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quinta-feira, 24 de março de 2011

CENA ABERTA OU ENSAIOS DE MARCAÇÃO



"Life, as we know it, does not exist" [S. Mhakhaphi]

A paróquia assistiu (assiste) ao mise-em-scène da "morte" política anunciada do sr. Sócrates. A encenação foi corretamente composta, passe o facto de o palco ter dimensões curtas. O sr. Sócrates implantou a cena, fez as marcações e assinalou o ritmo. O estilo - o curioso-dramático estilo tão copiosamente caracterizado pelos doutos politólogos indígenas -, de facto, não é importante: há muito que a cenografia & a iluminação da governança do sr. Sócrates eram uma extraordinária estapafúrdia, um vaudeville, que nem um padre-nosso (a existir!) salvífico nos emprazava das bengaladas atrevidas da fuhrer Merkl ou da benzina milagrosa do sr. Sarkozy. A sopa dos pobres, pitoresco expediente paroquial & tão de agrado da clientela partidária do bloco central, está para durar, sempre insinuante e terna. A continuar!

Ontem a questão era simples - porém complicada de se lhe seguir como tragédia -, a saber: Sócrates ou Nós. Demasiado simples! Na verdade, o roteiro Socrático foi (e será) um desastre completo. A ruína financeira (que nos tem cativos), a afrontosa ditadura do merceeiro Teixeira dos Santos, a capitosa inconsciência social, a fraude & a mentira intolerável (o valor real do défice, não aqui é um simples pormenor), o despotismo corrosivo da cidadania e a alucinação que tudo destrói, trouxeram ruína à acomodatícia ruína do país. O negrume destes anos (e dos que se lhe vão seguir) é um sério aviso ao cidadão livre e fraterno. Por isso, as palminhas grupais que os serviçais do sr. Sócrates - essa infernal facção política que liquidou a honra do Partido Socialista e arruinou o país - vão fazendo cair, em fingimento nas redes sociais e nos seus enlevos partidários, é perigosa mesmo que seja uma caricatura. Ontem a questão era simples, a saber: por fim à fraude, à demagogia, à falta carácter revelada pelo sr. Sócrates & amigos. Porque um país não pode viver na mentira, na incerteza, na falta de esperança de futuro, em campanhas de ódio permanente. A chantagem política e a incompetência tinham de ter um fim.

Que do claro-escuro desta peça nos surjam galãs cómicos (o sr. Portas & garotos amestrados), até um contra-regra no Palácio de Belém agora em ensaios constitucionais primaveris, ou, principalmente, um novo encarregado do palco, um sr. Coelho espingardeando demagogicamente velhas urdiduras do ex-assinante sr. Sócrates, esclarece a tragédia cínica disto tudo e a pateada que se lhe vai seguir. O sr. Coelho (com os oráculos neoliberais à ilharga), como antes o "maravilhoso" sr. Sócrates, teima em salvar Portugal. O aranzel é conhecido: livrar-nos do Estado, deixar em rota livre o espírito pensador dos nossos empresários, que, como bem se sabe, são inteligentes, empreendedores, competentes e, curiosamente, até mesmo empresários. O resto (dizem) virá por especial simpatia e visão empresarial, qual graça ou solene te-deum de 800 anos de ex-votos pátrios. O défice subordinar-se-á, por fim, aos deveres do alheio, o exercício cívico será luminoso e logo observado, a economia será alavancada em grandiosidade nunca vista e os insubmissos especuladores (os tais… esses mesmos) serão domados, como num passe de mágica. E a Europa será nossa! Ecce filius tuum.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PRESIDENCIAIS – XEQUE À REPÚBLICA!


"On ne fait pas des omelletes sans casser des oeufs" [?]

Dizem por aí que há eleições presidenciais. Uma frescura de cidadania, um rendez-vous caricioso e inviolável, uns ex-votos constitucionais. Pode ser que sim! Como deparámos com uma zarzuela política provinciana, utilíssima para encarapuçar indígenas falidos e despeitados, inspirada & estrugida por uns curiosos artistas prometendo o visionamento de novos amanhãs celestiais ou financeiros, é muito conjecturável existir tão caridoso evento.

Não fora a colónia dos rapazes dos jornais grasnando o pavor pela reputação lendária do fuhrer Angela Merkel e as finanças nativas pós eleitorais, o alvoroço condimentado pelas agências de rating articulado por ex-economistas [gute nacht! frau Teodora Cardoso] ou as réplicas simplórias do "mártir" dr. Cavaco Silva nos saraus televisivos, quase que apostávamos que não. Que eleições presidenciais eram no tempo em que havia homens probos, cavalheiros de carácter e de bons costumes. Não agora.

Mas pode ser que sim, que um dia haja eleições, já que alguns espíritos superiores como o dr. Marques Mendes, o padre-mestre Emídio Rangel & a sua lança socrática, sem esquecer a casta Helena Matos (oh! a geração do 69) e a presença iluminante do perigoso lidador esquerdista Pedro Adão e Silva, a ela (presidenciais) deram acolhimento, bizarria e musculação.

Ao que nos dizem os troveiros, o candidato Cavaco Silva (e a sua Maria) tem o morgadio do Palacete de Belém por mais uns tempos. O raminho de "democratas" praticantes que se aprestam a colocar a écharpe para ensaiar o novo (ex)reportório cavaquista está em franco movimento. O talento da gente bizarra do ex-BPN, o contágio financeiro da sopa dos ricos do sr. Fantasia & Cia, a prosa enlevada de Lobo Xavier e a pesporrência do arq. Saraiva do Sol – conhecidos trampolinistas - vão dar, certamente, a táctica e estratégia futura para que o dr. Cavaco graciosamente prospere in limine, enquanto o sr. Sócrates pode segurar a comédia a que nos habituou. Duas almas gémeas!

