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domingo, 8 de fevereiro de 2004
SERÃO TRÊS VEZES ...
[Serão três vezes]
"Serão três vezes dados os sinais...
Três vezes a incerteza seguirá...
E três vezes a esperança voltará,
Sobre três intervalos siderais
Tudo em três vezes, firmes e fatais,
Se irá passando como escrito está...
E o livro do destino se abrirá
Por três vezes distintas e iguais..."
[Augusto Ferreira Gomes, in Quinto Império, 1934]
sexta-feira, 17 de outubro de 2003
O PARACLETIANISMO E O QUINTO IMPÉRIO
[O Paracletianismo e o Quinto Império]
"O Paracletianismo, doutrina filosófica formada a partir da interpretação dos textos bíblicos, no ponto em que se anuncia a vinda do Espírito Santo, o assistente congregador de uma nova era, a quinta, segundo a letra do Livro de Daniel (II, 44 e VII, 9), representa-se actualmente em Portugal pela voz profética de Raul Leal (...) É na Águia e no Orpheu que se adivinham os prenúncios desse renovo de forças genuinamente portuguesas, embora só mais tarde se realizem literariamente as contribuições para a gradação messiânica de um entendimento de historia pátria como fulcro de atenção temporal da nova idade. Os exemplos de Fernando Pessoa, na Mensagem, de Ferreira Gomes, no Quinto Império, de Duarte de Viveiros, na Obra Poética (...), e Raul Leal, no Anthéchrist et la Gloire du Saint Espirit, para lembrar apenas alguns dos nomes mais proeminentes, voltados para o messianismo português, são a prova flagrante do cuidado posto na reabilitação de ideias entre nós não envelhecidas.
(...) Fundamentalmente , a base do Sebastianismo de Pessoa era a interpretação medieval do texto bíblico, a ideia do translatio imperial que é a primeira evidencia da filosofia politica do Quinto Império. E, na comunhão unitária da translatio com as revelações da astrologia, do exemplarismo, das profecias sebásticas, está, com exactidão, o porquê da superioridade universalista da obra de Raul Leal ou Fernando Pessoa sobre incipientes balbucios de patriotismo, que formam a literatura sebástica dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX.
Ora, partindo da verificação desta estrutura mental, aceitando, com premissas do Paracletianismo, tais dados filosóficos, explicar-se-à a filiação do Messianismo português (...) realce de uma verdadeira plêiade de construtores do Quinto Império, assim escalonada cronologicamente em Portugal: Bandarra, D. João de Castro, Padre António Vieira, D. Francisco Manuel de Melo, António Pereira de Figueiredo, Oliveira Martins, Sampaio Bruno, Fernando Pessoa, Ferreira Gomes e Duarte Viveiros - selecção que, recentemente, em estudo antológico sobre o Quinto Império, me pareceu a mais acertada, entre os autores não vivos.
O caso especifico de Raul Leal, sedutora amostra de compreensão do Paracletianismo, tem, sobre todos os outros escritores portugueses, a superioridade original da sua não filiação directa, imediata, no tradicionalismo sebástico - o que o aproxima, naturalmente, da obra quinto-imperial de alguns autores estrangeiros, como Papini ou Bloy. Recorde-se, a propósito, a extraordinária aceitação que as ideias de Império futuro, de translatio imperial, de Paracletianismo, de Império ideal, obra de alquimia, de Unidade, tiveram em autores como S. Agostinho, S. Bernardo, Joaquim de Flora, S. Boaventura, Raimundo Lúlio, Dante, Margílio Ficino, Pico delle Mirandola, Paracelso, Nostradamus, Bobeme, Goethe, Kleist, etc. ..."
[Artur Anselmo, in Diário da Manhã, 12/11/1960]
domingo, 31 de agosto de 2003
AUGUSTO FERREIRA GOMES (1892-1953)
n. 31 de Agosto de 1892
"Jornalista, poeta e ecritor. Grande amigo de Fernando Pessoa. Companheiro e confidente de muitas obras (...) Era de baixa estatura, franzino, bigode aparado, mente viva e humor mordaz (...)" [Encontro Magick Fernando Pessoa Aleister Crowley, Hugin, 2001]
"Na vida dinâmica dos cafés, na tumultuosa discussão de literatos e jornalistas, costumava Augusto Ferreira Gomes marcar o seu lugar, deixando sobre o mármore polido duma mesa ou sobre uma cadeira, um volume de Edgar Poe. Os colegas e os amigos, chegados nos curtos intervalos da sua ausência, já o sabiam por perto (…) Quem o não conhecesse, ao vê-lo tomar assento, ficaria logo convencido de que seria ele o possuidor, o apaixonado admirador do artista dos «Contos Extraordinários», de tal modo se depreende da sua fisionomia uma sugestiva atracção pelos ambientes trágicos e uma decidida vocação para interpretar as maravilhas do Belo, mesmo quando ele atingia as culminâncias do horrível" [Mário Filipe Ribeiro (?) in, prefácio à "Múmia Assassina?", 1923, citado da obra "O Encontro Magick ... "]
"Augusto Ferreira Gomes foi poeta do Primeiro Modernismo, colaborador de "Orpheu" e das revistas "Contemporânea" e "Athena". Grande amigo de Fernando Pessoa, a quem o livro é dedicado e que o prefacia, partilha com este poeta o gosto pelo ocultismo e pelas ciências esotéricas. Foi ele, aliás, o autor do horóscopo de Álvaro de Campos (...)" [AMP]
Bibliografia: "Rajada Doentia, 1915 / Procissional (poesia), 1921 / O Cosme, 1922 / Múmia Assassina?, 1923 / QUINTO IMPÉRIO, AMP, 1934 (c/ Prefácio de F. Pessoa) / NO CLARO - ESCURO DAS PROFECIAS: S. Malaquias, Nostradamus, Bandarra, o Apocalipse de S. João, ...... Dedicado pelo autor à memória do astrólogo Fernando Pessoa, Lisboa, Portugália, s/d (1943)
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