MÃOZINHAS! É a velha história das "
mãozinhas". Ou melhor, ter ou não ter. No bridge, curioso jogo perfeito, o sábio jogador, inebriado pelo carteio, busca as "
mãozinhas" miraculosas. A estatística é para tais artistas, assunto sagrado e memorável. O que lhes interessa é, afinal, o prémio do jogo – honestíssimo e reparador. Mas o jogador não deve ser impetuoso. Audaz, talvez. Iluminado, decerto. Nunca fogoso nas vozes ou carteio. As "
mãozinhas" são quase sempre cumpridoras.
Ora acontece que estes nossos dias-ligados-a-dias têm sido obscuros e inconsistentes. Estranhos! E não se fala aqui desse palavreado que é vertido nas caçoulas perfumadas dos jornais ou do que por aí é vibrantemente (
re)dito, aliás muito bem joeirado pela turba dos
Marcelinos, sobre a etérea governação do próximo governo do sr. engenheiro. É que entre o idiotismo do grupo do sr.
Sócrates e o folhetinismo sobre a D.
Manuela, a nossa educação política carece de sentimento e de decoro.
Tal como no carteio do bridge se trabalha para fazer as "
passagens" de mão, também o sr.
Sócrates se encontra viciado desse espírito assombroso. Festejar as "
mãozinhas", não delapidar o pecúlio do grupo de interesses, fazer as passagens certas (à esquerda ou à direita) será o espectáculo vulgar com que o sr.
Sócrates se banqueteará. Os
Marcelinos não irão faltar nessa saloiice de ameaçar com a trova de novas eleições e a vinhaça (já velha) de maioria absoluta. Porém não basta tal carteio deslumbrado. É que, e antes do mais, é preciso ter jogo para jogar e ir a jogo. No bridge, como na palestra política, o
bluff é puro disparate.
Toda esta nossa récita, meio descarrilada e pouco agaloada, serve para
informar os ledores deste estabelecimento que nos honraram com sublimes
emails a propósito de não termos vindo diariamente a despacho, que estamos na mais asfixiante reclusão. Acontece (cá está!) que estamos sem todas as "
mãozinhas". A nossa impetuosidade de candidato a
motard garganteou uma caricatural queda, no que resultou um desprevenido mês de braço ao peito. Já se vê o incomodo disto tudo: um mês sem bridge, sem boticadas e de muito mau humor. Por enquanto "
estou a embeber-me dos óleos santos da paciência", como diria
Camilo (o nosso médico e consultor de alma). Mas estamos por
aqui,
aqui e
ali. E, apenas para os neófitos,
acolá.
Boa noute!