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terça-feira, 22 de setembro de 2009
IRRESPONSABILIDADES
"Nu, como o discurso de um académico" [Alfred de Musset]
Como era de esperar, a paróquia transformou-se nesta "ingente mercearia" que o encarregado-geral, o dr. Cavaco Silva, caseira & irresponsavelmente faz vivificar. O admirável leader, Cavaco Silva, por amor da colectividade da direita "mais estúpida da Europa", tem uma coterie de incendiários & abstrusos sujeitos que o cortejam emotivamente, ad usum Patroni.
A agremiação cavaquista, onde pontificam amanuenses criaturas, literatos analfabetos, espíritos desorientados e outras tantas individualidades originais, ainda não compreendeu, que para lá dessas minúcias de intimidade liberal e trabalho cénico de direita, o dr. Cavaco foi (é) o coveiro dessa mesma direita e, em especial, do PSD. Os factos, simplesmente, o demonstram.
Os males são conhecidos. Perante o pior governo (o desastre económico e social, é evidente) destes últimos 35 anos – sempre angelical no cárcere autoritário e pesporrente na propaganda governamental –, o Presidente da República, roído decerto pela voluptuosidade dos seus tiques arrogantes, foi-lhe de uma fidelidade humilhante (outros dirão, esclarecida ou de estado), e desde o início do seu mandato foi grandioso e inesgotável de elogios e prebendas a Sócrates. Onde alguns esperavam ambiciosos contraditórios ou enternecidos gestos de amor democrático e de simples exercício de cidadania (veja-se o código laboral ou o caso paradigmático da educação e dos professores), saiu-lhes um Presidente estimulante de carinho socrático, macilento, escandalosamente apoiante do governo: isto é, um excelente director-geral do reyno. Pior não era possível!
É certo que muitos dos seus pitorescos apoiantes, no meio desse engulho, apostavam que o sábio Cavaco, neste seu primeiro (e suspeita-se, único) mandato, tenderia a dar lastro às medidas económicas e sociais da governação (não a vitimizando), para num momento posterior (fim do mandato ou no seguinte) repor o ideário “perdido” de uma outra direita dos interesses. É certo que a derrocada económica e social, a crise financeira, o desastre nas relações convencionais de cidadania, o negócio obscuro das corporações, a imolação da ex-direcção do PSD, a confrontação directa (e inesperada para Cavaco) com o governo, fez antecipar a (previsível) ruptura. Porém, o bisonho Cavaco – que é de um tacticismo exasperante e pouco dotado para a estratégia política –, rodeado de altíssimos amadores e irresponsáveis conselheiros, não só não honrou a instituição Presidência da República, como por recato ou omissão teve o condão de se auto-imolar, ao mesmo tempo que liquidou (de vez) a candidatura eleitoral de Ferreira Leite. Hic Cavaco, hic salta.
O paroxismo deste caso das “escutas” (ou "inventona de Agosto") engendrou tamanha trapalhada, que, desde a arraia-miúda ao mais prócere dos comentadeiros, a indigestão política e a intensidade da "coisa" deixou o “corpo do rei” em fragmentos que serão difíceis de reunir. O dr. Cavaco, em excesso de irresponsabilidade, perdeu a legitimidade política. Porque espaço político já o tinha perdido há muito. A piedosa lenda sobre Cavaco tornou-se uma tragédia e numa farsa. É a vida!
A “INGENTE MERCEARIA”
Não sem surpresa, quando regressados da nossa tournée (ou giro de boudoir), os desagravos inspiradores da liça eleitoral estavam no seu esplendor. A prosa estragada de D. Manuela era impiedosa, mas vulgar. O sr. Sócrates especulava em solenidade depravada sobre as atrocidades económicas e sociais dos anos da barbárie a.S. (o sr. Sócrates nunca governou!). O dr. Portas berrava saloiamente, em feiras e mercados, o seu conhecido repertório reacionário. O B.E. era injuriado por criaturas analfabetas e já sem esperanças de casar. O camarada Jerónimo vira o homem da luta, cantarolando os amanhãs que cantam. Os jornaleiros e paineleiros locais esmiuçavam a oposição (o grupo Sócratico, nunca existiu!). O D.N., com unhas para dar e vender, era um coro de bufaria, de ir às lágrimas. A laracha simplória e a deliciosa comédia eleitoral sobre as socrancrices "escutas" atingia o seu zénite, com o silêncio e as omissões do dr. Cavaco. E nunca um Presidente da República foi tão parco & sombrio de ideias. Na espera da tremenda "bomba atómica" (pós-eleitoral) que o sábio Cavaco, absurdamente, ameaça sob enorme chiadeira nos locais do costume, os paroquianos de direita adivinham já estóicas lutas. A "ingente mercearia" treme de emoção.
