não é importante: há muito que a cenografia & a iluminação da governança do sr. Sócrates eram uma extraordinária estapafúrdia, um vaudeville, que nem um padre-nosso (a existir!) salvífico nos emprazava das bengaladas atrevidas da fuhrer Merkl ou da benzina milagrosa do sr. Sarkozy. A sopa dos pobres, pitoresco expediente paroquial & tão de agrado da clientela partidária do bloco central, está para durar, sempre insinuante e terna. A continuar!

Ontem a questão era simples - porém complicada de se lhe seguir como tragédia -, a saber: Sócrates ou Nós. Demasiado simples! Na verdade, o roteiro Socrático foi (e será) um desastre completo. A ruína financeira (que nos tem cativos), a afrontosa ditadura do merceeiro Teixeira dos Santos, a capitosa inconsciência social, a fraude & a mentira intolerável (o valor real do défice, não aqui é um simples pormenor), o despotismo corrosivo da cidadania e a alucinação que tudo destrói, trouxeram ruína à acomodatícia ruína do país. O negrume destes anos (e dos que se lhe vão seguir) é um sério aviso ao cidadão livre e fraterno. Por isso, as palminhas grupais que os serviçais do sr. Sócrates - essa infernal facção política que liquidou a honra do Partido Socialista e arruinou o país - vão fazendo cair, em fingimento nas redes sociais e nos seus enlevos partidários, é perigosa mesmo que seja uma caricatura. Ontem a questão era simples, a saber: por fim à fraude, à demagogia, à falta carácter revelada pelo sr. Sócrates & amigos. Porque um país não pode viver na mentira, na incerteza, na falta de esperança de futuro, em campanhas de ódio permanente. A chantagem política e a incompetência tinham de ter um fim.

Que do claro-escuro desta peça nos surjam galãs cómicos (o sr. Portas & garotos amestrados), até um contra-regra no Palácio de Belém agora em ensaios constitucionais primaveris, ou, principalmente, um novo encarregado do palco, um sr. Coelho espingardeando demagogicamente velhas urdiduras do ex-assinante sr. Sócrates, esclarece a tragédia cínica disto tudo e a pateada que se lhe vai seguir. O sr. Coelho (com os oráculos neoliberais à ilharga), como antes o "maravilhoso" sr. Sócrates, teima em salvar Portugal. O aranzel é conhecido: livrar-nos do Estado, deixar em rota livre o espírito pensador dos nossos empresários, que, como bem se sabe, são inteligentes, empreendedores, competentes e, curiosamente, até mesmo empresários. O resto (dizem) virá por especial simpatia e visão empresarial, qual graça ou solene te-deum de 800 anos de ex-votos pátrios. O défice subordinar-se-á, por fim, aos deveres do alheio, o exercício cívico será luminoso e logo observado, a economia será alavancada em grandiosidade nunca vista e os insubmissos especuladores (os tais… esses mesmos) serão domados, como num passe de mágica. E a Europa será nossa! Ecce filius tuum.

sábado, 12 de março de 2011

FOI BONITA A FESTA PÁ!




"Chamais-me, Cidadão? Eu aqui estou:
Alas à Liberdade!
Nunca mais pura cauda se arrastou
Nas lages da cidade!
" [Alexandre O’Neill]

Dia curioso e surpreendente. Inchado de liberdade, sonoridades vocais, de movimentos progressivos. Eis Lacan e o grito do recém-nascido, em pura metonímica. Da escuridão destes dias saíram ladrilhos de memorandos, mui ataviados de panfletos em letras redondas. Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Volumosa, autorizada. Cor unum et anima una. E dessas almas, naturalmente lúcidas, brotou uma nova itinerância para todos nós - os condenados às galés da fazenda. É preciso uma grande orgia. Porque foi bonita a festa, pá!

