[Os Filhos-da-Puta]
"... os filhos-da-puta (...) conhecem-se bem uns aos outros, pelos lugares que ocupam e só podem ser ocupados por eles [Quando não é este o caso, processa-se a conhecida cerimónia de «apresentação», na qual os intervenientes se esforçam por mostrar que sabem ocultar o que não querem mostrar ...]; deste modo é fácil associarem-se para fazer as coisas mencionadas e outras, muitas outras, públicas e particulares. Por vezes, negoceiam particularmente o bem público se isto porém é dito publicamente, ofendem-se porque consideram que se trata de um ingerência particular na sua vida particular. Todo o filho-da-puta é altamente cioso da sua vida particular, porque a vida particular dos filhos-da-puta é quase sempre, de uma ou outra maneira, pública. Todo o filho-da-puta tem sempre um motivo público para os seus actos particulares e um motivo particular para os seus actos públicos ..." [Alberto Pimenta, in Discurso sobre o filho-da-puta, 1977]