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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
BOAS FESTAS E ANO NOVO FRATERNO!
Faz da tua vida em frente à luz
Um lúcido terraço exacto e branco,
Docemente cortado
Pelo rio das noites.
Alheio o passo em tão perdida estrada
Vive, sem seres ele, o teu destino.
Inflexível assiste
À tua própria ausência.
Sophia de Mello Breyner, in Dual
terça-feira, 23 de junho de 2009
SOPHIA DE MELLO BREYNER - 5 ANOS DEPOIS
"Oiço a voz subir os últimos degraus
Oiço a palavra alada impessoal
Que reconheço por não ser já minha" [Sophia]
"O meu pai [Francisco Sousa Tavares] participou na Revolta da Sé. E a minha mãe disse: "Hoje vamos fazer uma brincadeira muito engraçada". Era irem dormir para a cave de uma amiga. "Então a cave estava cheia de colchões, porque nessa noite ia rebentar a revolta e podiam ir a nossa casa à procura do meu pai. Vi o meu pai de uniforme! Os civis que aderiam também deviam estar de uniforme para entrarem nos quartéis. O meu pai era extraordinário. Era um cavaleiro andante. E a minha mãe era uma pasionária despertada por ele. 'Sou casada com o Dom Quixote', escreveu ela ao Jorge de Sena. E a Luísa lá na cave: 'Ó menina, os seus pais são doidos varridos. O que é que a gente está aqui a fazer?"
"As imagens eram próximas
Como coladas sobre os olhos
O que nos dava um rosto justo e liso
Os gestos circulavam sem choque nem ruído
As estrelas eram maduras como frutos
E os homens eram bons sem dar por isso" [Sophia, Granja, 31 Agosto 1943]
"De repente ouvia-se uma voz: Onde está a Sophia? Não havia Sophia, mas o ar era fresco como se atravessássemos uma alameda de tílias." [Eugénio de Andrade]
"Não há dúvida que os deuses gostam de si, pelo menos tanto como os mortais." [Miguel Torga]
in No Mundo de Sophia, jornal Público, P2, 21 de Junho 2009
sábado, 8 de março de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2003
MUITOS PARABÉNS SOPHIA!
MUITOS PARABÉNS Sophia!
n. Sophia de Mello Breyner [Porto, 6 de Novembro de 1919]
Sophia é poetisa. Sem desesperos nem maldições. Fiel de Amor, Sophia canta o mundo dos deuses entre o quotidiano dos homens. A sua força telúrica está no encantamento e no mistério que só as mulheres o sabem merecer. Sophia é sabedoria. Canto materno, desejo intenso, corpo trabalhado. Sophia sussurra em antiquíssimo cantar até se perder no reino dos homens. E ... nós com ela.
"........
Sofia vai de ida e de volta (e a usina);
ela desfaz-faz e faz-desfaz mais acima,
e usando apenas (sem turbinas, vácuos)
algarves de sol e mar serpentinas.
Sofia faz-refaz, e subindo ao cristal,
em cristais (os dela, de luz marinha)" [João Cabral de Melo Neto]
"Faz da tua vida em frente à luz
Um lúcido terraço exacto e branco
Docemente cortado
Pelo rio das noites
Alheio o passo em tão perdida estrada
Vive, sem seres ele, o teu destino.
Inflexível assiste
À tua própria ausência." [SMB, inDual]
"... Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso. E se a minha poesia, tendo partido do ar, do amor e da luz, evoluiu, evoluiu sempre dentro dessa busca atenta. Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o fenómeno quer ver todo o fenómeno. É apenas uma questão de atenção, de sequência e de rigor..." [SMB, in Arte Poética]
"Ia e vinha
E a cada coisa perguntava
Que nome tinha" [SMB, in Coral, 1950]
"Perfeito é não quebrar
A imaginária linha
Exacta é a recusa
E puro é o nojo" [SMB, in Mar Novo, 1958]
"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo" [SMB, 25 de Abril]
domingo, 14 de setembro de 2003
O MAR
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