No resto, e entretanto, os defuntos do PSD podem (des)esperar, que fenecem descalços. O pieds-de-nez costumeiro do dr. Cavaco à política ou a sua prosápia sobre o carácter humano engrossou o aranzel indígena, mesmo entre os seus acólitos e demais cativos. A coisa está negra, mesmo para o futuro presidente. Quanto a nós, pouco dados a albardas ou a meneios que não sejam as da liberdade e virtude cívica, teremos de nascer duas vezes para acreditar que corre por aí qualquer excerto eleitoral. Mesmo sabendo que "nada é mais atraente que as coisas desonestas" [Ovídio], não ficaremos na foto para a posteridade. Sans rancune.

Boa noute!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PRESIDENCIAIS – O LENTE IRACUNDO


"Tudo se paga nesta terra, o bem e o mal. O mal é mais caro, naturalmente" [Céline]

A paróquia, arrefecida na sonolência pela crise da crise, está definitivamente vítima de um mestre-escola. O educador presidencial Cavaco Silva, em requintado e alucinante mascar de palavras, largou (de vez) à desfilada verbal pelas charnecas indígenas, soqueando o espantado nativo televisivo com o incipit da velha gritaria de ser lente. Em econômico-financeiras, repete o sábio dr. Cavaco.

Como o lente chibata as suas próprias palavras - que só muito depois são vertidas tecnicamente em politiquês pelo gentio manso dos jornais e, em especial, traduzidas pela soutachée imaginativa da sra. Maria João Avillez -, enquanto vai acasalando a função de ex-governante com a de presidente e ex-lente, a rosariada do ululante candidato e futuro presidente não se entende nem se pode avaliar. O dr. Cavaco é o três em um, resfolegando manuais & pasmos de adolescente.

O dr. Cavaco era em tempos aquele que nunca se enganava e jamé tinha dúvidas. Algarviadas, evidentemente! Agora, em refutação do folheto BPN & em resposta ao apoio fúnebre dado ao (des)governo do sr. Sócrates, acrescentou-lhe literariamente o catecismo moral: "é preciso nascerem duas vezes para ser mais honestos do que eu". Ao dito, o sr. Dias Loureiro deu o seu último suspiro. Amém!

Nada disto diz respeito às cabrioladas do sr. Defensor de Moura, que já se viu o que anda por ali a mitigar ao governo e o frete que faz a outros candidatos. É que o sr. Sócrates tem agentes em todas as paróquias. Tal como as despicientes agências de rating na taramelada zona Euro. Não há, portanto, qualquer acaso ou substância bizarra a recompor pelos debates. Que, aliás, ninguém de boa fé acompanha ou reverencia.

Por que o fundo da questão, a saber, será sempre perceber como é que a laboriosa providência indígena nos foi, uma vez mais, madraça & vassala. Explicar como, num único momento, decerto por um formidável e raro prodígio do éter universal, se encontraram essas duas almas gêmeas – o sr. Sócrates & o dr. Cavaco -, será sempre um fenômeno pouco luminoso, mesmo que passional seja.

Nada há mais pacífico que reservar o momento em que, vindo dos tempos de canga do antigo "oásis" do dr. Cavaco - alucinação desovada pelo economista sr. Silva -, a nossa mísera fazenda se esticou até aos nossos dias e, no seu estro, espinoteou nesta paródia (amargurada) da governação do sr. Sócrates & amigos. O resultado esteve sempre à vista, mesmo se os argumentos dos publicistas eram esforçados. O resultado está, particularmente, á vista, mesmo se o lente dr. Cavaco, pessoalmente, faça unguentos ou consulte os astros & os compadres. Toca a andar!

domingo, 17 de outubro de 2010

ONTEM … ESTIVEMOS ASSIM!


A pen do sr. Teixeira dos Santos – e não é a que dizem por ai (cruzes canhoto) – não passa de um prodígio de mérito contabilístico. A verdade é que a improvisação feita é mesmo uma obra de arte. Fala de si para si (nota musical, off course). Aliás o sábio merceeiro declara que o O.E. "não compromete" o "nível adequado de protecção social". Adequado, notem bem! O sereníssimo ministro, além de reafirmar que "não viola a lei" (não dizendo a qual se refere), assume que não vai haver recessão no próximo ano socrático. O milagre das rosas virá via exportações. E como passe de mágica, o anedótico ministro, vai aparecendo em tudo o que é meios de comunicação, fazendo a apologética para uso do vulgo. O jornal Público já marcou consulta. Os outros estão na fila para divulgar o assumido catecismo do inflado ministro: liberalismo para os ricos, neoliberalismo para o povo. O dumping social - danken Frau Merkel, gracias sr. Durão Barroso, tásse bem dr. Cavaco – está popular. Proibido voltar atrás. O dr. Cantigas, fiscal do ISEG, já o disse. Podemos ir para a cama descansados.

Hoje estivemos ... assim. Inofensivos, voluptuosos na sedução literária, inteligentes nos números, infiltrados de espírito liberal. O constitucionalismo societário não passará! O sr. Henrique Medina Carreira já fez as contas da nossa felicidade. Está tudo legitimado. Os indígenas agadecem!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A IGNÓBIL PORCARIA


"Don't cry for me, sr. Sócrates”"

Depois de rápida e fugitiva converseta sobre o futebol paroquial, o indígena (o bom) faz agora a sua extraordinária aposta sobre a magna questão, a saber: deixa ou não, o farcista sr. Passos Coelho, passar o Orçamento de Estado do inútil sr. Sócrates & amigos? A confissão do indígena (o bom), mestre em contemplações transformistas, é de engolida camaradagem e prenhe de sublime consciência patriótica. Como sempre!

