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segunda-feira, 2 de junho de 2003

EREIRA DE AFONSO DUARTE

Gosto de passar em Ereira e lá ficar, imaginando as velhas 'casas foreiras', as águas do Mondego cercando-a, milharais sem fim, a casa do Torreão, o deambular de mestre João de Ruão nas suas ruelas, a luz das fogueiras para a navegação lá ao fundo, o sabor a sal, a poesia em todo o lado.

Pátria de Afonso Duarte, poeta que como diz Jorge de Sena «atravessou saudosistas, esótericos, modernistas, presencistas e Novo Cancionairo, depois de já ter atravessado António Nobre e Guerra Junqueiro». Mas, principalmente, o «poeta do amor e da liberdade», como só a Ereira nos podia oferecer.

Soneto da Ereira

Exaltam-me a cegonha e pato bravo.
Só não posso com estas codonizes
Com ironias, tontas de repizes,
- Paspalhão, paspalhão! - enquanto cavo.

Meu mundo é outro, queres dizê-lo? Dizes?
Eu bem sei, paspalhão! - Ao fim e ao cabo,
- Príncipe que fugiu a ser escravo -
Não me dão outro, bons pardais felizes.

[Afonso Duarte]