Mostrar mensagens com a etiqueta Revolução de 1820. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Revolução de 1820. Mostrar todas as mensagens
terça-feira, 26 de agosto de 2003
HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS
A autarquia da Figueira da Foz, como em anos transactos, homenageou no passado dia 24 de Agosto Manuel Fernandes Tomás, figueirense ilustre, fundador do Sinédrio e um dos mentores da Revolução de 1820. Participou na elaboração das bases da Constituição que D. João VI jurou em 1821. Estiveram presentes na cerimonia, além do representante da Câmara Municipal, o Grão Mestre do GOL (António Arnault) e muitas figuras figueirenses.
Manuel Fernandes Tomás [1771-1822] nasceu na Figueira da Foz, foi síndico e procurador fiscal do município da F. Foz, vereador, Juiz de Fora em Arganil (1800), Superintendente das alfândegas e dos tabacos (comarcas de Coimbra, Aveiro e Leiria - 1805), provedor da comarca de Coimbra (1808). Logo após, "abandonou o cargo com a entrada de Junot" [A Maçonaria na Figueira (1900-1935), Isabel Henriques, Museu, Biblioteca e Arquivos da Figueira da Foz, 2001, cuja biografia seguimos ], tendo organizado a defesa da vila da Figueira da Foz ("Wellington nomeou-o Intendente Geral dos Viveres no quartel geral de Beresford"). Pelos feitos que se notabilizou foi-lhe atribuído o cargo de Desembargador Honorário da Relação do Porto (1812). "Em 19.8.1818 fundou o Sinédrio [com José Ferreira Borges, João Ferreira Viana e José da Silva Carvalho], sociedade responsável pelo eclodir da revolução liberal de 24 de Agosto de 1820, que lhe renderia a legenda de Patriarca da Liberdade" (idem, ibidem). Deputado pelas Beiras às Constituintes, participou na elaboração da Constituição de 1822.
Manuel Fernandes Tomás, foi iniciado na maçonaria em data desconhecida, tendo pertencido à Loja Patriotismo, nº7 de Lisboa da qual foi Venerável, com o nome simbólico de Valério Publícola.
Em 1900, por decreto maçónico nº16, de 10 de Junho, foi fundada a Loja Maçónica Fernandes Tomás, nº 212 na Figueira da Foz, sob o rito francês e pelos auspícios do GOLU [in, A Loja Fernandes Tomás, nº 212 da Figueira da Foz (1900-1935), Divisão de Museu, Biblioteca e Arquivo da Figueira da Foz, 2001]. Depois de um período conturbado, com separação do GOLU e correspondente trabalho irregular, regressa novamente à Federação do GOLU, Supremo Conselho da Maçonaria Portuguesa, não se sabendo por falta de documentação no seu arquivo (idem, ibidem) se a partir de Dezembro de 1932 teve qualquer actividade. Fizeram parte da Loja até 1932, 112 obreiros, sendo de referir: [in obra citada]
Manuel Gomes Cruz (Lassale), que foi Venerável e o "primeiro Administrador do Concelho da Figueira da Foz que a Republica nomeou" (id., ibid.), sócio da Associação Instrução Popular (como quase todos os outros obreiros), Bombeiros Voluntários, Santa Casa da Misericórdia da Figueira da Foz e da Cooperativa Fernandes Tomás, e um dos vultos de prestigio do Centro Republicano Cândido dos Reis; Fernando Augusto Soares (Napoleão), outro dos fundadores da LFT, da qual foi Venerável, Chanceler e Delegado à Grande Dieta, tendo tido papel importante no desenvolvimento da Figueira, como criar em Buarcos a Escola Nocturna Bernardino Machado, tendo sido sócio da Associação de Instrução Popular, da Associação Educativa da Mulher Pobre (fundou uma escola feminina), pensou e criou a Associação de Classe Marítima, construiu em