Os do horto do PSD – sempre com esses estéreis jovens laranjinhas no vestíbulo – garganteiam as verdades reveladas pelo sumido (quanto discreto) eng. Ângelo Correia, maître à penser do colégio liberal. O infalabilismo do desolado Miguel Relvas – consultor estrugido para os media – marca o compasso da claque. Essa geração, a limpar a testada aos veneráveis incompetentes d'antanho e depois de ter andado com o sr. Sócrates & amigos ao colo, aposta no Não ao orçamento. Os fervorosos liberais do sr. Coelho querem (agora!) a vassourada. Outros não vão nessa fancaria. A sra. Ferreira Leite – da outrora saudosa Mercearia Leite, Corte & Deficit – já viu a tragédia disto tudo. O dr. Pacheco Pereira, confirma!

O indígena (o bom), depois do violento choque que herdou desse cantador de feira e incompetente Teixeira dos Santos, entende ser, agora, a situação escabrosa e a prelecção dos notáveis inacreditável. Mais, perante a outrora devoção do dr. Cavaco ao grémio do sr. Sócrates & amigos - com apoio resplandecente dos talentosos economistas pátrios – o gentio não vibra, em demasia, pela audácia da sua pirueta. Afinal o inútil sr. Sócrates há muito que devia ter sido despedido, por justa causa. Agora – dizem – nem o sr. Mourinho nos salva, seja lá do que for.

Os do horto do Largo do Rato pintaram em 15 anos, de absoluto miserabilismo económico e de alardeada ditadura intelectual (o sr. Santos Silva, ainda existe e escreve – pasme-se!), a chalaça do "oásis", uma paróquia imitada do cavaquismo, esse deslumbrante salto histórico e civilizacional. Asseguram aos contribuintes os da seita dos economistas. Manifestaram em jornais, Tv’s e blogs, em estilo de corte, os bardos que vivem à conta do Estado e de quem trabalha. Tais alucinados, com o sr. Teixeira dos Santos em vertiginosa incompetência económica à cabeça, numa criação muito clássica e redentora, massacram os paroquianos com a chalaça da crise mundial, coisa nunca vista, misteriosa e de maus costumes.

Venceram-nos pela fadiga. Nunca a prisão ou uns bons açoites nos vai limpar a alma. É tarde! A ignóbil porcaria será sempre esse negócio escuro, essa agonia de nunca sermos civilizados, fraternos, livres. O obscurantismo será sempre a nossa tragédia. Nós aqui perdidos a Ocidente da Europa.

terça-feira, 23 de março de 2010

EM MUDANÇAS


"Feito de pó e tempo, o homem dura menos que a leviana melodia” [Borges]

Estamos em mudanças reparadoras. Cheios de boas intenções (vadre retro sr. Teixeira dos Santos!), zizagueando entre estantes de carpintaria muito lambiçada e trabalhos profanos hercúleos. Assim desvalidos da blogosfera militante não temos assistido à soirée piedosa & fogosa de todas as noutes. Temos, no invés, praticado a amável reflexão de mestre Heidegger:"A língua é flor da boca". Estamos, portanto, tão audaciosos como extravagantes.

Ainda tentámos, à cause da pátria, consagrar a qualidade destes dias (risonhos, para nós) a elevar o pensamento com as receitas postas a correr por esse cérebro indígena que dá pelo nome de Teixeira dos Santos. Da Mercearia Teixeira dos Santos, Lda. Confusos, decidimos preferir a originalidade (e a comédia) desse esfusiante comediante (e diseur) que se alapa há 5 anos na cadeira da governação – o sr. Sócrates. A maravilha da sua dicção, sempre a mesma com ou sem PEC, ou o auto-elogio diário ao seu carácter e distinta personalidade, é comovente.

Não se compreende, deste modo, que uns alcaiotas da política caseira vadiem, agora, indiferentes aos sábios conselhos do grande timoneiro do Largo do Rato. Não falamos dos boulevardeiros Abrantes, que há muito ultrapassaram, muito justamente, esses amadores disponíveis do sr. Pres. do Conselho, O. Salazar. Tais cérebros são, decerto, emocionantes em habilitações literárias, genuflexões e empregos, mas de uma previsibilidade reaccionária desconchavada. Referimo-nos, principalmente, aqueles suados rapazes, que dizem estar deitados na esquerda do boudoir socrático, e que ousaram profanar os seus versos panegíricos ao grupo de interesses do sr. Sócrates. Ler & ouvir o que diz o evangelista Pedro Adão e Silva, o bucólico Paulo Pedroso ou o prócere Vítor Ramalho, sobre o PEC, a economia, a justiça, a saúde e a educação, imortaliza o ridículo e põe a descoberto tais traficantes d’outrora. Ao pé deles, o sr. José Lello é inteligente! O Augusto S.S. é um clássico chamareleiro. E o sr. Vieira da Silva um perigoso marxista!

E assim andamos em grande aranzel, tormentosos nas mudanças, tolerantes na fadiga e ilustrados no sonho. Ainda estamos por aqui. Pensem nisso!

PS: aos crânios severos que sustentam a nossa caixa de correio, temos a dizer o seguinte: "Em vinte pessoas que falam de nós, dezanove dizem mal, e a vigésima, que diz bem, di-lo mal". É de Rivarol. E tal como a ele, o Inferno para nós é intuitivo. Quod abundat non nocet.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A SUPREMA NÁUSEA


Esse "cadáver político" que dá pelo nome de José Sócrates – curioso sujeito que um dia a História julgará – pode obrar as mutações de carácter pessoal que melhor entender; pode sustentar uma variedade de amigos e protectores, seguros e insaciáveis de interesses e benesses, em defesa da sua imaculada honra; até mesmo se pode aceitar (em sua defesa) que ande cativo da média ou da canalha da rua, e deste modo arremessado como um qualquer dissoluto ou pária; mas não deixa de revelar aos cidadãos, nessa sua insânia de poder e delírio de casta, em tudo o que tacteia, participa e manda, esse espectáculo nauseabundo de participação e decapitação do Estado de Direito e do regime democrático.

