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sexta-feira, 27 de março de 2015

ATÉ SEMPRE DR. AMÉRICO CASEIRO [1947-2015]


Até Sempre Américo Caseiro [n. 27 Maio 1947 - m. 26 Março de 2015]

Só morremos de nós mesmos” [Herberto Helder]

Américo Caseiro partiu, ainda o sol não mostrava o brilho dos raios. Deixou-nos o tesouro da palavra, os nomes e rostos da claríssima luz, a ternura do tempo e da noite sem fim, o prazer e a rebelião da viagem, a lealdade fraternal, a requintada oferenda do “discurso do acordar e do adormecer” [A.C.]. Ele, que amou e viveu a vida, com radiante paixão, partiu (avançou) no seu próprio jogo. Pôs-se a caminho para urdir a sua própria sombra. E deixou-nos no nosso trivial remanso.

À sua esposa, Mariana Alface, à sua estimada família e a todos os amigos, o nosso pesar.

Ao Américo a eterna Saudade … e até Sempre!

Nota: o seu funeral segue hoje de Coimbra para o Crematório da Figueira da Foz, onde deverá chegar antes das 18 horas, desta sexta-feira.

Américo José Lopes Caseiro nasceu a 27 de Maio de 1947, na cidade de Coimbra, lugar que amava como poucos. Era filho de Adriano Maria Caseiro, escrivão e solicitador em Ansião e de Fernanda Godinho Lopes Caseiro.

Cresci, único homem (o meu pai so chegava à noite), no seio de seis mulheres, a minha irmã muito conta como tal, e este facto traz as mais agradáveis consequências - a maior relevância para o meu pai, homem belo de 120 quilos, de humor afável e irritável, terno, dócil, violento, brutal incontestável - o meu ideal de beleza era ter 120 quilos e sentir-me belo e sedutor como em muitos dias reparei que se via” [cf. Américo J. L. Caseiro, Curriculum Vitae, 1982].

Fez a escola primária em Avelar, depois estudou no colégio de Ansião (onde frequentou brilhantemente a Biblioteca Itinerante da Gulbenkian e ali conheceu o Maia Alcoforado, “poeta, revolucionário civil”, republicano de têmpera, combatente contra a ditadura), passando depois para Coimbra para fazer o “complementar dos liceus

Em Coimbra, moço arribado ao liceu D. João III, conhece o “velho Gomes Jacobino” que lhe revela o caminho da biblioteca (vício nunca abandonado), encontra e percorre Freud e Nietzsche, deslumbra-se com Marx & Engels, invoca Camus, aparece-lhe Sartre. O coração alumia-se. Entra em 1964 para a Faculdade de Medicina da U.C. Três anos depois tem o seu primeiro casamento, de que resulta um filho encantador. Na candura de uma vida de estudo, de tentações de espelho e outros rendez-vous, foi “incapaz de passar os Arcos do Jardim” e “subir acima da Almedina”: quatro anos de “dedicação exclusiva do prazer doutras matérias” (o “sítio do pica-pau amarelo”). Licencia-se aos 27 anos. De permeio esteve “em todas as lutas de estudantes e nas outras”, ali, vertical, com o Alfredo Misarela, o Joaquim Namorado, o Orlando de Carvalho, Lousã Henriques, outros mais.  
 
 
  

O acordar da noite ensinou-o a gostar de Resnais, Fellini, Bergman & tantos outros (o dr. Orlando adornava o alvoroço), enfaixa-se em Lacan em seminários no café Tropical e na Brasileira, Levi-straussa na baixinha em passeatas peripatéticas. A vontade de saber escorre-lhe interminavelmente. Foucault ilumina-o, tal como o vinho e o tabaco com que teorizava e vigiava. Althusser identifica-lhe os “órfãos teóricos” (os do sem pai teórico). Deuleuze & Guattari, empresta-lhe o inevitável. A psiquiatria – que pratica, usa e abusa - é para ele como a escrita de Leonardo, “para ser lida ao espelho” [A.C.]. Esteve no serviço médico à periferia (Soure, Manteigas), transita para a Clínica Psiquiátrica dos HUC (1979), faz-se exímio na profissão, (re)constrói o (im)possível. Com inquietação, mas solidamente.

O dr. Américo Caseiro, “o passáro sarapintado”, era um eterno apaixonado. Da literatura (Joyce, Thomas Mann, Dostoievski, os clássicos sempre presentes, com pontualidade e zelo), da música (que não aprendeu com “grande arrependimento e mágoa"), do cinema e teatro, tudo o movia, sempre numa respiração insubordinada, que a outros transmitia. Das suas últimas paixões deve-se referir o seu aprofundado estudo e apontamentos sobre o “Cão de Parar”, espaço de “conversação e do elogio do cão”, por nós (re)escrito a partir da narrativa assombrosa e encantadora do Mestre Caseiro.            

O “pássaro sarapintado” morreu porque muito amou.

Na madrugada de 26 de Março de 2015, com toda a serenidade.

Até sempre, dr. Américo Caseiro.