Entretanto o país caminha triunfalmente para a falência, o pé adeante na ruína que está já aí, e não há incidente espalhafatoso que fulmine toda essa mundana gente. Ah! E voltaram os Gatos, com a mais-valia milagreira do RAP. Lá me avisou a minha olímpica vizinha. E – digo eu – está em marcha dois leilões de livrarias, um dos quais será certamente inolvidável. Por último, uma estimada homenagem ao grande Luiz Pacheco terá lugar, oportunamente, na Biblioteca Nacional. Mais não é preciso.
Vale!
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
BLOGS!?? ONDE ESTAVÁMOS NÓS???
A introdução (sempre essa problemática cruciante) dos blogs partidários na blogosfera doméstica entusiasmou tanto a plateia literária (ou pocilga política) que, de imediato, a praça pública, ora de gatas ora em finca-pé, homenageou laboriosamente tais criaturas. As histórias promulgadas no Simplex, de feição humorista-socratista, concorrem com o lento latejar da lida de inéditos da sra. Ferreira Leite, para os lados do Jamais.
Num, o depoimento político ou negócio de recados, capricha a necrologia do regime, a lembrar os vieux temps marcelistas, firmados pelo autorizado carteiro, com o "cabelinho à fosga-se", o sr. João Tiago Silveira. No outro estabelecimento, olhos fitos no trautear cavaquista, o viveiro arruinado da Rua de São Caetano à Lapa faz estampadas postas para conjurar a dita luxúria da escola do dr. Cavaco.
No primeiro, a ciência política é uma simplória gambiarra do governo, enquanto a economia política se lhes afigura uma epidemia glossológica (siga-se para o efeito, mansamente, os trabalhos desse leitor de lombadas financeiras, o jovem Galamba ou as primorosas estatísticas do superlativo Hugo Mendes). Naquele outro, o espectador conclui, invariavelmente, que não só a política precisa de ser modernaça (isto segundo a predicada bondade filosófica do paladino José Gomes André) como a sra. Ferreira Leite, antes & depois do balsedo eleitoral ou pela intensidade vulgaríssima da sua doutrina visionária e que tanto obrou em tempos idos, é essa salvação certa contra os tementes do sr. Sócrates.
Curiosamente, no Simplex, a pragmática celebrada (das origens ao presente) de alguns viciosos catilinários do sr. Sócrates & Maria de Lurdes segue o método exposto pelo subtil Curzio Malaparte (sempre de utilidade didáctica nestes assuntos). Isto é, a coberto dos interesses corporativos mais descarados (que não graciosamente ideológicos), prolifera a técnica de paralisar os adversários, concentrando esforços em objectivos principais e "atacar directa e duramente sem fazer barulho". Assim se explica o rancor analfabeto de João Paulo Pedrosa, crocando exteriorizadas postas reaccionárias contra certa esquerda, que o leva singularmente a nunca observar, manusear ou debater as políticas seguidas pelo seu patrono. Como aluno do sr. Santos Silva (o picaresco malhador), não poderia estar melhor. Não por acaso o rapaz, serôdia e tacanhamente, diz-se militante da ala direita do sr. Sócrates. Como se não o soubéssemos já!
quarta-feira, 29 de julho de 2009
ECOS PARA O BLOGUISTA INSTRUÍDO
Da Ópera Bufa: comprai e dai a ler aos V. rebentos o novo guia do admirável leader, abreviado & escrito num serão da blogosfera, com diálogos entre o sábio aio e seus discípulos, composto em latim twittado e traduzido por Paulo Querido, mestre-de-cerimónias. Á venda nas filiais do Largo do Rato.
