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terça-feira, 21 de outubro de 2003
XADREZ
No seu grave recanto, os jogadores
Deslocam os peões. O tabuleiro
Tem-nos até à alva no altaneiro
Âmbito em que se odeiam duas cores.
Dentro irradiam mágicos rigores
As formas: torre homérica, ligeiro
Cavalo, alta rainha, rei postreiro,
Oblíquo bispo e peões agressores.
Quando os jogadores se houverem ido,
Quando o tempo os tiver já consumido,
Nem por isso terá cessado o rito.
A leste se ateou uma tal guerra
Que hoje se propaga a toda a terra
Como o outro, este jogo é infinito.
[Jorge Luís Borges, in Poemas Escolhidos, Dom Quixote, Cadernos de Poesias, 1971]
LIVRO DE XADREZ: HISTÓRIA E BIBLIOGRAFIA
" «É um pensamento que não conduz a parte alguma, uma matemática que nada estabelece, uma arte que não lega qualquer obra, uma arquitectura sem matéria; e, apesar disso, o xadrez provou ser mais duradouro, à sua maneira, que os livros ou qualquer outro tipo de monumento. Este jogo singular pertence a todos os povos e a todas as épocas, e ninguém sabe dizer que divindade presenteou a Terra com ele para matar o tédio, aguçar o espírito e estimular a alma». São palavras de Stefan Zweig e que nos colocam perante um problema ainda não resolvido, e que porventura o não será nunca: o da origem do xadrez.
Tudo leva a crer que a sua origem milenar está associado à magia e a práticas invocatórias. O teósofo H. S. Olcott, referindo-se aos habitantes da Atlântida, o hipotético continente perdido, refere que eles preenchiam os seus ócios manipulando uns pequenos símbolos com funções diferenciadas, os quais ocupavam um lugar cabalístico com oito faculdades, que percorriam segundo determinadas normas. Júlio Ganzo, um grande escritor espanhol de temas escaquísticos, quer ver nesta passagem a alusão a um autêntico jogo de xadrez, naturalmente adaptado ao ocultismo ambiental da época. Seja como for, a crença mais generalizada é que o jogo-ciência tem a sua origem na Índia, num jogo (chaturanga) praticado com 32 peças sobre um tabuleiro de 64 casas e em que participam simultaneamente quatro jogadores, cada um dispondo de um rajá, um elefante, um cavalo, um barco e quatro peões (...)
Ainda que em numerosas obras da Antiguidade encontremos referências aos diversos jogos precursões do moderno xadrez, só com a Alta Idade Média nos aparecem aqueles a que poderemos chamar os primeiros livros dedicados a este jogo: «Libat Alshatraj» («Livro de Xadrez»), de Al'Adli, por volta de 800; «Coisas Elegantes acerca do Xadrez», de Abrasi, em 850; «Livro de Xadrez: Primeiro Trabalho e Segundo Trabalho», de Alculi, em 905. Devemo-los aos Árabes, que terão aprendido a jogar com os Persas (por sua vez iniciados pelos Indianos) e exerceram posteriormente a sua influência na Península Ibérica.
(...) o xadrez foi introduzido entre nós pelos árabes, sabe-se que durante a 1ª e a 2ª dinastia ele era aqui muito prezado. Ao acaso das crónicas, descobrimos que D. Martim Sanches (filho do Rei D. Sancho I) jogava o acedreche com a Rainha D. Mécia. Garcia de Resende revela-nos que D. João II o praticava em viagem. D. Manuel I mandou de presente ao Preste João uma tapeçaria em que figuravam dois homens e duas mulheres jogando xadrez.
Não é impunemente que alguns historiadores referem uma época em que «os maiores jogadores de xadrez eram portugueses e espanhóis, por ser a Ibérica a terra clássica desse recreio». E foi justamente na Península Ibérica que se iniciou, em finais do século XV, a transformação estrutural do xadrez que o levou à forma por que nós hoje o jogamos. A pedra de toque dessa transformação foi um livro publicado em 1497 em Salamanca: «Repetición de amores e arte de axedres com CL juegos de partido», de Juan Lucena. Em 1512, um português, o boticário Damião, edita em Roma o «Libro da Imparare giocare a Sachi». (...) por volta de meados do século XVI, assistimos à instauração do roque tal como o praticamos na actualidade e à publicação do «Libro de la invención liberal y arte del juego del Axedrez», de Ruy-López de Segura, considerado o criador da teoria do xadrez ... “
[O Livro de Xadrez, in Notícias do Livro, nº 1, Editorial de Notícias, Novembro de 1978. Director Maximino Gonçalves]
quinta-feira, 18 de setembro de 2003
MARCEL DUCHAMP E O XADREZ
"Todos os Xadrezistas são artistas" [MD]
"Nascido em 1987, em Blainville (França), Duchamp dedicou-se, a partir de 1908, a uma intensa actividade de renovação artística depois de um período de influência «Fauve» e Cubista, via Cézanne, entre 1907 e 1908, durante o qual pintou, precisamente neste último ano, a tela «Jogadores de Xadrez», revelando desde logo, o primeiro assomo das duas paixões que iriam pautar a sua vida: a Arte e o Xadrez. Retoma o tema, em 1911, com «Retrato de Jogadores de Xadrez», reflexo dos novos caminhos que irá percorrer, mas ainda dentro do Cubismo.