[José Manuel Martins - publicado também no Almanaque Republicano e no Cão de Parar]

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

COOPERATIVA BONIFRATES - 30 ANOS


30 ANOS DA COOPERATIVA BONIFRATES

A Bonifrates, guarita de vozes em lábios cânticos, vive há 30 anos. Essa "Casa", que se estende pelos tempos de Coimbra, foi uma aventura de bem amar o Teatro, uma lição de cumplicidade de corpos & afectos, um movimento de reinventar a arte, um exercício de respiração doce e livre. Na luz da cidade de Coimbra, os 30 anos de caminho da Bonifrates foram sempre essa arte de desmitificação do real, inteligente e criadora, nesse sonho de respiração colectiva ou arte de representar. 30 anos de narrativas, de inquietudes poéticas, de exercícios sacros. Exemplares!

Á Cooperativa Bonifrates muitas felicitações. Ao João Maria André, Rui Damasceno, João & Cristina Janicas, à Xana (Silva), ao Fernando Taborda, entre outros, a nossa gratidão.

ESTILHAÇOS - 29 de Janeiro 2010, 22 horas, Cine-Teatro de Condeixa

terça-feira, 1 de julho de 2008


GENIO DE COIMBRA (a)

A doçura dos ares, a serenidade dos ceos, e a fertelidade do sólo, fazem de Coimbra uma terra de delicias. Os seus campos sempre vestidos de verdura, e povoados de laranjeiras, loiros e oliveiras, que nunca largão a folha, parecem respirar uma eterna primavera.

É verdade, que ás vezes é tão rigoroso o Inverno, que parece ser o mesmo o clima de Coimbra. Um frio, como o da Russia, deixa por muito tempo nas fontes e poços das ruas as aguas geladas.(...)

Tambem são mui frequentes no verão os suffocativos suões. O sol nestes dias, quando se levanta, vem sempre coberto de vapores sanguineos. Dentro das montanhas visinhas sáe, como da boca de um forno, um bafo, que abraza e suffoca. (...)

Os habitantes de Coimbra gozão de um temperamento sanguineo. O canto e os risos são o seu estado ordinário. (...)

Nunca vi um povo mais curioso. Não levantão uma chaminé, em que não gravem a era da sua erecção. Nota-se isto em todos os edificios da cidade, grandes e pequenos. Se os povos da Grecia e Roma tivessem sido tão desvelados em transmitir á posteridade a épocha das suas façanhas, não darião tanto que fazer aos antiquarios modernos.


(a) Entendo por Genio de Coimbra a temperatura do clima, e indole dos habitantes.

[in CORTE-REAL, António Moniz Barreto (1831), Bellezas de Coimbra, Coimbra: Real Imprensa da Universidade, p.24-28]

Anotação de Coimbra, enviada via mail por J.R.. Com os agradecimentos aqui do Valle do Mondego, com mar ao fundo. Graças.

domingo, 17 de fevereiro de 2008


Em Coimbra ...

Os Amigos da Cultura - Debate público - dia 20, Teatro Gil Vicente, 17 horas

segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XIX)



* Loja Pátria e Caridade (1852) - O Conimbricense refere que "depois de estabelecida a Sociedade de Instrução dos Operários, lutava esta por falta de meios para sustentar as aulas nocturnas". Assim, entenderam alguns dos fundadores da Sociedade, criar uma Loja Maçónica com o fim de conseguir meios para tal fim. Nos primeiros dias de Outubro de 1852, chega a Coimbra o académico Francisco das Neves Castanheira (Ir. Fuas Roupinho) com a necessária autorização para a fundação da Loja. Após uma reunião inicial numa casa da Rua do Poço, reuniram-se numa casa da Rua dos Grilos, pegada com o Jardim do Colégio de Santa Rita, e onde habitava o académico José Affonso Coelho, a Loja Pátria e Caridade. Dado a adesão verificada teve-se que mudar as instalações para o Colégio da Trindade. Pertenciam à Loja, na qual era Ven. Fillpipe de Quental, Francisco das Neves Castanheira, Manoel José da Fonseca (Ir. Robespierre), José Affonso Botelho, Henrique de Castro, Carlos Pacheco Bettencourt (Ir. Lafayette), José Bernardes Galinha, Augusto Pinto Tavares, Manoel Ignacio do Canto Ramos, António José da Silva Poiares, Joaquim Rodrigues de Andrade (Ir. Annibal), José Joaquim Ferreira, João de Brito Furtado de Mendonça, Amaro Affonso de Moura, Padre João Manoel Cardoso e Nápoles (Ir. Bailly), Joaquim Martins de Carvalho (Ir. Lamartine), Padre Luiz Caetano Lobo, etc. Deixou de se reunir depois de Junho de 1853. [in, Conimbricense, 1905]

* Associação Agrícola dos Campos de Coimbra (1853) [ibidem]

* Sociedade dos Operários do Theatro da Graça (1853) [ibidem]

* Choça Kossut (1853) - O Conimbricense refere que, de novo sob os auspícios do Padre António de Jesus da Costa, foi de novo organizado a Carbonária na cidade de Coimbra. Assim, em 1853 funcionava uma Choça com o título Kossut, de que foi eleito presidente Abílio Roque de Sá Barreto. Mas foi breve a sua existência e não teve seguimento. [ibidem]

quinta-feira, 15 de janeiro de 2004

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XVIII)


* Conselho dos 5 (1851) - O Conimbricense refere que foi formado por cinco estudantes, que tinham uma "espécie de governo de Coimbra", tendo a seu cargo a concessão de "diversas mercês civis e eclesiásticas". A sede era no Largo de Sansão (Praça 8 de Maio), em casa do sr. Francisco Martins da Rocha [in, Conimbricense, 1905]