Do Discurso Inaugural: vai sair brevemente a novíssima epístola aos "Novos" bloguistas sobre a vida doméstica da paróquia nos próximos anos, posta a correr pela gloriosa patriarca laranja, Ferreira Leite, com sátiras, epigramas e anedotas eleitorais. Experimentado em laboratório. Verdadeiro tesouro contra a relaxação da moral económica e financeira da charneca lusitana. Pedidos à Rua de São Caetano à Lapa, nº 9.
De Lisboa: diatribes contra a timonice acerca da história geral das dívidas da vereação, novena ou exercício devoto desses dias originalíssimos, colegialmente coligidos pelo seráfico Lopes da D. Ferreira Leite e o comendador Costa, da colectividade "Amigos Socráticos". Com todo o género de materiais de desengano de erros comuns sobre bicas, fontes, praças públicas, S. Bento e outros lugares do termo. Brinde aos leitores do bloco central com o utilíssimo ecos da alma do escriba virtual Bettencourt Resendes. Tip. Diário de Noticias.
Do Troféu: curioso reportório dos tempos esquerdistas do sr. Vale de Almeida ou aventuranças de um homem de qualidade na pré-modernidade, recolhidas em todos os blogs da praça por um independente do mundo e da fortuna, com avisos e reflexões sobre o que deve obrar um gay para satisfação pessoal e conversa futura casamenteira. Passeios e digressões, com ou em estampas, nas vielas modernistas do sr. Sócrates. Dedicado à saudosa memória da classe operária.
Do Volteio: corre por aí, que o SIMPLEX, que se tornou um blog reputadamente honrado e esforçadamente socrático, acaba de publicar o primeiro fascículo do 25 de Abril de 1974. Aceita fotos de Valter Lemos ou na alternativa de José Miguel Júdice. Utilíssimo para postar a pregadores desenganados.
Do Passo de Escola: Irene Pimentel, mui atenta ao movimento "utopia” 1917, subscreve sem reservas a necessária avaliação de desempenho para os professores e investigadores do ensino universitário, da qual é hóspede. Para o efeito alugou o bar da Universidade Nova de Lisboa, para os chás dançantes.
Do Almocreve: colecção de miscelâneas, narrativas & folhetos para uso do vulgo contra o profundo sono do esquecimento, publicada com todas as licenças necessárias, a Occidente de Coimbra. Secção especial contra o antídoto celestial do sr. Sócrates e a profissão de fé de D. Ferreira Leite. Á venda nas boas livrarias e casas de passe.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
ENFIM ... "OS VOTOZINHOS"!!!
"Maria não me mates, que sou teu pai" [José Sócrates, perdão, Camilo C. Branco]
As eleições d’hoje acabaram (supõe-se de vez) com o cárcere imposto pelo sr. Sócrates. Contra o pensamento único, contra o autoritarismo e a delação, contra a soldadesca que tomou de assalto o Largo do Rato, contra a espuma dos interesses instalados, contra o medo derramado, contra as marionettes a soldo deste governo, contra os caluniadores das classes profissionais (os docentes, em especial), contra o jornalismo manipulativo (Habermas), contra o putedo intelectual, os eleitores que deram a vassourada impiedosa nessa gentinha do sr. Sócartes & amigos bradaram alto o direito à discordância. A rua – essa admirável prostituta – tinha razão!
A sra. D. Lurdes Rodrigues queria contar os "votozinhos" e os eleitores, por uma vez (sem exemplo), fizeram-lhe a vontade. Um beijo, Ana Drago! O sr. Santos Silva (vulgo S.S.), oficioso publicista da governação, "morreu" de boca. Graças, senhor! O paternal sr. José Lello, oráculo do regime, desapareceu em combate. Discretamente! O sr. Vitalino Canas, apóstolo da superstição socrática e sua testada, não se recomenda doravante a ninguém. Felizmente! O sr. Silva Pereira, animador de imposturas e orquestras únicas, foi esmagado. Estupendíssimo! O sr. Alberto Martins, reluzente de "democracia" interminável, lacrimejou. Inaudito! O gentio - farto do colégio interno do sr. Sócrates – fulminou-os. Inteligentemente!
