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sábado, 13 de junho de 2009
O RESSAIBADO
"Ninguém tem mais peso que o seu canto" [Herberto Helder]
Leonel Moura (o "artista"), em texto de rara crueldade testicular, introduziu uma architectonicé avisada sobre o futuro da paróquia pós-eleitoral. Obedecendo a um rigoroso espectáculo paródico in adjecto e banalizando o discurso do seu maître à penser Augusto Santos Silva, o artista Leonel, numa elegia erótica irresistível considera que o "PCP, Bloco, PSD e CDS irão juntos formar o próximo governo de Portugal".
A emulação neo-modernista que deu ao seu ocioso pensamento, bem ao estylo da sacristia do sr. Sócrates, enclausurou-o na galeria dos vassalos não arrependidos da governação. O artista dos 45 "jardins portáteis" passou a sua bula projectual directamente do Jornal de Negócios – o seu "habitar poético" (Heidegger) – para a estreiteza dos muros do casebre do Largo do Rato. A guia de marcha (versão kitsch) dispôs de uma construtividade decorativa meta-artificial curiosa e dava um bom candeeiro para o pesiché da D. Câncio.
As obrinhas que o artista Leonel esfiapa nos jornais, os seus esquisses de engenharia social reaccionária e o seu tédio contra a "construção da aventura" [I.S., claro!] da dissidência (leia-se a sua vulgata contra os professores) ou a "circulação dos homens com base da vida autêntica" [Guy Debord], têm expertise à medida que as encomendas artísticas do poder lhe caem no regaço. O rendering exposto do sr. Leonel Moura tem apenas a utilidade (objecto de uso) que a mercadoria do regime prescreve. A sua obediência perinde ac cadaver pela Obra do Governo, robótica à parte, diz-nos que o abuso das políticas do sr. Sócrates não prejudica a saúde dos indígenas. O que Henrique Garcia Pereira dirá da matéria e método do sr. Leonel Moura é assunto para este "tempo consumível" de homens livres. Vamos esperar!
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