* Sociedade de Instrucção dos Operários (1851) – Realizou-se a 4 de Outubro de 1851 a primeira reunião, sendo “nomeada uma mesa provisória assim composta: Presidente, Joaquim Martins de Carvalho; secretários, Carlos Ramiro Coutinho e Filippe de Quental; tesoureiro, Domingos Sebastião Sanches". [ibidem]

* Sociedade Gymnastica (1852) [ibidem]

* Sociedade para o Melhoramento dos Banhos do Luso (1852) [ibidem]

segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XVII)


* Sociedade Secreta S. Miguel da Ala (1851) - O Conimbricense refere que foi Joaquim Martins de Carvalho que "deu notícia desta sociedade, de que era Grão-Mestre El-Rei o Sr. D. Miguel, publicando os Estatutos, muitas noticias e vários documentos, o que na altura causou extraordinária sensação, quer na opinião pública quer no seio dos iniciados no segredo, ao serem assim publicamente denunciados".

A Sociedade S. Miguel da Ala propunha "promover por todos os modos a restauração do governo de El-rei o Senhor D. Miguel I". Rodrigo de Sousa Tudella (G.C. Fagilde), foi o encarregado de organizar os elementos revolucionários nos distritos de Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda e Castelo Branco, e "fazer a divisão territorial, para o Governo oculto da sociedade, composta de Governos Civis, Capítulos, nos quais posteriormente se organizaram Colégios". Do Governo Civil de Coimbra faziam parte os Capítulos 1º (comarcas da Figueira e Cantanhede), Capítulo 2º (comarcas de Soure e Lousã) e Capítulo 3º (comarca de Coimbra). Diga-se que em Coimbra havia dois Colégios sendo um exclusivamente académico. Quando acabavam a sua formatura, os seus elementos passavam para outro colégio que não aceitava estudantes.

Rezava assim os seus estatutos: art 1º - A ordem é essencialmente secreta, militante e politica; art. 2º - Tem por fim defender a religião católica apostólica romana; restaurar a legitimidade portuguesa; manter ilesa a integridade do território da nação; promover a união de todos os portugueses numa só família; ... O Colégio académico citado, era o do Bairro Alto, instalado no dia 22 de Fevereiro de 1851, assistindo à reunião Luís de Vasconcelos Azevedo e Silva Carvajal (Mem Rodrigues), António Tavares da Cunha Soares de Abreu (Afonso de Albuquerque), António Bernardino de Menezes (Massillon), João de Albuquerque Amaral Cardoso (Martim de Freitas), Luís Ribeiro de Souto Maior e Vasconcelos (Egas Moniz), Luiz Cândido de Figueiredo Oudinot e Gouveia (D. Nuno Alvares Pereira), José d'Araújo Cabral Montez de Champalimaud (D. Diniz), entre os mais. Além desse Colégio, existia outro, o Colégio do Bairro Baixo de Coimbra, organizado só em 1852, onde foram iniciados Dr. Francisco Raymundo da Silva Pereira (advogado e Chefe do Colégio, em casa do qual se fazia as reuniões), João Marques Perdigão, Francisco de Sousa Pinto, etc. [in, Conimbricense, 1905]

* Sociedade Philantropica de Coimbra (1851) [ibidem]

* Sociedade Philarmonica de João Alves (1851) [ibidem]

domingo, 4 de janeiro de 2004

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XVI)


* Sociedade do Teatro da Graça (1849) [in, Conimbricense, 1905]

* Sociedade Agrícola (1849) [ibidem]

* Companhia Agrícola e Comercial (1849) [ibidem]

* Sociedade de Beneficência da Typographia da Universidade (1849) - O Conimbricense refere que "só podiam fazer parte os operários e empregados da Imprensa da Universidade, sendo o iniciador o sr. José Pereira Júnior, antigo typographo" [ibidem]

* Sociedade Consoladora dos Aflitos (1849) [ibidem]

* Sociedade Philantropica Académica (1850) [ibidem]

* Monte-Pio Conimbricense (1851) - A 1 de Janeiro de 1851, por diligência de Joaquim Martins de Carvalho [ibidem]

domingo, 28 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XV)




* Choça 16 de Maio (1848) - O Conimbricense refere que "para comemorar a vitoria da revolução popular contra o Cabralismo", na cidade de Coimbra, reuniram-se frente ao Colégio Novo, na subida da Couraça dos Apóstolos, a Choça 16 de Maio. Era presidente, António Marciano de Azevedo (B. P. Sidney); 1º assist. Augusto Pinto Tavares, sendo Orad. Joaquim Martins de Carvalho. Uma reunião memorável foi feita ao cimo da Rua do Cego, com frente para a Calçada (hoje, Ferreira Borges), onde se discutiu, dando cumprimento às instruções da Alta Venda, qual a forma de governo que deveria ser adoptada em Portugal. Após debate intenso, ganhou a proposta de um Governo Republicano. No seguimento da perseguição ao local de reunião, a Polícia assaltou a casa, tendo a Choça se reorganizado sobre o título de Segredo, sendo seu presidente Joaquim Martins de Carvalho. [in, Conimbricense, 1905]