Perdedores: o sr. Sócrates e os seus idiotas úteis; Vital Moreira, mais a sua trovoada de argumentos indecorosos; a sra. Lurdes Rodrigues e o seu rosário educativo; a Eurosondagem e a sua proverbial açorda estatística; o folião dr. Mário Lino; o sr. Vieira da Silva e o seu engenho social demagógico; o desconexo e brejeiro sr. Manuel Pinho; o sr. Carlos César; o sr. cavernoso Almeida Santos; os vassalos jornaleiros do DN; o nosso querido e jovem Mário Soares; o amestrado sr. José Miguel Júdice; o sr. Emídio Rangel e a sua neurose indiscreta; a incrível comissária Câncio; o sr. Miguel Sousa Tavares e a sua rincharia afamada; a sempre sorridente Edite Estrela; o indescritível sr. Bettencourt Resendes; os suspeitosos escribas do JN; o autorizado funcionário (cheio de graça), o escriba Miguel Abrantes; aquele rapaz da mui "esquerda" alta, o doutrinal Pedro Adão e Silva; a gentinha escolástica dos blogs ou boudoir do sr. engenheiro.
Vencedores: o curioso e notável Paulo Rangel; a sra. Manuela F. Leite, pela sua arte de recato; o Bloco de Esquerda e a sua direcção; o PCP, pela sua resistência; o sr. Paulo Portas, pela sua arte de sobreviver; os professores e as suas associações ou grupos; o sempre fraterno Manuel Alegre e os socialistas honrados; as classes profissionais; o jornal Público e o seu director; o inteligente e imprescindível Rui Tavares; a TVI; a blogosfera livre, cívica e democrata; os homens dignos e os livres-pensadores.
Boa noute!
sexta-feira, 5 de junho de 2009
ELEIÇÕES NA PARÓQUIA!
"O incrível país da minha tia, / trémulo de bondade e de aletria" [Alexandre O’Neill]
Domingo há as voltinhas das eleições domésticas. As regras da "arte de eleitorar", animadas pelas boticas partidárias & pasmosas nas suas incursões europeias, foram tormentosas. As investidas e as trapalhadas que as acompanharam foram tão extenuante que o silêncio ruidoso sobre essa Europa (sem corpo e espírito) só é comparável com estes anos de cárcere do sr. Sócrates. Domingo, o "sapatinho está na chaminé". Mesmo que o ruído, a agitação e as palmadinhas nas costas sejam frenéticas, a admoestação será de boa nutrição. As lamentações não podem ficar em casa! Mesmo que este país, engasgado & sem remendo possível seja uma deliciosa balbúrdia, a ("petit") vassourada virá por bem. Assim o queiram Vossas Mercês!
Sobre o movimento dos candidatos & suas novenas:
Vital Moreira: redactor das mais extraordinárias diatribes (palavrosas) publicadas. O lente engasgado, o irritado professo do sr. Sócrates em remanso europês, fez o que se esperava. Muito pouco lhe saiu perfeito, nessa lide que não é a sua. A sua estatura de académico foi liquidada, coisa que Vital não tinha pensado. Mesmo que ganhe, o desastre virá por si. O que disse sobre as classes profissionais, nos quatro anos de terror governamental, desqualificam-no. Ninguém esquece!
Paulo Rangel: vaidoso, arguto q.b., este curioso liberal debruçado no regaço da dra. Manuela, à falta de apoio caminhou sozinho. Ganhou em respeito, o que perdeu em propostas. O pântano de ideias que é esta Europa salpicou-lhe os efeitos decorativos caseiros. Durão Barroso (ou o que ele representa) fez-lhe perder a autoridade e a pronúncia anti-governo. Ganhou-se um deputado europeu, perdeu-se um excelente leader parlamentar. A incompetente dra. Manuela está salva!
