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sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (XI)



* Loja Restauração (1842) - O Conimbricense refere, que posteriormente à restauração da Carta Constitucional, em 27 de Janeiro de 1842, a maçonaria em Coimbra representante do partido Cartista, "viu-se triunfante, tendo por si o apoio do governo". Ora o administrador geral do distrito, José Maria Cardoso Castello Branco foi substituído pelo Visconde da Graciosa, e posteriormente, por decreto de 8 de Outubro, foi nomeado Governador Civil, António de Oliveira Lopes Branco.

Diz o Conimbricense que uma das coisas que teve em vista foi reorganizar a maçonaria na cidade e em todo o distrito, lançando mão nos elementos da Loja maçónica do Arco da Almedina, fundando uma outra. Assim, foi na casa onde outrora foi refeitório dos frades (no Claustro do Pilar) de Santa Cruz que se estabeleceu a Loja Restauração, nº 27 ao Or. de Coimbra. Pertenciam um grande número de pessoas, não só da cidade, mas quase todos os administradores do concelho e do distrito, párocos e regedores. É referido uma ocasião onde foi iniciado um "cavalheiro do concelho de Anadia", em que estava presentes 150 Ir., vindos dos diferentes concelhos, seguido de um "magnifico banquete". C

Como Lopes Branco foi eleito deputado, pelo colégio eleitoral do Douro, ficou Venerável da Loja, José António de Amorim. Curiosamente, o deputado Lopes Branco tendo passado da maioria para a oposição, dirigiu de Lisboa para Coimbra, e à Loja Restauração, uma prancha com "o fim de a fazer passar para a oposição". Após reunião, a Loja deliberou que como Lopes Branco não a tinha consultado para passar para a oposição, esta não se obrigava a segui-lo na sua carreira política. Depois da remessa da prancha da Loja para Lopes Branco, este aparece em Coimbra anunciando a necessidade de convocação da Loja. Sabedores de tal facto, vários elementos da Loja dirigiram-se à casa da Loja, desmancharam tudo e fizeram "abater colunas", impossibilitando Lopes Branco de fazer a projectada reunião. Desde então a Loja nunca mais funcionou. [in, Conimbricense, 1905]

* Sociedade de Socorros Mútuos (1843) [ibidem]

* Sociedade Philarmonica Conimbricense (1843) [ibidem]

domingo, 19 de outubro de 2003

JOAQUIM MARTINS DE CARVALHO


Joaquim Martins de Carvalho [1822-1898]

Morre em Coimbra - 18 de Outubro de 1898

Joaquim Martins de Carvalho nasceu em Coimbra, frequentou aulas de latim nos jesuítas, fez parte do movimento da "Maria da Fonte" (1846), tendo por isso sido preso e levado de Coimbra para a Figueira da Foz e daí, num barco, para o Limoeiro em Lisboa. Foi um notável jornalista, talvez o mais admirável do seu tempo, colaborou no Liberal do Mondego, Observador (de que, posteriormente, foi proprietário) e principalmente nesse incontornável jornal, O Conimbricense [nº 1, 24 de Janeiro de 1854, ao nº 6230, de 31 de Agosto de 1907]. "Não tendo ele sido verdadeiramente um escritor, na acepção estilística do termo, foi um jornalista ardoroso e intemerato, arrostando tão corajosamente os perigos como afrontava sobranceiramente chufas e arruaças, em luta permanente contra tudo e contra todos pelo Progresso, pela Ordem e pela Verdade." [José Pinto Loureiro, in Índice Ideográfico de O Conimbricense, Coimbra, 1953]

"... A collecção do Conimbricense, escripto da primeira columma à última por Martins de Carvalho, é um repositório interessante da nossa historia pátria, em que o fallecido jornalista era aprofundadíssimo e excavador extremado de factos históricos ..." [Portugal Moderno, Rio de Janeiro, 1901]