PS:Ah! os cultores corporativos do bloco central já capricharam pequenas maldades. Vieram espumar as suas mazelas, enriquecendo a lexicologia política. O sr. Sócrates justificou o grito da "canalha" com a sua contumaz imaginação cénica. O sr. Augusto SS, resignado, truncou o seu dia de trabalho precário. E o merceeiro Teixeira dos Santos, ao que parece, faz exercícios venatórios ao colo do governo colonial da fuhrer Merkl. Há ironia e malícia no ar. O dr. Coelhoatrevido no ímpeto e bisonho na praxis - ameaça fulminar qualquer acareação com o regente-engenheiro. Santo Assis ainda não rabujou, vindo do asilo parlamentar. Na verdade, não há vida além do mofo de S. Bento e do facebook do dr. Cavaco. Pelos colunistas, há advertências, sermões & tripas viradas. Há motins literários. A casta & reaccionária Helena Matos (Oh! Labii reatum! Oh! Geração do 69) arrufou, vaidosamente máscula, sumariamente caluniante. Rosariada de náusea (ou sexo de escrita) contra a vida e o seu linguarejar. O dr. Pacheco Pereira, leninista e sem lucidez, choraminga abruptamente contra os profissionais da TV. Não leu o discurso último do dr. Cavaco, um dos subscritores do PREC d’hoje. Valha-nos, ao menos, isso! No resto "enquanto os filósofos etiquetam, os relógios tiquetaqueiam". O’Neill … na porta!

quinta-feira, 10 de março de 2011

A TOMADA DE POSSE OU UM PRESIDENTE "À RASCA"


Da ociosidade presidencial, desabrigado nessa curiosa angústia no acto de falar claro, o sr. Presidente da República regressa encartado numa representação (nada) ingénua de defesa dos superiores interesses do país. É um clássico! A composição que dirigiu à Nação, muito em género epigramático, foi de facto "arrasador" para o regente desta nossa paróquia, que está a implodir em estrondo e vã glória. Ao mesmo tempo, esclarecendo o respeitabilíssimo auditório, o discurso do dr. Cavaco Silva é um mero & ratificado acto de contrição. Um ofertório a todos, e não são poucos, os que expiam as derivas económicas e políticas da fazenda, desde as promessas caricatas dos tempos & costumes do sr. Cavaco Silva, primeiro-ministro, ao drama e tragédia de hoje. Um sacrifício político pessoal inegavelmente alquebrado, mesmo que romântico. Há que gerir a carreira política. O oásis seguirá, portanto, dentro de momentos.

Na verdade, perante um comovente refúgio de "pecadores" & prestidigitadores da coisa pública, o sábio Cavaco Silva entende, porque entende, que estamos perante uma justificada "emergência económica e financeira", uma grave "situação de emergência social" e que desse submergido atoleiro há lugar a um devoto "sobressalto cívico" e, claro está, a um patriótico "despertar da letargia" indígena. Mais, o prodigioso dr. Cavaco, sem perturbação alguma, ilustrou o seu capitoso discurso com o reboliço de uma "grande mobilização da sociedade civil", porque "há limites para os esforços que se podem exigir do cidadão comum". Neste ponto o sr. Fancisco d’Assis, olhos fitos no futuro, fingiu não gostar do que ouviu. O Sr. Assis, que por educação não é um habitué da "mouta" governamental, faz tenção de arremessar o inefável Augusto S.S. para a desafronta. Há que vitimizar!

Deste modo, a narrativa epopeica do dr. Cavaco foi, de facto, agreste e demolidora, mesmo perigosa. O sr. Presidente da República - se nos lembrarmos do que ouvimos cinco anos atrás - considerou que o país está muito pior, que se perdeu cinco intermináveis anos, quiçá quinze, ou que na verdade, e por cortesia o dizemos, a trapalhada virá já desde 1985. Isto é, o dr. Cavaco reconheceu que foi incompetente no exercício da sua função presidencial, permitindo e apoiando um governo irresponsável e intelectualmente desonesto. Quem algum dia se lembrar das leis proscritoras dos "direitos autenticamente adquiridos", nos seus aspectos injurídicos, arremessados pelas corporações de interesses instalados na governação e no bloco central contra a "canalha", compreenderá a improbidade do discurso de tomada de posse e a sua problemática futura. Basta testemunhar, para contraditar, que no momento em que os docentes deste país fizeram ouvir a sua voz e exigiram na rua um civismo profissional rigoroso da parte do Estado, em legítima ambição meritocrática, o Presidente da República passeava fervorosamente com a sr. Maria de Lurdes, Ministra da Avaliação, expandindo-lhe a vaidade.