Ilda Figueiredo: esforçada, séria, faz a autópsia da Europa com a ladainha costumeira. Seja em que media (ou palco) for, as artes discursivas nunca variam. É admirável como se sabe sempre o que vai dizer! Um cansaço, a sua agitação. Fez parte da maior (e única) arruada anti-governamental. Manteve, com apoio inestimável de Jerónimo Sousa, o eleitorado do seu partido. Sabia-se que seria assim, mas a dúvida era impiedosa.
Miguel Portas: mais solto, mais estudioso, mais esclarecido. Consente o debate e o contraditório (o que é raro), de modo informado e crítico. O único que disputou importantes (a crise financeira!) questões europeias, em termos globais. Esteve quase sempre bem. Fez subir a votação do seu partido, o que será sempre uma curiosa desinquietação para alguns iletrados de direita. Um vencedor, antecipado.
Nuno Melo: actor de feira, num palco de gente. Descabelado! A chateza e o palavrório dos seus putativos ataques a Vital (ou Rangel) destoam do (bom) trabalho parlamentar que faz. Sem lisura nem argumentos, mantêm (discretamente) essa curiosa espiritualidade anti-Europa. Uma grande incógnita, essa sua arremetida posição.
Boa reflexão!
domingo, 1 de março de 2009
VITAL MOREIRA, FUTEBOL & APAGÕES
Vital Moreira é profissionalmente correcto, culturalmente estimado, pacificamente democrata, mas politicamente imprudente. Ao aceitar ser cabeça de lista pelo partido do sr. Sócrates ao Parlamento Europeu, além de entrar (definitivamente) no inner circle dos seus duvidosos amigos, não faz mais que dar "cobertura científica ao reaccionarismo" [cf. Vital Moreira, Vértice, 1979, nº416] e aos "arrochos" dessa gente. Decididamente Vital Moreira "perdeu a cabeça" [ibidem] com o sr. Sócrates. Coisa já previsível ao longo dos seus desbragados escritos na Causa Nossa e pelos jornais. Nunca nenhum independente (que o seja) foi tão longe em defesa do chefe e do seu grupo de interesses.
Decerto que o "carácter compromissório" [ibidem] de Vital Moreira é diferente do catecismo de um Santos Silva ou das diatribes do aio vigilante Lello. Mas a campanha psicótica injuriosa, difamatória e a inqualificável contra os educadores – os médicos, ou a função pública em geral – e a instrução pública (que os seus textos de raiva ostentam) apresenta-o, desde logo, como um ignorante em matéria educativa. Assunto, aliás, que totalmente desconhece e não pratica. Vital Moreira, na sua especulação socrática, não entendeu ainda que mais que um ministério da educação se precisa é (aqui e na Europa) de um ministério de instrução. Coisas, absolutamente diferentes!
Curiosamente (ou não), a questão da instrução e do ensino tem atravessado o debate académico e político por toda essa Europa (vide França e Alemanha), tendo assumido um lugar central e urgente, dado a falência da instituição educativa e do modelo de ensino neoliberal - modelo esse que Lurdes Rodrigues e o próprio Vital pela paróquia defendem – e a urgência de medidas de requalificação profissional dos seus cidadãos. No Parlamento Europeu, em que trincheira ideológica Vital Moreira se colocará?
Por outro lado, a cantilena das "reformas em curso" do governo (que, de facto, são urgentes, mas ninguém vê) com que tem blindado o seu próprio discurso, mais que o seu opinioso protestatório a favor da governação, é, isso sim, o branqueamento de verdadeiras e boas reformas. De facto, como Vital Moreira um dia escreveu, andam por aí um raminho de "juristas do Estado-de-Direito" [Vértice, 1974, nº369] que se armam, quando a contestação sobe de tom, em "campeões do Estado-de-Direito" [ibidem]. Vital Moreira, em todos os assuntos da fazenda, comporta-se nesse registo.
