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sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

ANTIQUÍSSIMO CANTAR


"Lustra o Sol o arnês, a lança, a espada.
Vão rinchando cavalos jaezados:
A canora trombeta embandeirada
" [Camões]

"A cúspide e pedra de toque da civilização nossa é o Encoberto
O Encoberto é, precisamente, o que reverbera, anseia e deseja a Saudade.
Saudade é a expressão ferida e diferida do Amor Ilhano profundo e altaneiro que é o timbre do Espírito Lusíada.
Do Espírito Lusíada provém a nação lusitana, a nação do povo da Luz e a sua demanda. Dela emerge a pátria portuguesa (...)

É já amanhã o que ouvides ... há o que vela o que revela e a caravela do Ser. Estamos em Portugal.

[Francisco Palma Dias, in Treze Castelos da Portuguesia num Repente, revista Ultra nº1, 1983]

quinta-feira, 28 de agosto de 2003

[HÁ NOITES ASSIM]


Neste dia de tédio, a noite poderia ser enternecedora. Lembrava-me de Plotino, sempre razoável, que dizia:"todos os seres estão juntos se bem que cada qual permaneça separado". Podia ser verdade. Aos 27 minutos, César caiu na maldição e eu, supinamente embriagado, lancei-me a ler catálogos, repleto de saudades de antanho. No Bessa continuava a festa e a paixão por coisas simples que a libido vence, porque o gosto de olhar não cansa. Por cá o Jack Daniels, da minha satisfação, estava uma miséria. Cá em casa nunca ninguém de embebeda, todos ao mesmo tempo. Que lindo conto.

" ... Para o português, o coração é a medida de todas as coisas. Não temos tragédia mas história trágico-marítima. Os Lusíadas são o grande poema do mar. Os marinhos são filhos de sereia. Onde há movimento mais imóvel que as ondas a rolar nas areias de Portugal? Só nos empenhamos por simpatia. E salvamo-nos sempre pela extraordinária capacidade de improvisação: quando se aproxima a catástrofe, abrem-se-nos os olhos da razão ardente, à qual nos vergamos, então desenvolvemos, somos capazes de energia tanta e eficaz - a famosa investida lusitana sob a qual soçobrava tudo - que no vulgo escreve-se isso mesmo assim: milagre" [Francisco Palma Dias, in Via Latina, 1991]

segunda-feira, 9 de junho de 2003

CAMPOS DO MONDEGO


"Sem ordem nem desordem" [Eluard]

Voltar à saudade sebástica, ao antiquíssimo cantar nestes campos do Mondego, com mar ao fundo. Para escusar a fadiga relembremos António Telmo, Manuel Gandra, Agostinho da Silva, António Quadros, José Marinho, Leonardo Coimbra, e muitos muitos outros.

«Coexiste comigo muita gente
que vive comigo apenas porque
dura comigo
» F.P.

O salutar descanso nos doces campos do Mondego e o regresso sempre mais razoável, prudente e sensato. Longe vai o tempo de longas vigílias para fazer mandas aos profanos. Pascoaes, Sampaio Bruno o Encoberto(Telmo dixit), Sant’Ana Dionísio, Botelho, Álvaro Ribeiro, Dalila Pereira da Costa, e muitos muitos outros.

«A vida é tão brava
A alma tão vasta
Ai passa ao de leve
A soidade hausta

Choras e ris
Acoit’o bater
Duma flor de Liz
Neste Alvoracer

A Alva é de brôa
Seu colmo seu linho
Num búzio ressôa
Eterno menino

Luz que vem de estrêla
Estrêla desce à terra
Anuncia à bela
O viria qu’encerra

Senhora do Ó
Que estás em botão
Já trazes ao colo
A palma da mão.

[Francisco Palma Dias, Senhora do Ó]

Retomando a ventura de mestre Ferreira, o encadernador, folheio a Revista Leonardo, levada assim para fim de semana. Volta-se as paisagens como páginas. Refeito que foi o ânimo, estranho o discurso de alguns, concebidos no Integralismo bafiento, que na blogosfera fazem um exercício petulante e caprichoso, contra cavalheiros livres e incómodos, infames. O nevoeiro da Santa Liberdade é a má língua do passado. É o arrocho desbragado da vida. A pátria rumando contra Porto Graal. Aqui, professores mesmo que loquazes, não podem ensinar a voar sobre o abismo. Porque, afinal, ‘onde se está a viver, se se vive distante da vida?

Chega-se a Coimbra pelas terras do Mondego. Pedro e Inês. Morada esguia e perversa. A armadilha do caminho e do corpo. ‘A terra que pisas já não é a mesma em que o olhar se deitava antes de teres partido’. Há muitos, muitos anos.