 O insulto do dr. Vital Moreira!
O insulto do dr. Vital Moreira! O artigalho – em tom arrogante, grosseiro, sem brilho, nem substância – do impudentíssimo dr. 
Vital Moreira no jornal 
Público [
4/03/08], intitulado “Os Professores”, é uma desafronta e um evidente 
insulto aos docentes (de todos os graus de ensino), aos cidadãos contribuintes e suas famílias, à classe governativa e, curiosamente, é injurioso face à obra intelectual do saudoso professor 
Vital Moreira. A propósito da atitude & crítica 
fundamentada, 
persuasiva, de vigilância necessária e 
séria dos (diversos) docentes à desastrosa e infeliz política (des)educativa do governo, o dr. 
Vital Moreira insiste num 
panfleto que é mais uma sensaboria em torno das virtudes governamentais. O discurso (
inqualificável) revela, entre uma curiosa e zelante psicose conspirativa, uma angústia pouco esclarecida e não resolvida sobre o problema (e importância) da educação, do ensino público, da Escola e da classe docente, do mesmo modo que está sempre oculto o "encargo da prova" feito pelos docentes (desde o início), em toda esta questão. 
O expediente insidioso do dr. 
Vital Moreira [VM], ao considerar que a putativa "luta" [
VM dixit] dos docentes se centra "na defesa de interesses profissionais", ou não fossem para 
VM as pouco cariciosas corporações um caso nefando pátrio, é um costumeiro e intratável pregão, com "boa" escola mas de muito atrevimento. Picarescamente, o sábio 
VM deixa de fora dessa arrazoada funesta, e sem a mínima reserva, a confraria dos empregados da política, as luminárias dos partidos e sua indiscreta clientela.
O piedoso 
VM, nesse presuntivo enxurro corporativo (em que o "arrumo" ou o critério de leitura está ausente), estabelece uma curiosa "dissidência" entre as ditas 
corporações (docentes, médicos, juízes, funcionários públicos em geral) e a 
população ou 
canalha. Esta, ajoelhada e vergada às "corporações" - "
forças de conservação e de reacção [mais] 
do que mudança" (tese afinal "
que não é em geral verdadeira", como se estuda em qualquer manual de história ou direito) -, veria espantada "passar" as tradicionais "
reformas" (pelo que se presume, nunca consumadas), das quais eram directamente (e unicamente) "beneficiárias". Esta pouco meticulosa quanto desaprumada (o contexto 
field-dependent da medida argumentativa, não aparece nunca) especialidade na argumentação de 
VM terá os seus 
encantamentos entre a boçal classe política, em especial a juventude partidária, ou em algum raminho de comentadores até,  mas não colhe o génio entre aqueles que 
estudam, 
conhecem e 
vivem a realidade do ensino e da educação em Portugal. 
A composição do dr. 
VM, portanto, 
não identifica os problemas presentes da educação; 
não define os objectivos educacionais do governo e as metas a alcançar com a putativa "reforma"; 
não compreende o que é a escola, o seu espaço escolar e a comunidade envolvente; 
não distingue a especificidade da profissão docente entre as suas congéneres; 
não reconhece a importância dos muitos estudos sobre a autonomia e gestão das escolas, a avaliação de professores e alunos ou o 
estatuto da carreira docente; 
não avalia a justeza da argumentação técnico-pedagógica usada pelos professores para explicar o seu mal-estar; 
não é sensível à humilhação pública da classe docente; 
não justifica os métodos e procedimentos autistas, arrogantes e anti-democráticos praticados pelo ME; 
não relaciona essas práticas autoritárias e humilhantes com a ignorância existente sobre todas essas supracitadas matérias, por parte do grupo residente no ME; 
nem aceita a responsabilidade do seu comportamento em toda esta questão. 
O dr. 
Vital Moreira esforça-se por saber admirar a 
lide da governação. Mas não basta. Tem de estudar mais, ser mais convincente, mais verdadeiro e menos injurioso. E exibir mais 
respeito pelos docentes deste país, alguns dos quais foram seus alunos. Para que seja ouvido e lido, com estima e consideração. Se 
então o merecer! 
[
Foto retirada do blog do meu caro amigo 
Ademar Santos, com a devida vénia]