* Choça Fraternidade (1848) - Era seu Pres. Joaquim António de Freitas. As reuniões eram feitas nas casas do Correio Velho, Rua das Fangas (hoje, Fernandes Thomaz). De referir, que se transportou para o local um bilhar para encobrir as entradas dos seus membros. [ibidem]

* Choça Liberdade (1848) - O Pres. era José António dos Santos Neves Dória. Reuniam-se, alternadamente, com a Choça Fraternidade. [ibidem]

* Choça Segredo (1848) - Como se referiu, após a descoberta da Choça 16 de Maio, houve a reorganização da Choça para Segredo, sendo feitas as reuniões no edifício do antigo Convento de Santo Amaro dos Olivais, aproveitando as tardes de Domingo, a pretexto de passeio. Uma vez, reuniram-se no coro da Igreja de Santo António dos Olivais, dado ter a chave o dr. António José Rodrigues Vidal, e quase eram surpreendidos em plena reunião por José Joaquim da Rocha, que ia levar alguns homens a visitar a Igreja. [ibidem]

sábado, 27 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XIV)


* Alta Venda (1848) - O Conimbricense (18 de Julho de 1905) refere que "o General Joaquim Pereira Marinho, tendo recebido do estrangeiro autorização para poder estabelecer a Carbonária em Portugal, delegou poderes, em relação a Coimbra, no sr. Padre António de Jesus Maria da Costa (B. P. Ganganelli), para poder levantar choças em toda a parte onde julgasse conveniente regularizá-las, dirigi-las, uniformizá-las e relacioná-las entre si". Segundo os Estatutos da Carbonária Lusitana, existia três Câmaras: Alta Venda (Vendicta Coinimbricense), Barracas e Choças. O artgº 1º dos Estatutos rezava assim: «A Sociedade Carbonária é uma Ordem philantrophica, que tem por fim manter a verdadeira liberdade do paiz e o socorro mutuo dos seus consócios».

Em Coimbra, a 29 de Maio de 1848, deu-se inicio à Carbonária Lusitana, sendo eleito Sup. Cons. da Alta Venda, o referido Padre António Maria da Costa. A sua primeira reunião foi na Rua da Ilha. Além da Alta Venda, instalaram-se as Barracas: Egualdade e União; e as Choças, 16 de Maio (depois Segredo) e Fraternidade e Liberdade. Alguns dos carbonários iniciados foram, entre muitos: Abílio de Sá Roque (Robespierre), Adelino António das Neves e Mello (Napoleão), dr. António José Rodrigues Vidal (Odorico), dr. António Luiz de Sousa H. Secco (Cicoso), António Marciano de Azevedo (Sidney), Cassiano Tavares Cabral (Nuno Alvares Pereira), dr. Francisco Fernandes da Costa (Timon 2), João Gaspar Coelho (Archimedes), dr. João Lopes de Moraes (Dupont), José António dos Santos Neves Dória (Huffland), José de Gouveia Lucena Almeida Beltrão (Lamartine), dr. Raymundo Venâncio Rodrigues (Washington), etc. Aconteceu que em Outubro de 1848, reuniu-se a Alta Venda, na Quinta de Coselhas do Padre Maria da Costa, para eleições, tendo sido eleito Sup. Cons. o dr. Francisco Fernandes da Costa. Sucede que ficando "despeitado" o Padre Maria da Costa, entendeu guardar o livro da matricula e todos os documentos relativos à Carbonária, apesar dos esforços feitos para a entrega dos documentos, pelo que foi riscado do quadro da Ordem. Pelo que diz o Conimbricense, chegou a contar a Carbonária à volta de 500 membros, quase todos armados, dado até uma das condições de adesão à Ordem, ser "possuir os carbonários ocultamente uma arma com competente cadastro". [in, Conimbricense, 1905]

* Barraca Egualdade (1848) - Tinha por presidente o dr. António Rodrigues Vidal; secretário Joaquim Martins de Carvalho (B. P. Ledru Rollin) e por tesoureiro, o dr. José Gomes Ribeiro. A legenda desta Barraca era: Eripuit coelo fulmen sceptrumque tyrannus. Reuniam-se em diferentes locais e até uma noite se fez a reunião no Jardim Botânico, na casa da aula de Botânica, pegada à Estufa. [ibidem]

* Barraca União (1848) - Subordinada à Alta Venda, era presidida por Abílio Roque de Sá Barreto. [ibidem]

domingo, 21 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XIII)