Campo minado de interesses conflituantes, a instituição judicial não resistiu aos abusos do poder partidário, à lógica da promiscuidade política. E não soube, no seu articulado normativo-jurídico e no seu edifício processual, desconstruir essa desordem. O pastiche e a esquizofrenia que estes dias têm afluído a público, via caso "Face Oculta", é um arrazoado inédito e pasmoso, um enxovedo discursivo insanável às instituições e aos seus interlocutores, um convite e incentivo à prevaricação da classe política, uma afronta ao Estado de Direito e aos cidadãos.

Mais que os arremedos formais ou processuais, que ninguém de boa fé entende, nem mesmo esses cérebros mirrados dos opinadores, ou melhor, para lá do formalismo processual em todo este caso, a narrativa política depara-se com escrivães obedientes, com sujeitos enturvados na lide partidária, com bobos da corte.

Afinal, que dizer da criadora interpretação material posta a circular pelo sr. PGR sobre a não existência de "indícios probatórios" que podiam levar à instauração de procedimento criminal a José Sócrates? Acaso é da sua exacta incumbência e atribuição? E como considerar a alucinante, tanto como provocatória, declaração do actual ministro da Economia, Vieira da Silva, considerando existir "espionagem política", sem que um processo lhe tombe sobre a sua desmiolada cabeça? Acaso um governante, um simplório ministro, pode ofender publicamente toda a magistratura, e passar impune? E que dizer do recorrente Santos Silva (ou do sr. Lello), agora a vigorizar direito e a malhar nos magistrados? Pode comportar-se tais procedimentos? Pode o sr. Presidente da República e o Supremo Tribunal de Justiça, com todos estes embaraços, não entrarem na querela? Ao que tudo indica, parece que sim. As omissões são ensurdecedoras. E esclarecem e sinalizam o regime a que temos direito. E a sua ruína.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009


OS INCUMBENTES DO SR. SÓCRATES

Hoje, a tropa tarefeira do sr. Sócrates vai ao boticário do dr. Cavaco assinar a presunção ministerial. 15-ministros-15, cartão de serviçal no bolso e uma afectuosa ambição pessoal, todos de pulsos políticos algemados mas sob fiança dos Marcelinos indígenas, irão cerimoniosamente alegrar a vitrine da antiga "Real Barraca", ali na Ajuda. O público, desde o correligionário falhado a outros exquisitos sujeitos (que nunca faltam na ocasião), abrilhanta a putativa festa. Os emproados incumbentes vão ao expediente. E, com apetite noticioso, o país viscoso das Tv’s, jornais & blogs, com eles.

Acontece que tais incumbentes estão no papel de gestores das presuntivas cambalhotas estratégicas do grupo de interesses do sr. Sócrates: não farão a "política que pensam", mas "que são". Os notáveis assinantes são meros décor. O que antes diziam sobre o "meneio correcto" da coisa pública será para esquecer. Não haverá arroubamentos. Jamé! Os episódios que iremos assistir, decerto bem urdidos e postos a correr por jornaleiros estridentes, são para inebriar a galeria de nativos. Estes, sonolentos à crise económica e derrancados à iminente bancarrota, irão saudar em delírio (mesmo que frouxo) a curiosa genuflexão do (manso) governo aos interesses e ao fomento do país real e correrão com a "nauseabunda" oposição. Sócrates regressará depois, em ombros e sobre o seu enxertado governo, para anos de felicidade e esplendor. O chamariz está já lançado. Assim o dizem.

Mas é possível que a insolência da "habilidosa" estratégica não resulte. Primeiro, a económica é o que é. Não arreda por convenientes ou piedosas "mentiras". A demanda dessa mistificação exige uma macia e pressurosa acalmia económica e financeira, mas que estes anos todos de indecorosa governação impede. Não podem mascarar a balbúrdia que aí vem. Segundo, a pitoresca assunção que os incumbentes do sr. Sócrates são vigorosos artistas e autorizados peritos, mesmo que com pele de lacaios, é um exercício intelectivo esforçado e demasiado ufano. Os verdadeiros técnicos não se bordam dessa maneira. Aquilo é apenas um atoleiro de assanhados burocratas, inconvertíveis a qualquer realidade. Terceiro, para que a trapaça resulte, mesmo ajudada com a toleima dos apoiantes do sr. Portas, seria preciso que a oposição se pusesse a jeito e a caminho do abismo. Ora não nos parece que esse apocalipse, essa lesa-política de desespero, venha a ter lugar e siga o programa de festas do grupo de interesses do sr. Sócrates. E assim terá de ser.

Carpe diem.

quinta-feira, 18 de junho de 2009


NUM PRATO A CABEÇA DO SR. SOCRÁTES!

"Boa é a fazenda, quando não sobe à cabeça" [Provérbio]

O ex-estranho sr. Sócrates, arruinado completamente pelos cadernos eleitorais, apareceu no mercado da SIC (diante da doce Ana) com uma naturalidade humilíssima (estilisticamente falando), uma castidade na oratória política afinada, numa elegante comédia farcista. O libelo do sr. Sócrates esta noite foi desarmonizar com o sr. Santos Silva, Vitalino Canas & Cia, Lda. Não fora o atrevimento de "censurar" a mediocridade da política de instrução e ensino da sra. Lurdes Rodrigues (agora, vilmente desprezada); não obstante descobrir muito tarde a licenciosa kultura do sr. António Pinto Ribeiro (no que foi de uma crueldade obscena) e a sua absurda, quanto ridícula, inspiração de comparar (a ignorância é mesmo muito atrevida) o construído do autor da General Theory of Employment, Interest and Money à edificação económica em Oliveira Salazar, quase que o conseguia!