O clamor do sr. Presidente é, portanto, complicado de gerir politicamente no amanhã. Por último, quando - num imperdoável quanto audacioso silêncio - nada nos é dito sobre a União Europeia e a sua (des)construção, torna-se evidente a pouca inspiração económica e o desengano nesta sua nova magistratura activa. E sabe-se: verba volant, scripta manent

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PRESIDENCIAIS – O LENTE IRACUNDO


"Tudo se paga nesta terra, o bem e o mal. O mal é mais caro, naturalmente" [Céline]

A paróquia, arrefecida na sonolência pela crise da crise, está definitivamente vítima de um mestre-escola. O educador presidencial Cavaco Silva, em requintado e alucinante mascar de palavras, largou (de vez) à desfilada verbal pelas charnecas indígenas, soqueando o espantado nativo televisivo com o incipit da velha gritaria de ser lente. Em econômico-financeiras, repete o sábio dr. Cavaco.

Como o lente chibata as suas próprias palavras - que só muito depois são vertidas tecnicamente em politiquês pelo gentio manso dos jornais e, em especial, traduzidas pela soutachée imaginativa da sra. Maria João Avillez -, enquanto vai acasalando a função de ex-governante com a de presidente e ex-lente, a rosariada do ululante candidato e futuro presidente não se entende nem se pode avaliar. O dr. Cavaco é o três em um, resfolegando manuais & pasmos de adolescente.

O dr. Cavaco era em tempos aquele que nunca se enganava e jamé tinha dúvidas. Algarviadas, evidentemente! Agora, em refutação do folheto BPN & em resposta ao apoio fúnebre dado ao (des)governo do sr. Sócrates, acrescentou-lhe literariamente o catecismo moral: "é preciso nascerem duas vezes para ser mais honestos do que eu". Ao dito, o sr. Dias Loureiro deu o seu último suspiro. Amém!

Nada disto diz respeito às cabrioladas do sr. Defensor de Moura, que já se viu o que anda por ali a mitigar ao governo e o frete que faz a outros candidatos. É que o sr. Sócrates tem agentes em todas as paróquias. Tal como as despicientes agências de rating na taramelada zona Euro. Não há, portanto, qualquer acaso ou substância bizarra a recompor pelos debates. Que, aliás, ninguém de boa fé acompanha ou reverencia.

Por que o fundo da questão, a saber, será sempre perceber como é que a laboriosa providência indígena nos foi, uma vez mais, madraça & vassala. Explicar como, num único momento, decerto por um formidável e raro prodígio do éter universal, se encontraram essas duas almas gêmeas – o sr. Sócrates & o dr. Cavaco -, será sempre um fenômeno pouco luminoso, mesmo que passional seja.

Nada há mais pacífico que reservar o momento em que, vindo dos tempos de canga do antigo "oásis" do dr. Cavaco - alucinação desovada pelo economista sr. Silva -, a nossa mísera fazenda se esticou até aos nossos dias e, no seu estro, espinoteou nesta paródia (amargurada) da governação do sr. Sócrates & amigos. O resultado esteve sempre à vista, mesmo se os argumentos dos publicistas eram esforçados. O resultado está, particularmente, á vista, mesmo se o lente dr. Cavaco, pessoalmente, faça unguentos ou consulte os astros & os compadres. Toca a andar!

domingo, 19 de dezembro de 2010

O POLÍTICO


"A noite é quando uma pessoa está cansada do dia"

Aos ledores instruídos nos recatos nocturnos, aos novos que adengam na blogosfera, às meninas discretas e (im)prudentes, aos presumidos pastores dos jornais, a criados desatentos, à confraria dos snrs. Silvas, aos ilustres adegueiros Lellos & V. Lemos, aos pitorescos escrivães Sousas Tavares & J. Manuel Fernandes, à caprichosa toilette chez Helena Matos, ao sereníssimo D. Emídio Rangel, à Venerável Casa do Largo do Rato, aos discípulos do beato Augusto Santos Silva (vulgo S.S.) ... oferece-se as máximas escriptas de mestre Palmeirim, obra muy bem acabada sobre cousas notáveis do reyno de Portugal e da União.