* Loja Philadelphia (1844) - O Conimbricense refere que a partir da revolução de 8 de Março de 1844, houve perseguição feroz contra ao mentores do partido progressista. Este partido entendeu criar um jornal para reagir às "prepotência da autoridade", tendo sido estabelecida a respectiva imprensa na Rua de Coruche, hoje Visconde da Luz, no edifício da Misericórdia, e a publicação saiu a 9 de Julho. Ora, em Junho estava instalada no mesmo edifício a Loja Philadelphia, de onde provinha a direcção do jornal. Coube a José de Castro Freire a incumbência de instalar a Loja em Coimbra. Pertenciam à Loja Maçónica, entre muitos, o Venerável, Dr. Agostinho de Moraes Pinto de Almeida (Ir. Sócrates), António José Duarte Nazareth (Ir. Camillo Desmoulins), Dr. António Luiz de Sousa Henriques Secco (Ir. Viriato), António Augusto Teixeira de Vasconcellos (Ir. O’Connell) e que era o orador, Padre António de Jesus Maria da Costa (Ir. Sieyés) como tesoureiro, Francisco Henriques de Sousa Secco (Ir. Giraldo), José Maria Dias Videira, Manoel Joaquim de Quintella Emauz, Dr. Joaquim Augusto Simões de Carvalho (Ir. Danton), Dr. Joaquim Júlio Pereira de Carvalho (Ir. Condorcet), Dr. José Teixeira de Queiroz (Ir. Aristides), Luiz Parada da Silva Leitão, José Henriques Secco de Sousa e Albuquerque (Ir. Diógenes), J. F. Mendonça Castello Branco (Ir. Washington), Abílio Roque de Sá Barreto (Ir. Lafayette), etc. Refira-se que o jornal se publicou até 24 de Setembro, dia em que foi suspenso pelas autoridades, tendo-se mudado para outra casa e sido retirados os objectos da Loja, levando-os para a Quinta que o Padre António de Jesus Maria da Costa tinha em Coselhas. As reuniões da Loja faziam-se em casa do Padre António, em Coimbra, na Calçada, hoje Rua Ferreira Borges, com entrada pelo Arco de Almedina. [in, Conimbricense, 1905]

* Associação Nova Especulação (1845) [ibidem]

* Sociedade do Theatro do Pateo da Inquisição (1846) [ibidem]

* Sociedade do Theatro da Rua do Norte (1847) [ibidem]

* Assembleia Académica de Coimbra (1848) – Antes Assembleia Philarmónica de Coimbra [ibidem]

* Assembleia Philarmónica de Coimbra (1848) – Pequeno teatro na Rua do Norte, pertencente ao Cabido. Como o espaço era demasiado pequeno, fundou-se outro no celeiro do mesmo Cabido à Sé Velha. Mais tarde conseguiram obter o espaço da Igreja de S. Cristóvão. [ibidem]

sábado, 20 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XII)


 
* Loja Segredo (1843) - O Conimbricense refere, que no ano lectivo de 1983/84, Luiz Carlos Pereira, estudante do 3º ano de Direito, fundou em Coimbra, uma Loja Maçónica, a que foi dado o nome de Segredo e de que ele foi Venerável. As reuniões faziam-se na primeira casa no princípio da Rua das Fangas, depois Fernandes Thomaz. A Loja estava arredada completamente da política e funcionava como apoio a estudantes e pessoas "que se achassem desvalidas". Quase todos os Ir. eram académicos, e habitantes da cidade eram apenas três. O litografo Luiz Augusto de Parada e Silva Leitão, foi quem abriu o selo da Loja e quem litografou em cetim branco os diplomas dos Ir.. A revolução de 8 de Março de 1844 fez terminar a Loja. [in, Conimbricense, 1905]


* Sociedade de Alegre Viver (1844) – Foi fundada por quatro rapazes, todos estudantes: António Fernandes Thomaz (direito), Jacintho Alberto Pereira de Carvalho (medecina), José Adolpho Trony (direito e lente, posteriormente), José Maurício de Carvalho (direito e teologia), Ricardo José Pimentel Baptista, José Ildefonso Pereira Carvalho, Daniel da Veiga Saraiva e Augusto Ernesto de Castilho e Mello. [ibidem]

* Assemblea Philarmonica de Coimbra (1844) [ibidem]

* Caixa Económica de Coimbra (1844) [ibidem]

sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XI)



* Loja Restauração (1842) - O Conimbricense refere, que posteriormente à restauração da Carta Constitucional, em 27 de Janeiro de 1842, a maçonaria em Coimbra representante do partido Cartista, "viu-se triunfante, tendo por si o apoio do governo". Ora o administrador geral do distrito, José Maria Cardoso Castello Branco foi substituído pelo Visconde da Graciosa, e posteriormente, por decreto de 8 de Outubro, foi nomeado Governador Civil, António de Oliveira Lopes Branco.

Diz o Conimbricense que uma das coisas que teve em vista foi reorganizar a maçonaria na cidade e em todo o distrito, lançando mão nos elementos da Loja maçónica do Arco da Almedina, fundando uma outra. Assim, foi na casa onde outrora foi refeitório dos frades (no Claustro do Pilar) de Santa Cruz que se estabeleceu a Loja Restauração, nº 27 ao Or. de Coimbra. Pertenciam um grande número de pessoas, não só da cidade, mas quase todos os administradores do concelho e do distrito, párocos e regedores. É referido uma ocasião onde foi iniciado um "cavalheiro do concelho de Anadia", em que estava presentes 150 Ir., vindos dos diferentes concelhos, seguido de um "magnifico banquete". C

Como Lopes Branco foi eleito deputado, pelo colégio eleitoral do Douro, ficou Venerável da Loja, José António de Amorim. Curiosamente, o deputado Lopes Branco tendo passado da maioria para a oposição, dirigiu de Lisboa para Coimbra, e à Loja Restauração, uma prancha com "o fim de a fazer passar para a oposição". Após reunião, a Loja deliberou que como Lopes Branco não a tinha consultado para passar para a oposição, esta não se obrigava a segui-lo na sua carreira política. Depois da remessa da prancha da Loja para Lopes Branco, este aparece em Coimbra anunciando a necessidade de convocação da Loja. Sabedores de tal facto, vários elementos da Loja dirigiram-se à casa da Loja, desmancharam tudo e fizeram "abater colunas", impossibilitando Lopes Branco de fazer a projectada reunião. Desde então a Loja nunca mais funcionou. [in, Conimbricense, 1905]

