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quinta-feira, 9 de julho de 2009


ANTÍGONA – 30 ANOS DE ABASTANÇA

"A editora Antígona nasceu com uma ideia de subversão no seu interior e não necessitou de fazer mais nada. A coerência não é pensada; é vivida momento a momento, como consequência duma atitude, antes. A Antígona é assim porque é ela, porque sou eu – como diria Étienne de La Boétie ...

Não existe uma literatura à margem. O que existe são experiências de vida marginais, que se reflectem naturalmente na escrita ...

Não sei o que vai acontecer ao livro no futuro; terá muito a ver com a evolução das sociedades. Na Antígona, o salto não será para trás, porque penso que nada substituirá o livro enquanto objecto. O prazer de ler no sofá ou em cima de uma árvore, de o leitor se deter em certas passagens, de sublinhar esta ou aquela frase, não me parece substituível. Naturalmente, não nego o progresso, mas não alinho em modas ou necessidades de consumo. Decididamente, não serei um aliado do capitalismo…

Não há, em Portugal, uma tradição subversiva ..."

[Luís Oliveira]

"Não interessa aos libertários saber quantos são, pois nas suas hostes não se recrutam agentes do poder, e muito menos se atribuem números aos militantes." [Carlos da Fonseca]

Locais: Frenesi / Manuel Portela: «Antígona: 30 Anos» / Luís Oliveira, sobre os 30 anos da Antígona (I) / Luís Oliveira, sobre os 30 anos da Antígona (II) / Antígona: 30 Anos / Livraria Letra Livre

domingo, 1 de fevereiro de 2009


LIVRARIA (PARCERIA) ANTÓNIO MARIA PEREIRA

Na morte de António Maria Pereira [1924-2008], advogado e político, ocorrida no dia 28 de Dezembro de 2008, de imediato surge à lembrança a antiga Livraria António Maria Pereira, que tantos e estimados livros publicou. A mítica editora teve uma actividade editorial notável, patrocinando os melhores escritores portugueses.

O ofício de livreiro de António Maria Pereira, um desconhecido com 23 anos de idade que tinha sido aprendiz de oficio na Casa dos Vinte e Quatro [corporação extinta por D. Pedro a 7 de Maio de 1834] e depois caixeiro na estimada Casa Marques, começa a partir do dia 18 de Agosto de 1848 quando se instala no nº188 da Rua Augusta. O mester de livreiro [a este propósito é indispensável o livro de Fernando Guedes, "Os Livreiros em Portugal e as suas associações desde o século XV até aos nossos dias", Verbo, 1993] lê-se na tabuleta da porta que indicava:"Estabelecimento para venda e encadernação de livros" [cf. Crónica de uma Dinastia Livreira, de António Maria Pereira, Pandora, 1998].

Editando os melhores escritores da época, a par de literatura popular, torna-se uma importante editora e a partir da administração do 2º António Maria Pereira ("um homem de letras", segunda Eça) muda o nome para Parceria António Maria Pereira. Curiosamente na primeira direcção da (denominada) Associação dos Livreiros de Lisboa (13 de Fevereiro de 1924), o secretário da direcção estava atribuída à Parceria. Como, aliás, virá a suceder em 1927, quando aparece entre os livreiros que fundam a Associação de Classe dos Livreiros de Portugal [cf. Guedes, 1993]. Foi esta Associação que em 1930 promove a Feira do Livro.

A administração da Parceria passa, de novo, para as mãos de um novo António Maria Pereira (o 3º), mas a crise, a má gestão e depois os conflitos laborais surgidos após o 25 de Abril, passa à denominação de Livraria do Arco e rapidamente se extingue. O dr. António Maria Pereira, filho do último administrador da Parceria e falecido em Dezembro último, em 2000 refunda a casa editora dos seus antepassados, a Parceria António Maria Pereira.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008


COLECÇÃO ESCARAVELHO DE OURO

... A sua [Joaquim Figueiredo Magalhães] juventude impressionou-se com os intelectuais, esses seres 'flamejantes'. Queixavam-se todos de que tinham obra mas não quem os editasse. Ele ouviu-os e aventurou-se. Começou por edições soltas, entre elas O Barão de Branquinho da Fonseca. Com dinheiro de família, funda em 1950 a primeira editora, a Édipo, lançando a colecção Escaravelho d'Ouro. "Os nossos intelectuais, na altura, entendiam que a literatura policial era secundária, de fancaria. Mas há livros notáveis: o Chandler, o Dashiel Hammet, a Agatha Christie, o Simenon, o Maurice Leblanc, fui eu que os editei ...

in jornal Público (01/12/08): "Joaquim Figueiredo Magalhães. O último livro da Ulisseia s.f.f.", por Catarina Portas.