O sr. Sócrates foi durante quatro anos o inimigo principal do Partido Socialista de Soares, Guterres e Ferro Rodrigues. Tomando como empréstimo (ou mesmo, superando) a linha política da 3ª via de Blair e Schroeder (leia-se o texto no Público de Ana Benavente) - e o que isso significou no alinhamento da politica doméstica com a ilusão neoliberal -, cedendo à fascinação deste tempo de desassossego, incompetência e decomposição das liberdades, o sr. Sócrates conduziu o país (com um grupo inqualificável de idiotas úteis) à quase ruína. Está o país numa decadência económica e social (e espiritual) sem precedentes, e não tem gente nem ânimo, nem alma para a sua própria refundação. Nunca foi tão acertado dizer que o eterno problema de Portugal é as suas próprias elites. Estas, sim, a necessitarem de uma verdadeira reforma democrática, económica, cultural e cívica. Mas tal trânsito tarda!

O sr. Sócrates foi durante quatro anos rancoroso com os adversários, grosseiro no contraditório, ignorante nos argumentos, afrontoso com as classes profissionais. O seu cabriolar, pouco subtil e sem escrúpulos, o seu (por ora) putativo desagravo à canalha, a sua autoridade ou carta de democrata tem uma reduzidíssima dignidade. Ninguém que foi caluniado tanto tempo, ninguém que foi tão rudemente maltratado, esquecerá o que foram estes anos de cárcere governamental do sr. Sócrates & amigos. Para tal mudança exige-se a cabeça do sr. Sócrates e daqueles que com ele (e foram muitos, de políticos a colunistas, de empresários a jornaleiros) semearam tais infaustos ventos. Não será qualquer desculpa feita por um "explicador de província" (prof. Maltez, dixit) que tudo mudará. Talis vita, finis ita.

sexta-feira, 20 de março de 2009


O TRIUNFO de EDUARDA MAIO

A metamorfose do Estado do sr. Sócrates e da sua Imprensa teve hoje (e aqui) o seu vocabulário mercantil, agora inçado via serviço público da RTP. O inconcebível "anúncio" de "promoção da Antena 1" é uma ária bufa, resfolegando bem à labita de um Santos Silva ou empacotado à medida do piedoso Arons de Carvalho. Não por acaso, no vocabular anúncio entra a voz ronronante de Eduarda Maio, face conhecida do programa "Juiz Decide" e biógrafa romântica do "Menino d’Oiro".

Retratando muito bem o espírito da actual União Nacional, a virtuosa senhora jornalista (?) Eduarda Maio – paga com dinheiro público – observa um horror exibicionista às greves & outras tradições (presumidamente) "comunistas". Não bastava a ar grave & patético do sr. Sócrates ou o autorizado gorjeio do aparecido Correia de Campos (cavalgando argumentos de mau gosto, hoje, na TVI24) contra manifestações e demais reparos públicos, constitucionalmente legislados, como tinha de surgir essa extraordinária senhora patrocinando essa assertiva consumação numa estação pública.

Não há, aqui, nenhuma inconsciência da administração da Antena 1, pois as "ideias criativas" foram aprovadas em sede própria. Dispensa-se qualquer roupagem explicativa, desses senhores. Afinal, o que isto traduz, sem surpresa de maior, é a garantia total dos serviçais do sr. Sócrates em propagandearem his master voice. E de brincarem vergonhosamente com a miséria de muitos.

sexta-feira, 13 de março de 2009


4 ANOS DE INCOMPETÊNCIA, OUTROS TANTOS DE PREPOTÊNCIA

"... o terrorismo mais eficaz é sempre o do Estado: os grupos matam simbolicamente, o Estado estatisticamente" [Alberto Morávia, 1978]

O governo esquizofrénico do sr. Sócrates ladrou alto durante quatro anos. A sua governança, mais que a (urgente) exaltação dos cidadãos em prol do esforço colectivo e autonomia, tornou-se um modelo de ilusionismo político, de irracionalidade estatística e leviandade autoritária. Da pesada herança recebida, o sr. Sócrates (e amigos) acumulou outras mais, ao mesmo tempo que exercitou uma colossal mentira, em espectáculos absolutamente deprimentes.

Ao esforço e dedicação, perda de direitos sociais e restrições cívicas por que os cidadãos passaram todos estes anos, o sr. Sócrates lançou mão de um activismo fossilizado (acompanhe-se as intervenções autoritárias do inenarrável Santos Silva), dissimulado em putativas "reformas", curiosamente da mesma natureza que as tentadas (e nunca permitidas pelo antigo partido socialista) por Durão & Santana. A alucinação do défice (outrora sebento, pelas mãos de Ferreira Leite), a natureza de classe (ou as corporações de interesses) que representa o seu governo e a compleição despótica do seu governo, são marcas espinhosas que perdurarão.

O sr. Sócrates mais que governar o país, "domesticou" (José Gil) a sociedade. E com ele pronunciou a transfiguração do outrora partido socialista, agora transformado em correia de transmissão do grupo de interesses do sr. Sócrates. O Sócrates way of life é um arrazoado ideológico saído do curral do Estado Novo corporativo e onde, reluzentemente, se integram alguns prosistas do anti-fascismo, de momento em trânsito para o "vil metal". Note-se os vitupérios e o desprezo, da parte dos guardiães do templo do sr. Sócrates e sempre com a cumplicidades de conhecidos jornaleiros acofiados, contra a desobediência civil ("direito político fundamental" ou "condição de liberdade") que a dado passo se instalou entre nós e a polémica que então emergiu. Leia-se. O espírito de quartel está todo ali!