"Quando um homem qualquer não tem de fazer, e receia por um resto de pudor passar por vadio, mete-se a político.

Ser político, em Portugal, significa falar no orçamento e não o ler; na Carta Constitucional, e não saber onde ela se vende; no poder executivo, e confundi-lo com todos os outros poderes, menos com o próprio poder executivo.

Para se ser político, precisa-se: primeiro, audácia; segundo, ignorância; terceiro, ociosidade. Com estes três predicados, a leitura de alguma folha periódica, e o conhecimento pessoal de dois ou três homens que já fossem ministros, está o político feito.

O político é geralmente um homem enfastiado e fastidioso, a quem correm mal os negócios públicos e pior ainda os domésticos (...)

A primeira cor da bandeira do político é a liberdade. Outras, conforme os tempos, crismam-se de – progresso – melhoramentos materiais - economias e moralidade. Como pedir custa pouco, o político pede tudo, até tributos bem pesados ... que não pesem a ninguém.

Por via de regra o político, no exercício das suas tendências e faculdades, corre todos os partidos, defende todas as teorias, abraça todas as opiniões, e tem a habilidade de se confessar ainda por cima coerente com as doutrinas de todos os publicistas, o que é um absurdo.

O político incorrigível é uma espécie de tabuada cronológica, indica com exactidão as datas, mas poupa-se ao incómodo de filosofar sobre a significação dos números (...)

O político tem com o perdigueiro a analogia de farejar e levantar a caça. Notícia sem fundamento, ou boato sem verosimilhança, nasce exclusivamente do político. É ele que justifica mais do que ninguém a frase popular fazer de um argueiro um cavaleiro. O que os franceses chamam canard e nós dizemos galga é de ordinário invenção do homem dado às evoluções e artimanhas da política. Não podendo ajeitar o mundo à sua feição e desejos, compraz-se em pôr em circulação a mentira que, correndo de boca em boca, chega a ganhar foros de verdade averiguada como tal (...)

O político endurecido nos vícios da sua profissão tem de ordinário uma roda de papalvos que o ouvem com respeito, e aplaudem com entusiasmo ...


Luís Augusto Palmeirim, Galeria de Figuras Portuguesas, P&R, 1989, pp 117-119

Boa noute ... que pretium laborum non vile.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CONTRA A MANSIDÃO, PELA CIDADANIA!


"Este rosto com que amamos, com que morremos, não é nosso; nem estas cicatrizes frescas todas as manhãs, nem estas palavras que envelhecem no curto espaço de um dia (…) Só a custo, perigosamente, os nossos sonhos largam a pele e aparecem à luz diurna e implacável. A nossa miséria vive entre as quatro paredes, cada vez mais apertadas, do nosso desespero. E essa miséria, ela sim verdadeiramente nossa, não encontra maneira de estoirar as paredes (…)

Há mortos nas sepulturas muito mais presentes na vida do que se julga e gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores …
" [António José Forte]

"Do cadáver dum homem que morre livre pode sair acentuado mau cheiro – nunca sairá um escavo" [M.C.V.]

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CUSTO E PREÇO DE UM MEDÍOCRE


"Senhores leitores: encarregaram-me de vos dizer que a direcção protectora decidiu proibir que vos fosse mostrado quanto custa um medíocre, porque o inquérito, feito por sujeito competente, tinha o grave defeito de mostrar o medíocre a nu, cena eventualmente chocante para a estabilização da bolsa de mercadorias. Em seu lugar, prometemos redescobrir o Brasil, a bem da mediocração

[Mário Henrique Leiria?] "Bisturi", p.13, in Jornal AQUI, Ano I, nº2, Setembro de 1976

Bom lanche!

domingo, 17 de outubro de 2010

ONTEM … ESTIVEMOS ASSIM!