Joaquim Figueiredo Magalhães (1916-2008)

Nasceu no Porto a 5 de Agosto de 1916 o fundador da incontornável editora Ulisseia (1948). E são (ainda) dias preciosos aqueles que os seus livros (e o tempo através deles) nos recordam.

Estamos todos gratos por ter tido Steinbeck, Céline, Beckett, Durrell, Vailland, Hemingway, Yourcenar, Greene, Henry Miller, Kerouac, Mircea Eliade, Evelyn Waugh, Ezra Pound, Apollinaire, Pasolini, Boris Vian, Morávia, Mailer, Dashiel Hammett e, evidentemente, os portugueses Mário Cesariny, Luiz Pacheco, Herberto Hélder, Fiama Hasse Pais Brandäo, Manuel de Lima, José Blanc de Portugal, Cardoso Pires, Alexandre O’Neill, Vergílio Correia, Raul de Carvalho, António Ramos Rosa, Sttau Monteiro, Melo e Castro, Carlos de Oliveira, José Marmelo e Silva, Manuel da Fonseca, Faure da Rosa, Eduardo Lourenço, na boa e saudosa colheita de livros da Ulisseia. E que nós, em pecado bibliófilo, possuímos e não libertamos. Bem como a revista Almanaque, de muita memória, como AQUI nos referimos.

Um bonito texto de Catarina Portas sobre essa admirável figura que foi Joaquim Figueiredo Magalhães, foi publicado pelo jornal Público (1/12/2008) e pode AQUI ser lido.

segunda-feira, 19 de março de 2007


Ribeiro de Mello

Continua o labor exaustivo de Ricardo Jorge, em torno da figura curiosa de Fernando Ribeiro de Mello e das edições Afrodite, de muita memória. Entre as editoras de antanho há lugar, elevado, para o génio (excêntrico que seja) de Ribeiro de Mello. As fotos postadas na Afrodite, revelam-no. O trabalho paciente do Ricardo Jorge, vestido de sobriedade e engenho, é serviço público. Graças, Ricardo!

terça-feira, 27 de maio de 2003

ARRUMAÇÕES ... E LÁ CAI O JPP

Hoje na labuta de organizar a livralhada que se acumula numa sala mais afastada das outras, por maldição política diga-se, levei com o Bordiga (Bordiga et la passion du communisme, das Edições Spartacus, 1974; Bordiga ou la crise du prolétariat, Payot; e alguns mais), o Camatte (de novo sobre Bordiga) e o Jean Barrot (O Movimento Comunista) à mistura. Foi demais, confesso.

Enquanto meditava nas excelentes edições da &ETC, desse editor da vadiagem que é Vitor Silva Tavares, ainda e sempre incomodativo, ou no que é feito do Júlio Henriques e dessa prendada Pravda, Revista de Malasartes, eis que mais ao lado deparo com a colecção dos Textos de Apoio da Portucalense Editora, todos eles fortemente proibitivos nos tempos do Marcelismo, e com outra colecção sobre 'O Movimento Operário Português' das Edições Afrontamento. Tudo direitinho, prenhe de anotações que o tempo registou. O número dois dos Textos de Apoio, é um magistral trabalho sobre 'As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal. A greve geral de 1918', do nosso amigo que assina no Abrupto. As notas que constam de cada capítulo são preciosas. Sempre tive pelas anotações ou nopas de pé de página uma relação de paixão. Bem como pela bibliografia da cada obra. Manias. O livro de JPP foi importante para toda uma geração de esquerda. Outro, estacionado mesmo ao lado, do mesmo JPP com distribuição pela Livraria Júlio Brandão (qual a importância desta distribuidora de Famalicão; quem estava por detrás das suas iniciativas? Já não me lembro bem e talvez JPP saiba), trata-se das 'Questões sobre o movimento operário português e a revolução russa de 1917'. De novo a mesma caminhada do autor, os mesmissimos pressupostos que na altura guiavam o jovem JPP. Dizia, à laia de conclusão no prefácio:

«Quando as condições para a maturidade política, teórica e organizativa, dos comunistas portugueses paraciam estar realizadas, o golpe militar de 1926 veio encerrar a experiência do movimento operário do período parlamentar. À luz desse golpe pode-se hoje compreender melhor os limites do movimento operário e os impasses a que a acção anarco-sindicalista tinha levado. Permite-nos compreender do mesmo modo como a acção decisiva da revoluçõa soviética de Outubro para a prática política operária foi retardada em Portugal pelas barreiras que a ideologia dominante no proletariado português lhe impôs, assim como pela incipiente formação teórica e militância política dos comunistas do P.C.P.»