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domingo, 20 de maio de 2007
O Circo de Lisboa
A capital da paróquia - a bela e mansa Lisboa - está travestida política e socialmente num enorme circo. De vida alegre e fácil, plena de radiosas e abundantes personagens de que não se sabe o modo de vida, a Lisboa civilizada, moderna, cosmopolita e optimista de outrora é fantasma de si mesma. Apagou-se, definitivamente! A saloiada partidária reformou-a. Lisboa é hoje apenas uma mercearia da classe política, um medíocre estábulo onde os sôres dôtores encostam o rabo, simples emprego rendoso. Lisboa já não tem amigos, nem sentimentos, nem gosto, nem nada. Coitada dela!
Não se compreende, portanto, o pânico, a inquietação e o choro que alguns tresmalhados indígenas ensaiam ao ver Lisboa "ardendo" suavemente. Nem temos paciência para ouvir os coveiros de ontem, na sua rotina de fantasia elogiativa, proclamarem, com sóbria audácia, a "grande barrela à cidade". O sr. Costa, florido rapaz que cavalga tais ditames, disse os adeuses à desvairada e incompetente governação da qual é adepto e pretende fugir para o pousio da Câmara. Com piada, faceta curiosa que o eng. Saraiva não vislumbra, pretende vir a ser um infeliz náufrago do governo. Sonha, na sua lamúria por Lisboa, que escapa à fogueira da sorte. Puro engano.
O sr. Marques Mendes, com a inteligência que lhe coube, teve o despautério de fazer arribar à capital a toleirona figura do sr. Negrão. Com ele arrastou, de novo, a gentalha dos putativos notáveis. E, para que a cerimónia circense fosse inteligível, a garotada do sr. Portas, agora sebento de gozo, fez reaparecer o sempre valentão Telmo. A demência não justifica tudo, mesmo que Lisboa estivesse fadada para o calvário que aí vem. Porém ... é a vida.
Entretanto, os enxertados sr. Júdice e esse tratadista da corrupção, o sr. Saldanha Sanches, com inchadas modéstias e num alarido enjoativo, vieram, ao que dizem, em socorro de Lisboa. Não se percebe a que se deve tanto desvelo de missão. Deixando, por ora, o pitoresco Júdice balbuciando as suas inúteis trivialidades, espanta-nos o caso solitário de Saldanha Sanches. Este guerreiro da imaculada anti-corrupção, num passe de encantamento aparece a suportar uma vereação e um partido que não se pode orgulhar do que quer que seja nessa matéria. O probo sr. Sanches não desconhecerá a história camuflada dos autarcas socialistas de Lisboa, nem do resto do país, e dos apoios com que sobrevivem. O probo sr. Sanches, decerto estará a par da circulação de um famoso documento sobre o ranking financeiro que se pode pessoalmente obter das cidades e vilas nesta insana paróquia e que tem levado a esses lugares, numa corrida desvairada, a folgada classe política. O probo sr. Saldanha Sanches não é tido por idiota, nem consta que reze o Padre-Nosso aos prevaricadores. Se assim é, para cooperar com todo este circo, o que faz correr o nobre fiscalista? A que se quer habilitar, o probo sr. Sanches? Pode dizer?
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