* Sociedade de Socorros Mútuos (1843) [ibidem]

* Sociedade Philarmonica Conimbricense (1843) [ibidem]

domingo, 14 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (X)


Associações de Coimbra (X)

Loja Maçónica Cartista (1837) - O Conimbricense refere que "Quinta de Revelles, que pertencera ao Mosteiro de Santa Cruz foi estabelecida no ano de 1837 a Loja Maçónica Cartista", cujo Venerável era o dr. Vicente Ferrer Netto Paiva, tendo permanecido nesse local até 1939. Passaram a fazer as reuniões no Colégio dos Militares, onde antes funcionava a Loja Urbonia. Tinha três entradas, a porta principal, a de um beco próximo e a que "faz frente para o Colégio de S. Bento". Esta última, era a preferida, dado não terem vizinhos. Parece que numa ocasião, quando José da Silva Carvalho veio a Coimbra presidiu a uma reunião. De outro modo, foi nesta Loja iniciado o académico e oficial da Secretaria do Reino, José Joaquim Coelho de Campos. Passou a Loja, do Colégio dos Militares para o Arco de Almedina em Julho de 1840. "Abateu colunas" em 1841, mas posteriormente, quando o partido Cartista subiu ao poder, o Governador Civil Lopes Branco, alguns dos seus elementos fundaram a Loja Maçónica Restauração nº 27. [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade de Theatro da Rua do Corpo de Deus (1838) [ibidem]

Loja Audácia (1938) – "De 1838 a 1839 deu-se princípio em uma casa da Rua da Alegria a uma Loja, que tomou o nome de Audácia". Em 1840 mudou-se para a extremidade da Rua da Sofia, para o Colégio de S. Pedro, mais conhecido por Colégio das Borras, onde então morava o sr. João António Marques do Amaral Guerra. Regularizou-se a Loja debaixo dos auspícios do Gr. Or. Lusitano, de que era Gr. M. o Barão de Vila Nova de Foscôa.

No ano de 1843, o Gr. Or. Lusitano tinha debaixo da sua direcção: Loja Rectidão, Amizade, Amor da Pátria, Vigilância, Desterro (todas em Lisboa); Loja Audácia (em Coimbra); Loja Decisão (Faro); Loja 3 de Julho (Portalegre); Loja 21 de Julho (Elvas); Loja Lealdade (em Goa); Loja Luz Africana (em Luanda). Funcionou a Loja Audácia em Coimbra, até Março de 1844. [ibidem]

Nova Academia Dramática (1838) [ibidem]

Companhia Exploradora das Pedras Litographicas em Coimbra (1839) – "O académico José Victorino Damásio, 4º ano de Filosofia, fundou uma colecção de minerais unicamente para se exercitar na prática das regras de classificação" [ibidem]

Instituto Dramático da Nova Academia Dramática de Coimbra (1839) [ibidem]

sábado, 13 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (IX)


Sociedade do Theatro de S. Boaventura (1836) - O Conimbricense refere a sua existência no antigo refeitório do Colégio de S. Boaventura, na Sofia [in, Conimbricense, 1905]

Academia Dramática (1836) - Teve lugar, com a chegada a Coimbra de uma companhia de ginástica (dirigida por Mr. Henriot), a construção de um teatro no refeitório do extinto Mosteiro de Santa Cruz, "onde esta agora a Associação de Artistas" [ibidem]

República do Carmo (1837) - Eis como era designado um grupo de estudantes que residiam no Colégio do Carmo, Rua da Sofia, que se tornaram conhecidos pela sua perversidades, com inúmeros espancamentos e, mesmo, mortes que a eles foram assacados. Consta que eram demasiado temidos, sendo referido a história seguinte: quando passavam pelo Quartel da Graça, onde ficava o Batalhão de Caçadores 3, e a sentinela lhes perguntava, «quem está aí?», invariavelmente respondiam: «A República do Carmo». E logo a sentinela os deixava passar. [ibidem]

Associação ou Companhia para o Fornecimento publico de pão e carne em Coimbra (1837) - Foi apresentada a proposta por José António Rodrigues Trovão. [ibidem]

terça-feira, 9 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (VIII)


Sociedade do Theatro da Boavista (1829) - O Conimbricense diz, que "durante o governo de D. Miguel, houve representações na Quinta da Boavista, nos subúrbios da cidade, pertencente ao Sr. Manoel Barata de Lima Tovar". [in, Conimbricense, 1905]