Pouco dado ao uso (ou aborrecimento) de explicar qualquer tipo de pensamento político ou ideológico sobre as medidas tomadas, nestes infaustos quatro anos de terror, o sr. Sócrates caiu no modismo herdado via Giddens (conhecido traficante da 3ª via). Mas, sem a gentileza do sábio "mestre", nunca aprendeu as suas regras, só os seus excessos. A questão do papel e peso do Estado, a reforma na Justiça, na Educação e na Saúde, nunca foram pensadas como parte integrante de um qualquer modelo desenvolvimentista, que se conheça. Apenas resultou num total fracasso, que a situação comatosa da justiça, da educação e da saúde confirma. A operacionalização das putativas reformas foram sempre erráticas, ou quanto muito à la carte. Ninguém as entendeu, mesmo se num primeiro momento obtiveram copiosos aplausos de todo o bloco central e um excelente apreço nos media. Por isso, ao fim destes quatro anos de decomposição do Estado Social, o país está exangue, de rastos e sem qualquer remédio. Mas não é o sr. Sócrates o derrotado. Somos todos nós. Vergonhosamente!

sábado, 28 de fevereiro de 2009


OS AMIGOS DO SR. SÓCRATES

"A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer" [Stig Dagerman]

A curiosa romagem a Espinho (este fim-de-semana) dos amigos do sr. Sócrates – a que chamaram graciosamente Congresso – é notícia, desde logo porque é um sério abalo ao ex-partido socialista português. Marca o desânimo e a confusão da gente socialista, que algures existe e ainda resiste. Em Espinho, nunca tantos patrulheiros políticos reaccionários, se nos esquecermos da dita "esquerda" punheteira que habita na blogosfera, estiveram juntos. Tais próceres neo-populistas ofertaram um show business terrorista: ora inocentemente assomadiços contra a imprensa ou sempre de olho na reputação do Chefe.

Nem uma só ideia política consistente deu à luz, em Espinho. Frivolidades inúteis, calúnias tenebrosas (vide o regresso da "campanha negra"), chibatadas à esquerda (o BE agradece), eis a originalidade dos amigos do sr. Sócrates. A crise social, económica e financeira foi definitivamente escorchada: simplesmente não existe! Os "problemas dos portugueses" não interessam, em demasia, para tais sujeitos. Bem pode António José Seguro pregar tal deficit no debate: a ausência é total. Naquele manicómio de engajados do sr. Sócrates, o beija-mão está primeiro e as suas vidinhas & dos amigos, a seguir. Os vagabundos da vida são sempre a canalha. Ou algum desabrido jornalista.

De facto, não surpreende que o mundo à volta do patrulheiro Augusto Santos Silva seja um circo, a exigir as suas suspirosas tiradas "sociológicas"; e que o pavor político do inútil presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, se transforme numa agitada e miserável comédia discursiva; ou que o ridículo José Lello, assanhado porteiro do sr. Sócrates, ainda tenha alguma coisa para dizer. Esta gente, que nada aprendeu nestes seus quatro anos de terror autoritário e despotismo pacóvio, é parte do problema que a crise (económica, financeira, mas principalmente ética e de cidadania) autoriza. Jamais tais professos podem envolver as pessoas num esforço colectivo nacional (à boa maneira do que Obama um dia referiu), porque, além do bom senso, lhes falta um simples e único pingo de democracia. E de liberdade. Como um dia – já muito longínquo – um senhor chamado Mário Soares teve a ousadia de proclamar. Adiante!

sábado, 24 de janeiro de 2009


José Sócrates e o caso Freeport

A caricatura política posta a correr pelo actual primeiro-ministro sobre uma presumida cabala em "ano de eleições", levada a cabo pelos seus adversários políticos (só pode!), em torno do incidente do Freeport é ridícula, pouco prudente e politicamente imperfeita.

1. É ridícula, porque a alusão feita por Sócrates pronuncia uma emblemática desonestidade (instrumentalização) da parte da PJ e do Ministério Público, atoarda ou eco costumeiro da classe política nestas questões paroquiais. Tal maquiavélico intento de duas instituições basilares no estado de direito democrático, nunca justificado nem fundamentado, mede a honra de quem as profere e surpreende vindo de um primeiro-ministro de um país civilizado. E surpreende, de outro modo, a mansidão da resposta (!?) dos dirigentes que dirigem as instituições difamadas. O incorrigível estado do país explica-se muito pela pouca dignidade e dever de consciência que (todas) essas personagens manifestam.

2. É pouco prudente, porque o figurino do despacho do processo de licenciamento do Freeport (14/03/2002) revela uma atribulada engenharia administrativa, onde as dúvidas técnicas & políticas surgem naturalmente. O que os jornais profusamente nos dizem, instalam a perplexidade e consagram a possível existência de irregularidades. Trata-se, não de mera carpintaria politico-partidária, mas da simples consagração do direito à informação. Como tal, o reparo feito por Sócrates neste caso e a cegueira habitual dos apaniguados íntimos, é uma recreação pouco inteligente e original.

3. É politicamente imperfeita, porque se de facto ninguém tem culpa da sua família de origem, nada irresponsabiliza quem quer que seja até ao total apuramento da verdade, até mesmo (ou por isso mesmo) o principal governante de um país. Ora o que se espera de um governante não é que impugne putativos adversários (ditos) políticos nesta contenta, mas que reconheça a gravidade dos factos apontados e defenda a sua honra pessoal e política em sede própria, a que tem necessariamente direito. Dramatizar e concitar o favor do gentio nesta ocorrência é, como estratégia, uma refalsada argumentação de autoridade. Só alicia quem inverosimilmente consente.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


Um homem transtornado

O primeiro-ministro abriu o ano de 2009 indiciando um movimento de apoio caritativo a diversas instituições privadas e públicas, a bem da recessão e das próximas eleições. O que se viu foi que não basta o discurso recitado ad nauseam sobre um inenarrável O.E. e a ruidosa intervenção proposta no lado da procura. Tal raminho de medidas, a par do tricotar keynesiano (por ora, descoberto), não é relevante.