Buarcos o Teatro da Trindade (replica do teatro da Trindade de Lisboa) tendo-o entregue ao Grupo Caras Direitas (hoje, ainda existente); José Gomes Cruz (Pasteur), um dos fundadores da Loja, onde exerceu os cargos de 1º Vigilante, Secretario e Chanceler, fez parte da Greve Académica de 1907 em Coimbra, pela qual respondeu em Tribunal Militar, foi vereador da Comissão Administrativa da Figueira da Foz, fundador do Centro Republicano Cândido dos Reis (Figueira) e um dos vultos culturais mais importantes da Figueira; José Alberto dos Reis (Descartes), um dos fundadores, foi lente de Direito em Coimbra e em 1923 pediu atestado de quite por razões profissionais, tendo sido mais tarde apodado de traidor (Oliveira Marques) dado o seu papel, na qualidade de Presidente da Assembleia Nacional (que o foi durante 12 anos), na celebre questão do Decreto de José Cabral de suspensão e proibição das Sociedades Secretas, e onde Fernando Pessoa interveio num conhecido artigo no Diário de Lisboa; Joaquim Figueira da Abreu (Tito), um dos fundadores; Joaquim da Silva Cortesão (Galeno), fundador da Loja, foi Presidente da Associação de Instrução Popular, da Cooperativa Fernandes Tomás e Presidente da Comissão Municipal Republicana da Figueira da Foz; José Joaquim de Abreu Fernandes (Bartolomeu Dias), um do fundadores; Adriano Dias Barata Salgueiro (Garibaldi), um dos fundadores da Loja; Henrique Raimundo de Barros (Barnave), fundador, foi professor de inglês na Escola Comercial e Industrial, secretário particular do Presidente Manuel de Arriaga, etc.; João dos Santos (Platão), filiado como um dos fundadores; José da Cunha Ferreira (Kruger), capitão da marinha mercante, tendo-se lançado na pesca do bacalhau, fundando e administrando a Atlântida Companhia Portuguesa de Pesca, fundador do Rotary Clube da Figueira da Foz; Bernardino Machado (Littré), filiado na LFT em 1903, "decorado com o grau 33º", foi-lhe concedido o cargo de Venerável honorário, tendo sido Presidente da Republica, exilado politico, Grão Mestre do GOLU, etc; João da Silva Rascão, foi um dos sócios fundadores e presidente da Naval 1º de Maio; José Bento Pessoa (Francisco Ferrer), grande desportista e ciclista do Ginásio Figueirense, era proprietário dos fornos de cal na Salmanha, tendo sido mais tarde atribuído o seu nome ao Estádio Municipal da cidade; Manuel Gaspar de Lemos (Voltaire), sócio da Misericórdia, impulsionou a construção do edifício da Escola Comercial e Industrial, influenciou a criação da Junta Autónoma do Porto e Barra, arborização da Serra da Boa Viagem, fundador da Sociedade Pesca Oceano e secretário da Associação Comercial da Figueira da Foz, preso politico e exilado na Bélgica; António Augusto Esteves (Francisco Brás), mais conhecido nos meios literários com o pseudónimo de Carlos Sombrio, foi jornalista e escritor, tendo sido director da Biblioteca Municipal, fez parte da celebre tertúlia, denominada "Coração, Cabeça e Estômago" de que fazia parte Joaquim de Carvalho, Salinas Salgado, Octaviano de Sá, Cardoso Marta, entre outros mais; José da Silva Ribeiro (João das Regras), jornalista, fundador do Jornal da Figueira, Voz da Justiça (encerrado pela PIDE em 1938), impulsionador da Sociedade de Instrução de Tavaredense, e doador da maior arte dos documentos que permitiu fazer a história desta Loja.
Actualmente, existem duas Lojas maçónicas na Figueira da Foz, sendo uma delas a Loja Fernandes Tomás.
Subscrever:
Mensagens (Atom)