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quarta-feira, 2 de julho de 2003

JOSE LAMEGO, O VIGILANTE DAS CIMENTEIRAS


Lamego ontem refutava os actos belicistas no Iraque. Hoje a mando da Secil corre alegremente para lá. Lamego quer ser o primeiro. Eis os últimos suspiros de um velho revolucionário a caminho da velhice. Não pode, o camarada Lamego, sacar das medalhas da sua luta contra o Estado Novo, exibindo o curriculum de ter sido barbaramente agredido nas cadeias da Pide se agora num perfeito golpe de rins, vacila no que é mais sagrado no Homem - ter espinha vertical. Lamego, manifestamente, não tem. A mando das Empresas da Construção Civil, o ex-maoista e actual socialista perdeu por fim o pudor. Afinal, a caminho da velhice, o vil metal está primeiro que a honra e a ética.

Começa a ser preocupante o papel que um conjunto de jovens oriundos da extrema-esquerda, versão maoista, começam a ter na política caseira e internacional. E acompanhar o seus percursos é lembrar o tempo, a lembrança. Não bastava o José Manuel Fernandes (travestido de mestre escola liberal), o João Carlos Espada (mais soft porque a vergonha persiste), o próprio José Pacheco Pereira (nas suas análises de política internacional - que na política lusitana desmarca-se quase sempre - embora se lhe reconheça algum fair play e inteligência política e cultural), o Pedro Baptista convertido agora em simples amador de futebol, versão Pinto-costista, o Henrique Monteiro a colunar expressivamente em defesa da nova pátria do tio Bush, o Vilaça agora literato e fazedor de canções, e muitos mais.

Eis pois um trabalho interessante, a fazer pelo nosso Estudos sobre o Comunismo, sobre a chefia e o percurso individual dos principais dirigentes dos vários movimentos à esquerda do PCP, antes e depois de Abril - desde os troskystas Lambertistas ou Pablistas, ou versões mais familiares, toda a tribo maoista que, dos URML, UCPML, UCMLP, OCMLP, PCPml (em todas as suas versões), O Bolchevista, a ORPCml, MRPP, ... - que contribuíram, de facto, para um Portugal melhor mas ao mesmo tempo instalaram a perplexidade nos tempos de hoje. Porque não acredito que o mundo tenha mudado e os intervenientes restassem na mesma posição. Como quer fazer passar o JPP quando diz que (ele, JPP) não mudou nada, mas sim o mundo. Suspeito que é mais, aquilo que diz Herberto Hélder - As palavras não fazem o homem compreender / é preciso fazer-se homem para compreender as palavras.