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sexta-feira, 3 de junho de 2011

ELEIÇÕES - LOGRO & FADO


"Os tempos não vão bons para nós, os mortos" [M. António Pina]

Este "capitalismo do desastre" [Naomi Klein] é cada vez mais um espectáculo de compra e venda a retalho da mentira, um comichoso & esquizofrénico comércio de ódios contra quem trabalha e (sobre)vive: uma tragédia contra a democracia. O seu proselitismo subversivo contra os valores da sociabilidade e da ética de estar na economia, no governo e na vida colectiva, estão por demais evidentes. A incapacidade - episódio maior destas eleições (!?) e que a boca dos correligionários do sr. Sócrates permite, a linguagem de trapos dos amanuenses do sr. Coelho exprime ou que o populismo miserável dos garotos de sr. Portas desvela - deste "Reino Cadaveroso" falar verdade e sem dogmas, é o "nosso" fadário. Trágico!

As cambalhotas político-económico-financeiras desta rapaziada da troika interna, encharcadas em plena crise de prosaicas (& floridas) mezinhas neoliberais vindas da troika externa, revelam que nada se aprendeu sobre o descalabro contínuo e persistente dos mercados financeiros, do declínio e construção da União Europeia e da selvática & intratável economia global. Quem nada entendeu sobre a incompetência e a insidia que foi a governação do sr. Sócrates poderá presentear os indígenas com novas-velhas historietas ou as derramas de promessas eleitorais por demais conhecidas, esquarteladas, provadas, mas de modo nenhum fugirá ao desaire final esperado. Porque não se trata apenas de "mudar de lugar" o que está "entre as pernas" [M.A.Pina], mas sim de abrir a porta à esperança de uma vida decente, honrosa, fraterna. Assuntos que estão arredados definitivamente e para sempre, deste lerdo aranzel comicieiro.

Por isso, estas eleições (!?) não são mais que um triste e extravagante memorial de capitosas mentiras, impiedosas omissões e asfixiantes inverdades, que o(s) memorando(s) da troika externa confirma e determina para uso & consumo da troika interna dos interesses e da irresponsabilidade. O arraial dessas luminárias ficará, mesmo que a coberto de pervertidos jornaleiros & conhecidos merceeiros da paróquia, como um marco das maiores tragédias da história pátria.

Nada de espantos, cada um é o que é … e domingo há eleições. Para respirar, ser livre e praguejar contra a servidão. A meio do enterro, e apesar disso, lá estaremos!

domingo, 15 de maio de 2011

CASO E PROVA


"Não há boas leis, só há boas repressões" [Fourier]

"O nosso século, em face do século XIX, parece um renascimento da Fatalidade" [André Malraux]

"Certo pobre pedia esmola a um arcebispo, dizendo-lhe: Monsenhor, estou cheio de fome. Ao que o prelado respondia: Bem podes dar-te por contente, mariola. Palavras justas de ambas as partes, pois se para o pobre é uma desgraça não ter nada de comer, para o arcebispo, que tem sempre a mesa posta, ter fome só pode ser uma alegria" [Fourier]

"O pêndulo do relógio tornou-se a medida exacta da actividade de dois operários, como o é também da velocidade de duas locomotivas. E então não se deve dizer que uma hora de um homem vale uma hora de outro homem, mas antes que um homem de uma hora vale outro homem de uma hora. O tempo é tudo, o homem já não é nada, quanto muito é a carcaça do tempo" [Karl Marx]

"Sabemos perfeitamente como o cretinismo quantitativo sabe reivindicar-se da democracia para a esmagar sob as piores ditaduras ou para fazer dela a coutada dos intelectuais. Ela levou ao poder o nazismo, o fascismo, o estalinismo, o integrismo, a corrupção política e esse parlamentarismo tão ignorante da vida, que pretende alimentá-la com o feno da democracia e a protecção mafiosa. Basta fazer engolir sapos aos homens e aos povos, para que eles defequem víboras" [Raoul Vaneigen]

"Necessariamente, expomos um caso e o provamos. Não podemos expô-lo e omitir a prova, ou apresentar esta sem declarar o caso; aquele que prova deve ter o que provar e aquele que antecipa uma declaração fá-lo com o objectivo de prová-la." [Aristóteles]