A pen do sr. Teixeira dos Santos – e não é a que dizem por ai (cruzes canhoto) – não passa de um prodígio de mérito contabilístico. A verdade é que a improvisação feita é mesmo uma obra de arte. Fala de si para si (nota musical, off course). Aliás o sábio merceeiro declara que o O.E. "não compromete" o "nível adequado de protecção social". Adequado, notem bem! O sereníssimo ministro, além de reafirmar que "não viola a lei" (não dizendo a qual se refere), assume que não vai haver recessão no próximo ano socrático. O milagre das rosas virá via exportações. E como passe de mágica, o anedótico ministro, vai aparecendo em tudo o que é meios de comunicação, fazendo a apologética para uso do vulgo. O jornal Público já marcou consulta. Os outros estão na fila para divulgar o assumido catecismo do inflado ministro: liberalismo para os ricos, neoliberalismo para o povo. O dumping social - danken Frau Merkel, gracias sr. Durão Barroso, tásse bem dr. Cavaco – está popular. Proibido voltar atrás. O dr. Cantigas, fiscal do ISEG, já o disse. Podemos ir para a cama descansados.

Hoje estivemos ... assim. Inofensivos, voluptuosos na sedução literária, inteligentes nos números, infiltrados de espírito liberal. O constitucionalismo societário não passará! O sr. Henrique Medina Carreira já fez as contas da nossa felicidade. Está tudo legitimado. Os indígenas agadecem!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

REPOSITÓRIO DE CURIOSIDADES


- "Democracy is two wolves and a sheep voting what's for dinner. Freedom is a well-armed lamb contesting the vote." [Ben Franklin]

- Alexandre Quintanilha (Filho) confessou ao SOL [24/12/2010] uma indescritível alegria pela política de educação e saúde do sr. Sócrates. Em especial, tece laudatórios agradecimentos à sociologia da educação da Maria Lurdes Rodrigues, essa mártir do ensino. Alexandre Quintanilha (Filho), em prece íntima, mas musculada, replica (portanto) que "não tem qualquer dúvida em votar em Sócrates". Alexandre Quintanilha (Filho), que desconhece o que é o actual ensino e o que lá se faz, é de uma frivolidade espalhafatosa. Tantos anos em S. Francisco, como antes em Joanesburgo (do apartheid), não explicam este milagre de indulgência. Nem qualquer rebeldia!

- "Banqueiros já deixaram Terreiro do Paço", eis a homilia (de muita unção) do jornal Público. Avante trabalhadores! É a Hora! diria Fernando Pessoa. Calma! anuncia o recreativo sr. João Proença, no salão de festas da UGT. Muita calma!

- Manuel Sebastião, o amanuense sr. da Autoridade da Concorrência (AdC), após porfiada & graciosa investigação da (curiosa) convergência de preços nas gasolineiras, ratinhou esta sábia cogitação: "Copiar os preços não constitui qualquer ilícito". Logo vimos que a coisa não ia com palavrões.

- Consta que o dr. Almeida Santos abriu o seu coração de democrata e em rasgado entusiasmo gritou em pleno Largo do Rato: "o governo tem que sofrer as crises como o povo as sofre". Comovido pela declamação, sr. Francisco Assis teve uma apoplexia. Narciso Miranda, como de costume, amuou!

- O sr. general Eanes – representante indígena da velha caserna -, depois de em obra apreciável compor a sua última alegoria, "Sociedade civil e poder político em Portugal" - em preito de homenagem à literatura pátria -, manifestou há dias na RTP1 (na casa da sra. Fátima Campos Ferreira) a razão do seu apurado estudo sobre a cultura política e cívica paroquial. O general Eanes, em "realizante cidadania" e elevada teorização, considerou que a dita "sociedade civil" [entidade conceptual que é uma alfândega de sabedoria] não soube socorrer energicamente os infames ataques feitos à politica de saúde do sr. Correia de Campos e à douta doutrina educacional da "mãe de água" Lurdes Rodrigues. O sr general não viu a dita sociedade civil defender esses dois meninos de coro da governação. O sr. Eanes anda muito vigoroso conceptualmente. E ressuscitado. Cautela!

