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segunda-feira, 1 de janeiro de 2007
Figuras & Factos - O Pior de 2006
"Quem tem algo a dizer que dê um passo adiante e permaneça em silêncio" [Karl Kraus]
Eis a memória anunciativa ou o bom resumo das qualidades dos indígenas (ou factos por eles medicados) que neste ano da (des)graça de 2006 pudemos observar. O pior que neste annus de 2006 a astúcia social e política pariu. Estouvadamente. E que, se (ainda) é permitido, declinamos. Certo é que o espelho das putativas inquietações não fica aqui provado. A nossa vida sóbria não o permite. Nem sequer é essa a missão que aqui damos guarida. Mas deixamos este testemunho para o estudo futuro da derrocada. Que a paróquia, um dia fará. Disse.
1. Socratismo - a doença narcísica do indígena luso. A autoridade despeitada da arrogância. A charanga autoritária da nova união patriótica, a lembrar as vitualhas da antiga União Nacional. Nessa rosariada tudo é cinzento, por demais. Não deixa de ser curioso como essa comunhão filosofante de respeitáveis votantes, braço-no-braço com os seus putativos sequestradores, é tão enternecedora!? Os destroços e a choradeira, que qualquer dia aí vêm, serão bem dramáticos.
2. Bushistas - a caridade guerreira dos novíssimos democratas de sofá. A religião oficial do sr. José Manuel Fernandes e uns quantos mais. A arrulhada de escritos & os afectos, ao locatário da Casa Branca, atiçados nos jornais (e blogs) é um caso sério de paixão varonil. Mas demasiado comichoso, para nós. Seguir a invulgar movida dos (ex)bushistas, é um caso de pura paranóia.
3. Manuel Pinho & Correia de Campos - a incompetência profissional que ilumina a nação. Dois perturbados da política, sempre muito bem assessorados pelos media. A vaidade provinciana a desfilar ministerialmente entre ovações académicas. Ambos cinzentos e mui rabiosos, não têm vocação nem se dão ao respeito. Não deixam, por isso, de revelar a nossa própria caricatura.
4. José Lello - o rato do Largo do Rato. O delírio incarnado de um Dutra Faria, mas com menos classe e inteligência. Megalómano e inflamado de vassalagem, está em todas as esquinas, sobe todos os degraus. É o merceeiro ou bardo de serviço ao Socratismo. Desdenha os seus camaradas, exuberantemente, com arremedilhos imodestos. Típico indígena alcoviteiro. Uma nódoa.
5. Jornal Sol - o semanário das mulheres-a-dias, com o secundário feito. A vitória da andropausa do trovador José António Saraiva. Ou não fosse a escrita andromaníaca do seu director um must, apetecível em cabeleireiros, casa de fados e ministérios. Dizem-nos que a vaidade dos jornalistas da casa é caprichosa. Pura laudatória. É uma simples paródia. Uma chacota.
6. Garotada do PP - a linguagem de velhos trapos, agora em farda liberal. Uns pegadiços garotos a brincarem ao sério. Esta gaitada liberal anda muito tramontana, vazia de ideias, obscena. A ternura intelectual dum Nuno Melo com Ribeiro e Castro lembra as hienas a merendar. O coval dos garotos do PP, com Paulo Portas à ilharga, é imortalizado por figurantes da estatura de Diogo Feio, João Rebelo, Mota Soares, Telmo Correia. Tudo gente erudita. Como se sabe.
7. Carmona Rodrigues & Rui Rio - a presunção do primeiro suplanta a monomania do segundo. Estes birrentos governantes são veteranos na gargalhada pública. Estão dispostos a destruir cidades, por despeito e vingança. Uns bons & excelentes mariolas. Tudo gente de chinelo no pé, mirrados pelo fastio da inabilidade. Esbanjadores do erário público, recebem na Câmara com impertinência. São amigos do seu amigo. Apenas!
8. PT/TV Cabo/CP/CTT - a vingança da democracia, a maldição das privatizações. Os clientes, utentes ou simples cidadãos, são deliciosamente enganados, maltratados, espoliados ... sempre com um sorriso tecnológico nos lábios. Nada funciona: os posto, a velocidade de acesso à Internet, as estações de TV, uma simples carta de amor. Sinal do choque tecnológico do eng. Sócrates. Uma prosápia estes serviços públicos. Um ardil para os consumidores. Uma puta de vida!
9. o novo S.N.I. - o guarda-portão Santos Silva e a bandeirinha vermelha do sr. Azeredo Lopes, ao serviço da grande pátria. A ERC exquisita, rameira do antigo SNI. Um clássico da censura a passar perto de si. Sem engenho & arte, sem mistério ou ocultação, fazem o que sempre se fez: dilatar o túnel do silêncio ao debate político. A sarabanda destes senhores é simples formalidade. O que virá depois é inimaginável.
10. Eduardo Prado Coelho - o suspeito do costume. Não soube, sabiamente, envelhecer. Afinal, o ocioso tempo de mestre E.P.C. tinha prazo de validade. A nossa memória, nem por isso. A escrita maliciosa de antanho teve uma derrocada. A rapsódia socrática que celebra foi um final sem glória. A hermenêutica do E.P.C. "está-se desmanchando sozinha". E não havia necessidade.
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