Sobre a primeira missiva a ideia feita é que nada sabe do que se passa no mundo, não autorizando o benemérito presidente do conselho a apelar histrionicamente para os calamitosos tempos d’hoje e para o porvir da luz dos amanhãs. A situação financeira ainda não foi totalmente desvelada, sendo que as receitas contra ela nos E.U.A. (e no mundo em geral) parecem improcedentes. Assunto que, como habitualmente, o grupo de representantes do economês indígena ignora, por parcimónia. Tenha-se em conta a crescente opinião sobre o nível expressivo que vai ter a recessão na Alemanha e na China (e portanto os efeitos na procura que daí resulta), as medidas aventureiras (como a suspeitosa e calamitosa medida na G.M., via GMAC, entre muitas outras) contra a crise (ainda) da colheita de George Bush, o regresso do obscuro romance da Lehman Brothers, o impacto da deflação que vem a caminho e as medidas irreais da política monetária que do lado de lá se tomam, para que se obtenha um "buraco negro" de difícil prognóstico.

Quanto à sua segunda missiva – as eleições – é possível que Sócrates tenha enternecido muita gente. A paróquia é o que é. Mas não deixa de se notar que a sua presença televisiva foi de um homem transtornado. Muito transtornado. E, como tal, perigoso. Que Portugal tenha, numa situação difícil como a de hoje, um sujeito destes à frente do país, é um fado enorme. Um problema maior.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008


O embaraço do Dr. Cavaco

Anda por aí uma algazarra sobre a constitucionalização do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, que ninguém entendeu até o dr. Cavaco clamar pelos (seus) poderes próprios ou institucionais. A partir daqui todos debatem, não os princípios consignados no catálogo do direito indígena que levam à presuntiva ruptura constitucional ou a singularidade das decisões interpretativas e processo de fiscalização do Tribunal Constitucional, mas a via incidental criada entre o eng. Sócrates e o dr. Cavaco. Isto é, a dimensão político-constitucional que o dr. Cavaco verbera, optimizou nalgumas criaturas uma "esperançosa" tensão e conflito entre o governo e a Presidência da República, que sendo curiosa se verdadeira não tem por ora qualquer valimento.

Na verdade o dr. Cavaco Silva assumiu, desde o início do seu mandato, navegar no discurso e na estratégia política como se de um jogo de tratasse. O paradigma desse jogo presidencial (ou a "linguagem da coisa") seria criar um espaço único onde o eng. Sócrates em dificuldades económico-financeiras – a braços com a sua incompetência providencial e sob o servil apoio da nova garotada da União Nacional (que sabiamente juntou à sua volta) – ficasse em incómodos mas sem que a acção do Presidente da República se fizesse de todo sentir. Por isso mesmo o dr. Cavaco deu a Sócrates toda a "corda" necessária, para que não pudesse escapar. Daí que a doxa de Sócrates em torno da lenda das "reformas" caseiras, sempre muito bem desocultada via agências de comunicação, jornaleiros & outros tantos fundibulários nativos, obtivessem a eficácia observada, quer entre a elite das corporações e dos interesses quer na atemorizada quanto ignorante canalha.

Sócrates, o chefe do Partido Popular moderado (ex-PS), pode assim concretizar o maior volume de restrições de direitos fundamentais que temos memória (de comum, só ultrapassável pelo Botas de Santa Comba), principalmente nos direitos económicos e sociais consagrados em sede da Constituição, lesando grupos profissionais estruturantes da sociedade portuguesa e sem que a ordem constitucional assim abalada fosse objecto de controlo de constitucionalidade via Presidência da República. E mesmo alguns dos princípios não expressamente consagrados na Constituição, mas importante no domínio normativo constitucional – caso da original profanação do princípio da proporcionalidade (uso do poder), do curioso abandono do principio da não retroactividade ou da afrontosa violação do principio do não-retrocesso social -, o actual presidente da República, como representante da "res publica", esquiva-se nunca ousando nem querendo exercer controlo prévio. Pelo contrário, o dr. Cavaco torna-se um meticuloso "notário" do governo, num estranho jogo de interesses económicos, sociais e políticos, jamais interpretados mas que as mezinhas tomadas contra crise financeira actual pode um dia explicar e a demagogia democrática do sr. Sócrates exemplifica.

Por tudo isto não se compreende o choro desvalido das sinecuras, dos comentadores & trovadores do regime. Nem se aceita a hipocrisia e o cinismo presentes na comunicação última de Cavaco Silva. O dr. Cavaco entrou no jogo, livremente, foi cúmplice em galanteios e em melodias febris sobre a governação, estatelando-se depois na sua própria frouxidão. Se está arrependido, só o futuro o dirá. Aguardemos!

sábado, 12 de julho de 2008


O estado do sr. Sócrates

[O Orador: José Sócrates] - E a nossa mensagem é muito clara, Sr. Primeiro-Ministro: isto não está a correr bem, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está mesmo a correr nada bem!! Portugal tem hoje mais de 420 000 desempregados. Não se riem agora, Srs. Deputados do PSD?! É verdade!

E já não são só as vítimas habituais! Não! Agora, o desemprego sobe mais entre as pessoas com curso superior e sobe mais entre os jovens!! O drama do primeiro emprego, que marcou boa parte do cavaquismo, está de volta (...) É por isso que, se há uma "imagem de marca" deste Governo, se há uma imagem que marca a governação desta maioria, ela é, sem dúvida, a marca do desemprego. Triste marca!