- Graciosamente, informamos os nossos leitores que não será ainda amanhã que o sr. Miguel Sousa Tavares desovará na sua coluna do Expresso as suas amáveis reprimendas aos professores, médicos, magistrados, funcionários públicos e outras classes ociosas. O sr. Sousa Tavares embocetou-se. Mas o cardápio segue dentro de dias, num folheto do Expresso, perto de si. Não perdem pela demora!

Boa janta!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A IGNÓBIL PORCARIA


"Don't cry for me, sr. Sócrates”"

Depois de rápida e fugitiva converseta sobre o futebol paroquial, o indígena (o bom) faz agora a sua extraordinária aposta sobre a magna questão, a saber: deixa ou não, o farcista sr. Passos Coelho, passar o Orçamento de Estado do inútil sr. Sócrates & amigos? A confissão do indígena (o bom), mestre em contemplações transformistas, é de engolida camaradagem e prenhe de sublime consciência patriótica. Como sempre!

Os do horto do PSD – sempre com esses estéreis jovens laranjinhas no vestíbulo – garganteiam as verdades reveladas pelo sumido (quanto discreto) eng. Ângelo Correia, maître à penser do colégio liberal. O infalabilismo do desolado Miguel Relvas – consultor estrugido para os media – marca o compasso da claque. Essa geração, a limpar a testada aos veneráveis incompetentes d'antanho e depois de ter andado com o sr. Sócrates & amigos ao colo, aposta no Não ao orçamento. Os fervorosos liberais do sr. Coelho querem (agora!) a vassourada. Outros não vão nessa fancaria. A sra. Ferreira Leite – da outrora saudosa Mercearia Leite, Corte & Deficit – já viu a tragédia disto tudo. O dr. Pacheco Pereira, confirma!

O indígena (o bom), depois do violento choque que herdou desse cantador de feira e incompetente Teixeira dos Santos, entende ser, agora, a situação escabrosa e a prelecção dos notáveis inacreditável. Mais, perante a outrora devoção do dr. Cavaco ao grémio do sr. Sócrates & amigos - com apoio resplandecente dos talentosos economistas pátrios – o gentio não vibra, em demasia, pela audácia da sua pirueta. Afinal o inútil sr. Sócrates há muito que devia ter sido despedido, por justa causa. Agora – dizem – nem o sr. Mourinho nos salva, seja lá do que for.

Os do horto do Largo do Rato pintaram em 15 anos, de absoluto miserabilismo económico e de alardeada ditadura intelectual (o sr. Santos Silva, ainda existe e escreve – pasme-se!), a chalaça do "oásis", uma paróquia imitada do cavaquismo, esse deslumbrante salto histórico e civilizacional. Asseguram aos contribuintes os da seita dos economistas. Manifestaram em jornais, Tv’s e blogs, em estilo de corte, os bardos que vivem à conta do Estado e de quem trabalha. Tais alucinados, com o sr. Teixeira dos Santos em vertiginosa incompetência económica à cabeça, numa criação muito clássica e redentora, massacram os paroquianos com a chalaça da crise mundial, coisa nunca vista, misteriosa e de maus costumes.

Venceram-nos pela fadiga. Nunca a prisão ou uns bons açoites nos vai limpar a alma. É tarde! A ignóbil porcaria será sempre esse negócio escuro, essa agonia de nunca sermos civilizados, fraternos, livres. O obscurantismo será sempre a nossa tragédia. Nós aqui perdidos a Ocidente da Europa.

O MINISTRO IDEAL



"O ministro sustentava-se no poder perfeitamente, como em lago dormente o barco bem lastrado, e se appareciam alguns signaes de tempestade, diziam as más línguas que ["O Ministro Ideal"] alijava alguns cabedaes, e o perigo sempre se conjurava. Vários jornaes que tinham começado a fazer-lhe guerra, haviam-se calado como por encanto ..."

in, "Ministro Ideal", de Arthur Lobo d’Avila, Parceria A. M. Pereira, Lisboa, 1907.

Boa Tarde!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

DE REGRESSO – NADA A DECLARAR!