Loja Maçónica Urbionia (1834) - Conta-se que depois da entrada do exército liberal em Coimbra (8 de Maio de 1834), o sub-prefeito da cidade foi José Narciso de Almeida e Amaral, sendo seu secretário D. João Corrêa de Portugal e Silveira, que frequentava o 4º ano de Leis. A secretaria foi estabelecida no Colégio dos Grilos. Ora, D. João de Portugal veio de Lisboa para Coimbra com a incumbência do Gr. Or. de fundar uma Loja. De facto, funcionou a Loja no Colégio do Carmo, Rua da Sofia, isto é numa "casa que tinha sido noviciado dos frades e que está na retaguarda do edifício junto à cerca". Foi aí que funcionou a G. Loja Prov. Urbionia, nº 100. Como curiosidade, refira-se que o venerável era D. João de Portugal (aluno do 4º ano de Leis) e um obreiro o próprio vice-reitor, dr. José Alexandre de Campos. Passou a Loja sucessivamente por vários locais, como: Colégio da Estrela; edifício velho das religiosas de Santa Clara; Colégio da Trindade; e a partir de 1836, chegaram-se a fazer reuniões da Loja nos próprios Paços da Universidade, na sala chamada do Docel, sendo venerável o vice-reitor dr. José Alexandre de Campos. [ibidem]

Sociedade do novo Theatro de Santa Cruz (1834) – Entre 1828 e 1834, a guerra civil fez cessar as representações na cidade. Depois da restauração do Governo Liberal, veio do Porto para Coimbra, em Outubro de 1834, a Companhia do actor Martins, e construiu-se um teatro nos baixos do antigo Mosteiro de Santa Cruz, junto da Igreja, lado Norte, sendo a entrada pelo adro da mesma igreja. [ibidem]

Assembleia Conimbricense (1834) – Destinada a um gabinete de leitura, a Associação Conimbricense mudou para Assembleia Conimbricense a partir de 1834, terminando em 1844 [ibidem]

Sociedade Conimbricense dos Amigos da Instrução (1834) – Tinha por fim promover a instrução na literatura, nas ciências e nas artes. [ibidem]

Sociedade de Beneficência para Asylos da Infância desvalida (1835) [ibidem]

segunda-feira, 24 de novembro de 2003

RAMALHO ORTIGÃO [1836-1915]



Ramalho Ortigão [1836-1915]

Nasce no Porto a 24 de Novembro de 1836

"O viajante sente ao entrar na Figueira [... da Foz], no tempo dos banhos, uma impressão semelhante à que se experimenta penetrando nos gerais da Universidade em dia lectivo. É a impressão do lente, do pedagogo, da aula. Tem-se uma espécie de terror mesclado de tédio. Há uma atmosfera especial de pedanteria, de rigor e de troça. Aspira-se vagamente o cheiro dos sapatos e das velhas batinas gordurosas na aula quente e fechada. A fisionomia dos doutores, de uma grave expressão enfática, guindada e oca, as cabeleiras dos estudantes aparatosamente penteadas, os ares dogmáticos de uns, misturados com os ares patuscos de outros, um tom geral de prelecção ou de desfrute, uma tonalidade especialmente afectada na pronunciação, um desgarre peculiar de gestos e maneiras, tais são as principais notas que caracterizam a população de Coimbra. (...)

Antigos estudantes reprovados, velhos cabulas incorrigíveis, de cabelos cheios de caspa, e a barba por fazer, o rosto macilento e sombrio, as unhas e os dentes sujos, os sapatos acalcanhados, passam chupando o cigarro e arrastando no macadam coberto de papeis rasgados a ponta da capa enodoada e rota. Os professores, habituados pela antiga organização da Universidade a exercerem sobre o aluno um poder quási ilimitado, afeitos à bajulação, à pusilanimidade, à subserviência dos escolares, caminham majestáticamente com a determinação imperiosa de quem mandará cortar a cabeça dos estrangeiros que se não ajoelhem na passagem deles e das suas famílias ..."

[Ramalho Ortigão, in As Praias de Portugal]

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (VII)



Sociedade de Theatro da Rua da Calçada (1824) - Era uma "sociedade de curiosos", que davam espectáculos num "prédio da Rua da Calçada", hoje Ferreira Borges. [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade do Theatro Trovão (1825) - "De 1825 para 1826, foi construído nas casas de José António Rodrigues Trovão, na extremidade da Rua Sargento-Mor, com frente também para o Caes, um dos melhores theatros particulares que houve na cidade". [ibidem]

Sociedade Philomatica de Coimbra (1827) - "Constituída por alunos de Sciencias Naturaes, foi fundada no mez de Maio de 1827". Tinha por objecto o estudo dos diferentes ramos das ciências naturais. [ibidem]

Sociedade do Theatro de Mont'Arroio (1828) - Em casa de José Pedro Velhoso [ibidem]

Sociedade dos Divodignos [Divodigus] ou Divodis (1828) - Era composta, na quase totalidade, por estudantes liberais - o seu presidente era Francisco Cesario Rodrigues Moacho -, e de onde saíram os estudantes que participaram nos assassinatos e ferimentos aos lentes e cónegos [Jeronymo Joaquim de Figueiredo e Mattheus de Sousa Coutinho, foram os lentes mortos], no dia 18 de Março de 1828, além de Condeixa [sítio do Cartaxinho]. Tinham as reuniões na Rua do Loureiro, em umas casas pequenas do lado esquerdo logo acima do Arco de D. Jacintha" [in, Apontamentos para a História Contemporânea, p. 93]. Tinham os Divodignos "uma constituição, uma lei orgânica, que prescrevia a obrigação de actos violentos, e nestes, até o assassinato" [cf. Alberto de Sousa Lamy, in A Academia de Coimbra 1537-1990]

Segundo um elemento pertencendo à sociedade [conta Joaquim Martins de Carvalho] faziam os Divodigus as assembleias num casarão quase subterrâneo, sito nos Palácios Confusos. Foi, aí, que se resolveu a trama de Condeixa, isto é, o cumprimento da deliberação de tirar do caminho de Lisboa os "membros das duas deputações " que levavam felicitações ao rei d. Miguel.

