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domingo, 28 de setembro de 2003
REGRESSO DA MEMÓRIA
"Grandes mágoas de todas as coisas serem bocados" [F.P.]
E que dizer desta tarde-ligada-à-noite feita de lembranças, memória antiga que o tempo separou? Os Stones eram apenas o pretexto para dar fôlego à vida. Nunca nos abriram a porta do tempo, nunca nos excitaram para além do quente das flores, do devorar do espanto entre as fissuras do desejo. Tu gostavas, eu sei. E eu, "não sou daqueles que ruminam rancores" (Safo). Como o tempo arde. Aparte isso a música dos Stones era execrável. Je regret que je n'avais pas dit au revoir. A Filipa no fim das aulas do Camões, o coração a bater forte quando entravamos na Roma, depois esse ficar embaraçosamente na espera, ali a Av. Madrid tão perto, sempre esse caminho onde "tu mueres desesperada, y a mi me mata la espera". Lembrei-me de ti quando há dias se falava da nossa Av. de Roma, e um sorriso escapou-me da boca. Tu bem sabes que a "única solidão é aquela que não tem passado" (tia Bessa Luís, como gostas de dizer). Suavemente instalei-me, de novo, na sala de estar do nosso desassossego. Hoje, o tempo arde. Ouvem-se gritos lá fora. Gostei de te ver. Os Stones eram apenas um pretexto, tu sabes. Um dia voltaremos a sentarmos naquele banco do jardim do cinema Roma, e poderei dizer-te que "je suis comme je suis / je suis faite comme ça / quand j'ai envie de rire / oui je ris aux éclats" (Prevert).
Um beijo.
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