"Dissimular o que se é, simular o que não se é... Isto implica inegavelmente: não dizer – nunca – o que se pensa e o que se crê; e também: dizer – sempre – o contrário." [A. Koyré]

"Quando se faz uma estátua, não se deve estar sempre sentado no mesmo lugar; é preciso vê-la de todos os lados, de longe, de perto, de cima, de baixo, em todos os sentidos" [Montesquieu]

"Mas a liberdade começa na escravidão e a soberania na dependência. O sinal mais vivo da servidão é o medo de viver. O definitivo sinal da liberdade é o facto de o medo deixar espaço ao gozo tranqüilo da independência.
Dir-se-á que preciso de ser dependente para conhecer o gozo de ser livre! É certamente verdade. À luz dos meus actos, percebo que toda a minha vida parece não ter tido por objectivo senão construir o seu próprio infortúnio: sempre me escravizou o que devia tornar-me livre" [Stig Dagerman]

"A falta profundamente sentida de personalidade criou um estado de incêndio espiritual. Os bois evadem-se dos currais a meio das chamas; o publicista evade-se do assunto a meio da cultura. A meio desta pestilência espiritual, a gente tapa as ventas" [Karl Kraus]

"Quando os vassalos recusarem sujeição e os funcionários se demitirem dos cargos, a revolução está feita" [Henry D. Thoreau]

terça-feira, 10 de maio de 2011

AS TROIKAS


Nestes tempos de euforia salvífica da paróquia - pitorescamente posta a correr pelos jornaleiros da situação & outros caudilhos da União Nacional -, onde uns sadios e castos rapazes da Troika estampam o programa da governação para os fecundantes tempos que por aí vêm, não sabemos se devemos sorrir dessa belíssima comédia ou fugir do mau olhado que temos pela frente. E assim, por prudência, mantivemos a "pedagogia do silêncio", contra a ditadura do pensamento inevitável (obg. A. Nóvoa) e único.

Somos da opinião que as 2 (duas) Troikas que nos enfardelam a vida das palavras são admiráveis. A primeira, obrada pelo sábio Poul Thomsen, via o proverbial compêndio financeiro escolástico neo-liberal, mansamente adiou-nos o mandato de despejo para um próximo cenário. A nossa homenagem! A segunda, a nobre e percuciente União dos penitentes indígenas do sr. Portas, Coelho & Sócrates, vai fumegando ardentes barricadas partidárias, rosnando aqui e ali um "mudar e roupa", trivial & demagógico, sem divergência assinalável. Os mesmos que lavraram a situação dizem-se agora vítimas e propõem vencer a sua própria repugnância. A estrumeira fede! Admirável!

Nestes dias que nos restam até o sábio Thomsen fechar as contas & a fuhrer Merkl tapar a porta da União, os espirituosos candidatos eleitorais, vestindo no mesmo alfaiate, dão-nos lições rimadas nas TV’s (graças eng. Ângelo Correia; ás V. ordens Augusto S. S.), uma graciosa ventura futura (genuflexão dr. E. Catroga!) nos jornais e a serenidade do amor à mocidade & aos lavradores (a benção dr. Portas!). A garotada dos blogs anda, por isso mesmo, deslumbrada. Rústicos paroquianos junqueiram, por exemplo, belos éditos no Blasfémias & Cia. O aranzel do sr. José Manuel Fernandes é, de facto, exemplar único. Uma glória do jornalismo pátrio e um ornamento ao jornal Público.

Entretanto, a União Europeia – essa encanecida meretriz – repousa, entre uma moralidade encantadora e falsa luxúria, à medida que a virilidade do sr. Sarkozy patrocina & a arreata da sra Merkl desvela. Os acessórios, como esta paróquia aqui plantada á beira do Oceano, são meros detalhes. O sustento deste bordel é pensamento reservado. Por enquanto. Afinal, como diria Sancho Pança á sra Duquesa que ouvia orquestras no bosque, "onde há música não pode haver coisas más!". A ver vamos.