Em 1912, depois de aderir ao grupo inovador «Section d'Or», executou a pintura «Nu descendant un escalier», obra que marca a grande viragem estética que Duchamp representa no mundo da Arte. Ainda nesse ano o xadrez volta a surgir no seu trabalho «Le Roi et la Reine entourés de Nus vites», no qual se patenteia toda a dinâmica existente numa partida de xadrez à qual está ligado, permanentemente, um profundo sentido do belo, como o próprio artista afirmaria:
«A Beleza no xadrez está mais próxima do ideal da poesia; as peças do jogo são letras do alfabeto que exprimem pensamentos; e estes, embora traçando um desenho visível no tabuleiro, expressam a sua beleza de forma abstracta, como um poema»
No ano de 1916 todo o mundo artístico é convulsionado quando Duchamp, Tristan Tzara, Jean Arp, Francis Picabia e outros fundam o Movimento DaDa, que viria abrir caminho à eclosão, em 1921, do Surrealismo. (...) em 1923 Marcel Duchamp dedica-se, quase em exclusivo, ao xadrez, tornando-se mesmo profissional. Participa, a partir de então, em representação de França, nas Olimpíadas de Paris (1924), Haia (1928), Hamburgo (1930), Praga (1931) e Folkestone (1933). A bibliografia xadrezística ficou-lhe a dever duas obras nas quais o artista se confunde com o praticante de xadrez: o livro «Jeu de la Reine» e um trabalho intitulado «L'opposition et les cases conjuguées sont réconciliées». (...)
Assim toda a revolução levada a cabo nos primeiros anos do pós-guerra por Duchamp, pelos seus companheiros DaDa e, posteriormente, pelos surrealistas, encontra no Hipermodernismo a sua equivalente do xadrez.
Em 1920, Richard Reti, Julius Breyner, Alekhins e Boboljubow, utilizando uma metodologia inspirada nos princípios proclamados, em 1911, por Aron Nimzovitsch, inovam por completo o xadrez. (...)"
[Dagoberto L. Markl, A Arte e o Xadrez de Marcel Duchamp a Julius Breyer, in Revista Portuguesa de Xadrez, nº1 II Série, Abril de 1977]
Lugares: Marcel Duchamp / Histoire(s) D'Echecs - Marcel Duchamp/Idem / Gambitos e Penicos / Entrevista a M. D./
domingo, 14 de setembro de 2003
DAMIANO DE ODEMIRA
"Eis o nome de um farmacêutico que viveu nos séculos XV e XVI e que passou à Historia pelas suas inigualáveis aptidões no complicado jogo de xadrez, autor de um trabalho que ainda hoje é considerado em todo o mundo como um notável produto de uma inteligência absolutamente fora do vulgar.
Publicamos em seguida os apontamentos que sobre ele nos forneceu o nosso colega sr. Alberto Veiga, pae do digno Director da Biblioteca Nacional de Lisboa.
A primeira edição do seu notabilíssimo livrinho [QUESTO LIBRO E DA IMPARARE GIOCHARE A SCACHI ...], publicou-se em Roma, em 1512 (...)
O traductor francez C. Sanson afirma que no Manual do jogo de Xadrez de Arnous de Rivière se encontra a seguinte apreciação (...)
«Les six courts chapitres sur les débouts sont dignes du plus grande éloge, quoique selon tout probabilité ils ne soient pas entièrement originaux. Pendant longtemps le traité de Damiano fut considéré comme le meilleur que l’on connut sur le Echecs.
Sarrat, un des plus forts joueurs de son époque, et écrivant distingué, dont l'opinion a une grande valeur, fit paraître à Londres, en 1813, une edition de ce livre, onde afirma o seguinte : 'On se saurait surpasser le talent qu'on remarque dans le plus grand nombre de fins de partie de Damiano'
(...) La défense, connue aujour d’hui sur la dénomination Défense Russe ou Défense Pétroff est de lui. Un débout improprement renommé Gambit porte encore son nom : et le mat de Damiano est resté célèbre.
Notre auteur était né a Odemira (Portugal), - ou il exairçait la noble profession d’apoticaire
[Alberto Veiga, Damiano, de Odemira, in O Monitor de Farmácia, Ano I ]
Nota: Mantivemos o texto na sua versão do jornal. Desconhecemos o número e a data (1930?) da sua publicação.
Sobre Damiano e o xadrez, encontrámos um texto de Dagoberto L. Markl, onde aponta para a origem judaica do celebre xadrezista. Consulte-se, ainda: Bibliografia de Xadrez e Chess History.
segunda-feira, 23 de junho de 2003
CAPABLANCA E O XADREZ
Alexandre Monteiro dá-nos a conhecer esta frase de José Raul Capablanca sobre o xadrez (onde foi exímio jogador). Obrigado AM.
«O Xadrez é algo mais do que um jogo. É uma diversão intelectual que tem algo de arte e muito de ciência»
«O Xadrez é algo mais do que um jogo. É uma diversão intelectual que tem algo de arte e muito de ciência»
sexta-feira, 20 de junho de 2003
XADREZ OU BRIDGE, EIS A QUESTÃO
Afinal, que seriam as nossas vidas sem um joguinho de bridge ou xadrez? Nestas noites sem dormir nocturno, sem vivalma pela frente, temos de recorrer ao Ok Bridge ou, mesmo ao velho e brioso Yahoo. Hoje não há tempo a perder. Calmas são as noites ...
Pequena anotação em torno do xadrez:
"O xadrez é uma linda amante, a quem voltamos uma e outra vez, sem que nos importe as muitas vezes em que nos rechaça."
(GM. B. Larsen)
"No xadrez, como na vida, a melhor jogada é sempre a que é realizada"
(S. Tarrasch)
"No xadrez, o vencedor é quem faz a jogada seguinte ao último erro."
(S. Tartakower)
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