"É preciosa a collecção do Conimbricense. Mais vasto repositório de história não é possível encontrar-se em nenhum jornal politico dos muitos que se tem publicado no paiz. É um arquivo inestimável de factos e documentos valiosíssimos, uma bússola indispensável a todos os cavouqueiros da história pátria. Quando mais não seja a história contemporânea de Portugal não pode fazer-se com segurança sem a consulta previa da collecção do Conimbricense ..." [Marques Gomes, in O Conimbricense e a História Contemporânea. Publicação comemorativa do 50º aniversario do nosso mesmo jornal, Aveiro, 1897]

De facto, como se pode ler pelo Índice Ideográfico de O Conimbricense (sob direcção de Pinto Loureiro), a vastidão e a importância dos assuntos publicados no jornal ao longo dos anos, faz dele uma fonte inultrapassável sobre os acontecimentos económicos, políticos, sociais e literários de finais do século XIX. São curiosas e estimadas as referências sobre Garrett, Arqueologia, Lutas Académicas, Bibliografia e Bibliofilia, Jornalismo, Cabralismo, Costumes, Duelos, Tauromaquia, Teatro, Tipografia, Viticultura, Eleições, Epistografia, Évora, Manuel Fernandes Tomás, Freire de Andrade, Guerra Peninsular, Herculano, Iberismo, Índia Portuguesa, Lisboa, Macau, José Agostinho de Macedo, Mosteiros, Mutualismo, Operariado, Marquês de Pombal, etc .

Absolutamente notável as inúmeras e preciosas referências que se dispõe sobre Coimbra, Inquisição, Ordens Religiosas, Invasões Francesas, Lutas Liberais, Miguelismo, Jesuítas, Maçonaria e Carbonária, Sociedades Secretas (como S. Miguel da Ala). Diga-se, que o próprio Martins de Carvalho pertenceu à Carbonária Lusitana de Coimbra (1848), ao que se julga fundada pelo Padre António Maria da Costa e dissolvida em 1850, e que foi diferente da denominada Carbonária Portuguesa (1896/7 ?), de origem académica, do maçon (Loja Montanha) Luz de Almeida, Machado de Santos, etc., que aparece mais tarde, e que não se pode confundir com a denominada Carbonária Lusitana, de pendor anarquista - daí ser conhecida pela Carbonária dos Anarquistas - muito sigilosa, a que pertenceram os anarquistas José do Vale, Ribeiro de Azevedo, entre outros [vidé a Carbonária em Portugal, por António Ventura, Museu Republica e Resistência, 1999].

Ao longo da sua vida, Joaquim Martins de Carvalho, fundou ou pertenceu a inúmeras Sociedades: fez parte da Loja Maçónica de Coimbra, Pátria e Caridade (1852-53), fundou a Sociedade de Instrução dos Operários (1851), o Montepio Conimbricense, Associação Comercial de Coimbra, Sociedade Protectora dos Animais, Sociedade de Geografia, Associação dos Arqueólogos Portugueses, Voz do Operário, etc. Refira-se que a sua livraria era extraordinária, com um conjunto raríssimo de jornais, revistas e publicações várias, sendo que o seu leilão foi um dos acontecimentos mais excepcionais entre os bibliófilos portugueses.

Algumas Obras: Apontamentos para a Historia Contemporânea, Imp. da Univ., 1868 / Novos apontamentos para a História contemporânea os assassinos da Beira, Imp. Univ., 1890 / A Nossa Aliada! Artigos publicados pelo redactor do Conimbricense, Porto, 1883 / Homenagem a Joaquim Martins de Carvalho, Typ. Operaria, 1889 / O Retrato de Venus. Edição Comemorativa do nascimentos de Garrett, Coimbra, 1899 / Os assassinos da Beira, Coimbra, 1922 / Catálogo da ... livraria que pertenceu ... a Joaquim Martins de Carvalho e ... Francisco Augusto Martins de Carvalho, Imp. da Univ., 1923