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segunda-feira, 30 de junho de 2008


57 – folha independente de cultura - on line na Hemeroteca Nacional

57 - Publicação de "Actualidades, Filosofia, Arte e Ciência, Literatura". Cascais; Ano I, nº 1 (Maio de 1957) ao Ano V, nº 11 (Junho de 1962). Editor: Afonso Botelho; Direcção: António Quadros [a partir do nº5, António Quadros e Fernando Morgado]; Alguns colaboradores: Afonso Cautela, Agostinho da Silva, Agustina Bessa Luís, Alfredo Margarido, Álvaro Ribeiro, Ana Hatherly, António Areal, António Quadros, António Telmo, Azinhal Abelho, Bernardo Santareno, Fernando Pessoa, Jorge Preto, José Marinho, Natércia Freire, Orlando Vitorino, Sant'Anna Dionísio.

"... Impunha-se (...) um programa, que libertasse a cultura portuguesa do ‘imobilismo paralisante’ de ‘escolas e políticas que nos são estranhas’ e de ‘fins egoístas’. Este programa, de acordo com o ‘Manifesto de 57’, publicado no primeiro número do jornal, logo a abrir, passava pelo recurso a ‘estudos antropológicos e cosmológicos que garantam as teses propostas’, ou melhor, pela adopção de ‘formas antropo-cosmológicas em que o Espírito ou a Razão se particularizam, isto é, as pátrias’ (...)

‘Não é possível servir Portugal sem conhecer Portugal. Não é possível servir o homem português sem conhecer o homem português’. (...)

A história de Portugal não era feita de uma ‘cadeia de eventos fortuitos dominados pelo acaso, provocado pela luta das classes ou dependentes das flutuações do comércio e da indústria’. Pelo contrário, obedecia em ‘finalismo, a um destino e uma missão’, por outras palavras, a uma 'necessidade', como o tinham afirmado os nossos primeiros poetas épicos, Camões, Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa. Esta ‘necessidade’, que resistira ‘as pressões do grandes povos’, exigia, para o grupo do 57, numa crítica à influência das correntes estrangeiras mas também ao poder político, que a nação recuperasse a sua “autonomia filosófica, artística e cultural”, que valorizasse as causas espirituais, ‘que são de expressão concreta e portanto nacionais’, em detrimento das materiais. Desta forma, evitava-se que a autonomia política, a independência, fosse um ‘capricho de governantes que ambicionam o poder temporal ou teimosia de passadistas, anacronicamente presos a hábitos mentais e a lembranças, atavismos, nostalgias’ (…)

Esse caminho era, para o 57, o existencialismo e a filosofia portuguesa ..."

[Álvaro Costa de Matos, in O Jornal 57: História e Memória - sublinhados nossos]

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