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terça-feira, 6 de dezembro de 2011
O BIBLIÓFILO APRENDIZ
LIVRO: O Bibliófilo Aprendiz [c/ apresentação de Pedro Teixeira da Mota];
AUTOR – Rubens Borba de Moraes;
EDIÇÃO – Livraria Letra Livre.
"Só ontem pude iniciar a leitura, por outras sucessivamente adiada, de ‘O Bibliófilo Aprendiz’, de Rubens Borba de Moraes (edição Letra Livre). Tratando-se, como bem avisa nota de capa, da ‘prosa de um coleccionador para ser lida por quem gosta de livros’, não me deixei intimidar pela circunstância de não ser coleccionador de obras raras, ainda que visitante episódico e pouco criterioso de alfarrabistas. Entro nos alfarrabistas como entro nas igrejas vazias, para sentir a atmosfera, namorar e folhear, e quando calha, comprar livros que, naquele momento, me possam seduzir. Não tenho um plano, salvo se procuro alguma edição preciosa para apoio ao trabalho na rádio. Entrei, assim, neste livro, com um aprazimento desobrigado de quem apenas se rende à prosa fina e cativante de um homem de muito saber. Logo no prefácio, ele faz uma declaração de intenções:
‘Falar de livros é a melhor das prosas’.
Rubens Borba de Moraes, falecido em 1986, fundou e dirigiu bibliotecas, coleccionou e estudou livros antigos. A biblioteca de Borba de Moraes, tomada por um outro coleccionador [José Mindlin] brasileiro (que a juntou à sua já considerada uma das mais importantes da América Latina) foi doada à Universidade de São Paulo. Estou a lê-lo como se o escutasse falando de livros agora que, como ele escreve, ‘não se proseia mais à porta de livraria, não há mais café onde se possa conversar, não se vai mais à casa de um amigo dar uma prosa, com medo de perturbar o seu programa de televisão’.
Ele escreve para bibliófilos e não me sinto excluído. Sigo o fio das suas histórias, como se ele folheasse para mim, proseando, o ‘Tratado único da Constituição Pestilencial de Pernambuco’, de João Ferreira da Rosa, impresso em Lisboa em 1694, o livro em que surge ‘a primeira observação, a descrição clara e inconfundível da febre amarela’, um livro raríssimo. Ou o primeiro livro sobre o Brasil escrito em português, ‘Historia da prouincia sa[n]cta Cruz a que vulgarme[n]te chamam Brasil", impresso em Lisboa em 1576, escrito por Pêro de Magalhães Gândavo, do qual eram conhecidos sete exemplares em todo o mundo até que, em 1946, surgiu um oitavo que ele, Borba de Moraes, comprou para a Biblioteca Nacional do Rio.
‘Coleccionar não é juntar livros (...) É o prazer em encontrar o exemplar desejado’, escreve ele. E mais: ‘O verdadeiro bibliófilo sabe o que compra’. Isso o distingue do mero comprador de livros. Ora eu, mero comprador de livros, que tantas vezes não soube o que comprava, vou continuar a mergulhar neste livro como se entrasse num lugar de culto. Como um bibliófilo aprendiz." [Fernando Alves, in programa SINAIS, TSF - sublinhados nossos]
domingo, 3 de janeiro de 2010
VOTOS PARA 2010
"Desejamos que os leitores, as livrarias e as editoras independentes resistam a mais um ano de bombardeamento dos grandes grupos"
Foto: Holland House Library (Kensington, Londres, Setembro de 1940). A livraria (onde agora funciona um teatro ao ar livre), construída em 1605 (por Sir Walter Cope), sofreu sucessivas investidas, desde a ocupação pelo exército de Cromwell (Guerra Civil) até à sua devastação pelos bombardeamentos (Blitz) da Luftwaffe na II Guerra Mundial. A curiosa foto (tirada por um fotógrafo anónimo para a agência Fox Photos), datada da manhã seguinte ao bombardeamento, mostra três homens, aparentemente descontraídos perante o caos instalado, a seleccionar e folhear livros que escaparam a mais um noite de terror. A livraria manteve-se em ruínas até 1952. [clicar na foto]
via Livraria Letra Livre, com forte abraço!
terça-feira, 31 de março de 2009
NENO VASCO
"Acaba de sair a obra de pesquisa histórica, 'Minha Pátria é o Mundo Inteiro' do historiador brasileiro Alexandre Samis sobre o militante anarquista português Neno Vasco (1878-1920), um intelectual que actuou nos meios operários em Portugal e no Brasil com particular importância na imprensa sindicalista da época. Apesar da sua morte prematura destacou-se como um dos mais importantes militantes anarquista da sua época, sendo autor do livro 'A Concepção Anarquista do Sindicalismo'. Neste 90 anos de fundação da CGT e do jornal A Batalha [1919-1934] esta é uma contribuição ao conhecimento da história do anarco-sindicalismo em Portugal" [via Letra Livre]
"Minha Pátria é o Mundo Inteiro. Neno Vasco, o Anarquismo e o Sindicalismo Revolucionário em Dois Mundos", de Alexandre Samis, Lisboa, Letra Livre, 2009
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
BENÇÃO DE ANO NOVO
A fraternal Livraria Letra Livre, que vende copiosos papéis pintados & confeccionadas letras de salvação pós-moderna, conhecendo os efeitos que a crise da crise recolhe entre os ledores da coisa literária, deixa-nos neste garrotilho de annus horribilis – evidentemente para além de noviciadas composições e demais desportos para conter o fastio –, um postal de crença (e liberdade ... pois canté) para observar e fugir à Grande Dor. Lá em cima, seguramente sob protecção da Santa Wiborade, o postal alumia-nos.
Saúde e Fraternidade.
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