"Não tive tempo de ser mais breve" [Pe. António Vieira, in História do Futuro]

Por não chegarmos a tempo (mérito nosso) desta apostada monomania indígena do diseur elogiativo e ululante do disparate nacional, com que se tornou esta paróquia do sr. Silva, Sócrates & Coelho, Lda, generosamente posta em lume raso pela brigada do costume, pedimos a V. bem-aventurança e candura. Compreendam: "em presença da mulher amada é aconselhável colher nuvens" [Cadavre exquis – como é evidente].

Nada, pois, a declarar! E já não é o nada que nos madura a vidinha (nós para aqui a pensar no futuro), mas tão só a contemplação da ruína a que tudo isto chegou. Mesmo que fatalmente esperada, o espectáculo insolente das carpideiras do regime – como essas endechas postas a correr por inúteis ex-governantes nas Tv's, entre os quais pontifica o pasmoso Silva Lopes – torna tudo de uma soberba inqualificável e sem remédio.

Assistir ao que se vai dizendo da fazenda pública, como se a crise gravíssima com que se deparam as democracias ocidentais não permanecesse ou a subsistir se resolvesse – sempre com a cegueira habitual do correr para a frente que em todos habita por inércia e falta de coragem política -, com o fim do bem-estar económico e social de mais de 60 anos e o correspondente retrocesso e derrocada civilizacional de um século (como todos esse exaltados e intratáveis figurões prescrevem), torna tudo inútil e irretorquível.

Que o roufenho António Costa (do D.E.) discorra sobre a charneca económica, depois de há 5 anos tecer hossanas à governação do sr. Sócrates está conforme o esperado para o pessoal doméstico; que a rincharia do citado Silva Lopes exista e persista, ou que o respigado prof. Cantiga, num turbilhão de emendas, veja a paróquia isolada do mundo e da alma económica global, é absolutamente normal ou não tivessem ambos óculos universitários; que o estremecido rapaz Nogueira Leite, agora iniciado na choça de Passos Coelho, entenda a paisagem económica como a imaginou esse lustre da lusitanidade, de nome Paulo Teixeira Pinto, não é estranho nem perturba a reedição do index liberal – as nulidades atraem-se; que os sobreditos & todos os outros paineleiros e colunistas observem a vulgata do dumping social, em que Portugal, a Europa, as Américas e o mundo livre se devam transformar numa magnificente China, com remunerações de 0,70 euros/hora e o fim do Estado Social que se seguirá, não deixa de ser uma intimidade curiosa, ou não viesse a comovida receita de sujeitos pouco habituados a trabalhar e que sempre viveram à conta dos cidadãos e dos seus impostos.

Como diria Aristóteles: consuetudo est altera natura.

Por isso, não temos nada a declarar! Vossas Excelências não têm nada a declarar?

sábado, 14 de agosto de 2010

NÃO … NUNCA … JAMÉ!


"Na luminosa tarde de Verão mergulhados,/Vagarosamente deslizamos..." [L. Carroll]

O rigor de veraneio entusiasmou-nos. Olhem só, acima, como estamos quebrantados. Caprichosos! Há, nessa frescura de espírito, uma tranquilidade que nos salva do idiotismo da paróquia e do mestre régio pátrio. Longe da graciosa silly season, que o rebanho dos colunistas esforçadamente costura na preia-mar indígena, agradecidos estamos no nosso fogoso amparo. Eis o que é veranear!

Não nos atrevemos, portanto, a ressuscitar o presente vaudeville governamental. O Freeport do sr. Procurador e do seu Vice é uma lista de inspiração curiosa, um testemunho de tal agrado & protecção do dr. Cavaco, que não ousamos adornar a didáctica jurídica com histórias tormentosas. O espectáculo pode continuar! Ou então deixemos isso para o talentoso adiantado mental Henrique Monteiro (via Expresso há 1 semana) ou para o paradoxal Sousa Tavares, o castrado escolar. Ambos fazem as delícias das lavadeiras já sem esperança de casar. Não é preciso riachos de tinta ou composições de cidadania. Já não há milagres, nem lamúrias que nos salvem desses senhores. A lista de mazelas não tem fim.