Assistiram a essa sessão dos Divodignos, 200 académicos liberais, tendo sido sorteados 13 deles para o cumprimento da missão. Segundo Joaquim Martins de Carvalho [op. cit], os membros dos Divodignos que "desfecharam as armas" foram: Delfino Antonio de Miranda e Mattos [de Barcelos], Bento Adjuto Soares Couceiro e Antonio Correia Megre.

Perante a descoberta ocasional do crime ocorreram populares e uma força de Cavalaria, que ali passava, pondo em debandada os Divodignos. Foram presos e enforcados [cf. Joaquim de Carvalho, op. cit, p. 96] nove deles [Bento Adjuto Soares Couceiro, Delfino Antonio de Miranda e Mattos, Antonio Correia Megre, Domingos Barata Delgado, Carlos Lidoro de Sousa Pinto Bandeira, Urbano de Figueiredo, Francisco do Amor Ferreira Rocha, Domingos Joaquim dos Reis e Manuel Inocêncio  de Araújo Mansilha]. Foram conduzidos para Lisboa e do processo resultou na sentença [muito contestada juridicamente] de morte por "enforcamento" no dia 20 de Junho de 1828, no "cais do Tejo, a Santa Apolónia" [cf. Lamy, op. cit].

Ainda segundo J. Martins de Carvalho evadiram-se os quatro restantes [diga-se que José Germano da Cunha, nos "Apontamentos para história do Concelho do Fundão" (Lisboa, 1892) diz-nos que foram enforcados 10 dos membros dos Divodignos e que escaparam 3, referindo: Bernardo Nunes, o padre Bernardo Antonio Ferreira e Francisco Sedano Bento de Mello], registando Martins de Carvalho os seguintes:

Antonio Maria das Neves Carneiro (do Fundão, e que acabou por ser enforcado em 1830), Francisco Sedano Bento de Mello (Caldas da Rainha), José Joaquim de Azevedo e Silva (Lisboa) e Manuel do Nascimento Serpa (falecido na Misericórdia de Lagos, com o nome de "Fresca Ribeira"- ver obra citada e, principalmente, o Capitulo XII, "Sentença  que condenou à morte os 9 estudantes enforcados a 20 de Junho de 1828"; do mesmo modo, consultar os "Grande Dramas Judiciários", de Sousa e Costa; idem para Oliveira Martins, in Portugal Contemporâneo, vol I.; ou Teófilo Braga, "História da Universidade de Coimbra", tomo IV; tb Camilo Castelo-Branco, in "O Retrato de Ricardina".

[texto com aditamentos vários]

domingo, 23 de novembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (VI)


Outra Loja Maçónica ao Arco de Almedina (1821) - "Vem citada nas «Memórias de Garrett», por Francisco Gomes de Amorim. É possível certa confusão com a anterior, mas como a casa citada por Amorim não é a mesma a que se refere Joaquim Martins de Carvalho (nos «Apontamentos para a História Contemporânea) ... Segundo Amorim: a citada associação, fundada ou ajudada a organizar por Garrett, era em casa de Jacques Orcel, livreiro ao Arco de Almedina". Corria que era a Loja da Carbonária [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade dos Amigos das Lettras (1821) - Patrocinada pelos irmãos Castilho, sendo presidente o pai, dr. José Feliciano de Castilho, lente da Faculdade de Medicina. Pertenciam Garrett, Joaquim António de Aguiar. Eram públicas as sessões. [ibidem]

Loja Maçónica da Rua do Norte (1823) - Estabelecida nas casas da Rua do Norte, onde morava o dr. António Nunes de Carvalho, que pertenciam à Imprensa da Universidade. Dela faziam parte muitos lentes e doutores. De referir que durante o Governo Constitucional de 1820/30, as sociedades secretas eram toleradas sem que sofressem as perseguições de tempos anteriores. Com a "queda do sistema liberal, no fim de Maio e principio de Junho de 1823, chegou a hora das provações dos liberais". Foi então em 1823 que se dissolveu a Loja Maçónica da Rua do Norte. "No dia 14 de Julho de 1823, pela meia-noite, Manoel do Rosário Curado, mestre alfaiate desta cidade, servindo de Juiz do Povo na ausência do efectivo, com o seu escrivão Bento dos Santos, mestre sapateiro, acompanhado de 60 a 80 homens do povo armados de diferentes armas, dirigiram-se às casas da Rua do Norte, em que morava o dr. António Nunes de Carvalho, e onde supunham que havia uma loja maçónica. Ali visitaram e examinaram miudamente todas as salas, quartos, varandas, lojas, móveis, roupas, papeis e livraria e nada encontraram" [ibidem]

Sociedade do Theatro do Pateo do Castilho (1824) - Sociedade dramática, de que faziam parte os filhos de Feliciano de Castilho, situada em casa do dr. Feliciano de Castilho, ao Arco de Almedina, no chamado Pateo do Castilho. [ibidem]