Finalmente – já o dissemos - Vital Moreira é academicamente competente e tecnicamente insuspeito. Postulados não desprezíveis num Parlamento. Mas o seu propósito de gorjear no grupo de amigos do sr. Sócrates, não lhe vai trazer aplausos ou fidelidades. Pelo contrário, perde-se um académico e não se ganha um político. Não por sinal, os excursionistas de Espinho, pouco dispostos ao debate político, depois do futebol visto durante o decorrer do Congresso, foram virtuosos no apagão salvífico. E das trevas nunca virá luz. Como se sabe.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
Parabéns Lisboa
"O futuro é uma pescadinha de passado na boca" [Edgar Xavier]
A carreira regular para as honrarias & benesses da Câmara Municipal de Lisboa acabou. Os encarregados dos toques do recinto conhecem-se. Tudo gente boa e risonha. Como se sabe, os srs. Costas & Carmonas foram os vencedores, atrás dos demais putativos hóspedes. Fagueiro de emoção, a sábia dupla arremessou-nos com os seus 29 e 16 por cento de peso eleitoral, entre outras pérolas soit-disent. Entre o arvoredo do Altis, o virtuoso eng. Sócrates sorria. Sorria e gritava sempre. O pé de boi, capaz de felicidades domésticas, virá depois. O circo continua. Vai continuar. Os senhores Salgado, Júdice & Sanches, reservaram o palco. Esperem para ver.
Os buliçosos indígenas da capital lusa, entre comichosa e divertida acção de propaganda televisiva, tiveram ainda ocasião de assistir às palavras & ao choro desvalido do dr. Portas, encanto da garotada do PP. Ao que diz, os seus rústicos instintos liberais estão por um fio. Está abalado. Cansado, mesmo. Enfim, já não há cargos como antigamente.
Curiosamente, a delicada operação de cosmética eleitoral fez, pitorescamente, arribar à capital da paróquia raminhos de servos da província. O perfume do campo e a vibração da canalha foram a tratamento espiritual. Simpáticas idosas e idosos de Cabeceiras de Basto e Famalicão, sempre muito entusiasmados pela festa da União Nacional, perdão, do sr. Costa, olhavam com indescritível fagueiro de emoção a festa, a luz e o dr. Almeida Santos. Não houve bailarico, não cantou o rouxinol, mas a visita de estudo era de pasmar. À nobre comissão de festas, o nosso bem-haja.
Glória a Lisboa! Um dia será.
sábado, 23 de junho de 2007
Lisboa: todos bons amigos!
A lamúria entre os putativos candidatos à Câmara de Lisboa, esta semana no debate na SIC, foi de partir a alma ... alfacinha. Nos espíritos delicados da confraria televisiva, após construção de solenes cenários, o abismo e a miséria que é hoje Lisboa deixará, por intermédio desses beneméritos, simplesmente de existir. A oratória foi tão esmolada, o tom suplicantemente milagroso apresentado foi de tal forma encenado, que deu para entender que aquelas sumidades nunca puseram os pés em Lisboa. Aliás, ninguém parece saber quem governou Lisboa nestes tenebrosos anos.
Sobre o debate, a curiosidade de se assistir ao postulante dr. Costa a esgrimir contra o casto Ministro Costa, é coisa de não se ver todos os dias. O dr. António Costa, sem qualquer graça, chamou para felicidade dos indígenas e para por ordem à urbe o providencial Ministro das Finanças, que como se sabe é tão generoso como a dra. Ferreira Leite. E, modernaço como se supõe, falou no dito "simplis". Na abundância, fez a chamada ao sr. Manuel Salgado. Só visto!
Fulminados ficámos com o rapaz empertigado do PP, de nome Telmo, que avança com o luzimento de querer acabar com os boys em serviço ao lixo e higiene da cidade. Providencialmente, mostra-se piedoso com os idosos e a canalha. Um must! O sr. Fernando Negrão surge em sofrimento resignado e, de tal forma, que não se lhe tira uma única ideia para a cidade, por muito que se esforce. O dr. Negrão expirou, só que ainda ninguém lhe disse. Por último, o dr. Carmona um dos coveiros da cidade, anunciou que no se passa nada por lá. A imaginação deste castiço edil é fascinante. Os escrivães da fazenda indígena agradecem tais ínclitos candidatos. Em Lisboa são todos bons amigos. Disse!
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