Nunca contribuiremos, portanto, para o estilo sentencioso do "bota-abaixo" (genuflexão sr. Vieira da Silva), nem sequer para a tirania dos números (esses traidores) com que nos presenteia a economia indígena do sr. Sócrates & amigos. Temos os Bessas (um deles ou todos por atacado) para nos elucidar e o dr. Metelo para nos iluminar. Para declinar o bom gosto e a honestidade intelectual desses cómicos da economia & finanças, não contem connosco. Consintam, apenas, que evoquemos (neste "cenário de guerra" à la Rui Pereira) esse ser extraordinário, esse boticário de aldeia, essa gravura imortal que é o sr. António Serrano, agricultor. Bem-haja pelas suas maquinações sobre a "lavoura" e a sua melodia sobre os fogos. Apenas não se compreende como a (bela) f. Câncio, jornalista de faca e alguidar, nas suas costumeiras dicções prosaicas ao génio do sr. Sócrates, não guarda na alma e na harmonia do verbo uma qualquer escrita épica ou poema heróico, ou uma simples ode, a esse fantástico mártir da governação. O cavalheiro merece o fragor de uns linguados. Podem crer!

Jamé mencionaremos, portanto, a distinção (ou um suspiro sequer) feito ao distintíssimo doutor-mestre-conferencista Manuel Pinho, o egrégio portuga que irá marinhar nas terras de tio Obama. Gloria in excelsis, sr. António Mexia. Depois da converseta sobre o fim das reprovações no ensino (gentileza da dra. Alçada) o caminho seguinte seria por o mestre-escola a pagar para leccionar qualquer coisinha. O que se verifica. Gracias, EDP!

E, assim, o nosso exquisito veraneio (veja-se a foto acima) terá sempre a leveza de um ganhão de campina (estamos aqui, mestre Jakim), convenientemente monologado no respeito de “braço às armas feito” [Camões, com a nossa estima] & segundo a tradição da velha (nova) União Nacional, que o “respeitinho é muito bonito” (não é?). Para já (re)começamos a ler esse livro de culto do dr. Vital e do dr. Canotilho, “a Constituição instruída do dr. Cavaco Silva”. Estamos sábios, contentes! E veraneantes!

Um beijo & um abraço (conforme o repertório).

terça-feira, 13 de julho de 2010

SEMANA PAROQUIAL


"Já não há malhadas nem cantigas, não há desfolhadas nem beijos às raparigas"

- a semana começou com dor de ouvido. Quando se ultimam as ceifas dos cereais (os bons primos alentejanos estão de sacrifício), se continua a poda vida e no jardim vai de se semear, eis que o chefe da exploração do PSD arranca com as chamadas "jornadas parlamentares". Nem o banho aos pés com farinha de mostarda ou algodão canforado nos ouvidos combateu a moléstia. É por demais sabido que o "bom lavrador é sempre o melhor soldado", mas este mau tempo de Julho está repleto de amadores patéticos. Afinal, se na moita já farejava o sr. Sócrates & amigos para que é que o sr. Passos (promíscuo do sr. Sócrates) vai de ocupar a tapada de S. Bento?

- nas ditas "jornadas parlamentares" do sr. Passos, onde ao que dizem sopraram aragens das várias botinhas à la S. Comba Dão, avultou o comediante Campos e Cunha, o cavalheiro Ernâni Lopes (que tirou vários coelhos da cartola) e o inefável Vítor Bento. Pouco originais, todos a viver das migalhas dos emolumentos que patrocinaram quando foram governantes, peroraram as "mudanças necessárias", exactamente no mesmo dia em que se sabe que a economia paroquial estagna, que a oficiosa Moody’s acaba de rever em baixa o rating português e que o Orçamento para 2011 está no confessionário da União Nacional. Entretanto, desabrigado dessas desditas, o sr. dos Passos Coelho faz o roteiro da revisão constitucional e do seu próximo assalto ao Estado. Na ocasião os comentadores (próximos penduras da governação) afinaram, chorando em uníssono, a necessidade de um gabinete de União Nacional, num cenário que vai do sr. Salgado do BES ao inconfundível intelectual Manuel Pinho. As bodas governativas do sr. Passos Coelho são uma canseira, de ir às lágrimas! Ó Teixeira, dá-me a gravata!