[Aplausos do PS]

Não, Sr. Primeiro-Ministro! Isto não está a correr bem, isto não está a correr mesmo nada bem! E o que é extraordinário é que, nos debates teóricos sobre a forma de governar, ainda há muito quem pense e teime em afirmar, apesar de tudo, que não vê grandes diferenças na governação do PS e do PSD.

[Vozes do PSD: - Mas há, mas há!]

(...) E esta não é uma subtil diferença, esta não é uma questão política de somenos. Não! Esta é a diferença entre considerar ou não considerar o emprego como a prioridade central da política económica.

[Vozes do PS: - Muito bem!]

E o que temos visto deste Governo é que o emprego já não é um indicador económico valorizado na sua política. Em matéria de desemprego, o Governo só tem tido uma preocupação: por um lado, inventar desculpas, por outro, procurar culpados.

[O Sr. António Costa (PS): - Muito bem!]

E vai logo aos suspeitos do costume: a culpa já foi da "pesada herança", já foi dos sindicatos, já foi das leis laborais e até da Constituição, tendo passado, depois, para a conjuntura internacional (...) Não, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a razão para o desemprego é outra: o desemprego aumenta porque a economia se afunda. E aqui, Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, temos muito que conversar. Portugal ainda há um ano e meio crescia acima da média europeia. Hoje, Portugal é o país da Europa em pior situação económica.

[O Sr. José Magalhães (PS): - Agora não se riem!]

E uma coisa o Sr. Primeiro-Ministro não pode aqui dizer: é que tudo isto era inevitável ou que tudo está a correr como previsto. Não! O Sr. Primeiro-Ministro afirmou aqui, na Assembleia da República, que, consigo, com este Primeiro-Ministro, Portugal iria crescer, cada ano, dois pontos acima da média da União Europeia.

[Vozes do PS: - Exactamente!]

A verdade é que estamos a decrescer dois pontos para baixo da média europeia. E é caso para lhe recordar, Sr. Primeiro-Ministro, o conselho que, noutras circunstâncias, se apressou a dar a outros: não faça mais previsões, Sr. Primeiro-Ministro, nem deixe a Sr.ª Ministra das Finanças fazer mais previsões ..."

[Intervenção de José Sócrates (PS), na Reunião Plenária de 2 de Outubro de 2003, Debate: Estado da Nação]

quinta-feira, 3 de julho de 2008


2 entrevistas: eleitoralismo & credibilidade

"As dificuldades nem sempre são igualmente consideráveis" [Clausewitz]

As entrevistas às Tv’s de Manuela Ferreira Leite e de José Sócrates, ambas em cativação de votos, foram irreais, insonsas e estranhamente vulgares. Pouco interessa se Sócrates bate copiosamente Ferreira Leite e esse jardim suspenso que é hoje o PSD. A senhora do défice, sem qualquer mistério ou ocultação, mostrou a tragédia a que se presta e o que vale, que é muito pouco ou nada. Sem conhecer os dossiers, seca em lamentações, dando mostras de se ter esquecido da linguagem económica e da sua fraseologia, Manuel Ferreira Leite ficou embaraçada entre o disparate de algumas coisas que (não) avançou (baixa de impostos e investimento público) e a sua putativa credibilidade. Não consegue descolar da sua anterior e desastrosa governação e, mesmo que repita até à exaustão essa presumida palavra "social", não deixa de ser vítima da antipatia que se lhe conhece. E da sua falta de credibilidade, que teimosamente persiste.

José Sócrates está, já, em campanha eleitoral. Porém, entre as suas lamentações (bem ao estilo de Calimero) pela ingrata crise "importada" (de que não soube interpretar os sinais) que se diz vítima e a gritaria incontinente de que tudo irá correr bem para o amanhã vindouro, Sócrates proporciona sempre um misto de incredulidade (pelo atrevimento) e de repulsa pela falta de decoro e humildade que revela. Quando, na sua melodia de sempre (e que Ferreira Leite não soube aproveitar porque, ironicamente, a "produção" teórica é idêntica), nos assegura que todo o mal do mundo (leia-se: a crise económica) é de origem externa - como obscenamente repete -, não está a fazer mais que dissimular o contributo formidável da sua ruinosa gestão económica e orçamental, para o estado da coisa. Ele não só pensa e repete que a fatalidade lhe bateu à porta, logo quando tudo ia bem (como diz), como, pela engenharia económica e social que pretende tricotar, tal maldição desaparecerá por retóricas intensas e choques de investimento público. E quem não pensar assim – confessa com a alma em dor – é um crónico pessimista, logo um sujeito sem "ânimo" e sem "coragem".

A controvérsia entre Sócrates e Ferreira Leite não é uma simples divergência sobre a afectação eficiente de recursos (como alguns sábios analistas divulgam), nem um qualquer pecadilho entre a economia positiva versus normativa, muito menos o confronto entre eficiência económica e distribuição de rendimentos – como timidamente outros nos dizem -, mas tão só a caricatura do que escreve Keynes:"o dever dos economistas é tentar mudar a opinião pública".

E sobre isso, estamos todos - evidentemente - bem conversados.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


A SEDES

A nova (velha) SEDES, nascida nos seus tempos ociosos de 1970, acordou do leito onde dormitava repetindo os mesmos pensamentos e pesadelos de antanho. Quem pousa os olhos na última "tomada de posição" com que brindou os indígenas, tem a convicção que os srs. Rui Vilar, Miguel Gaspar, Morais Leitão, Artur Santos Silva, Ferreira do Amaral, João Proença (cof!cof!) e outras luminárias desta burilada epopeia da modernidade Sócratista, andavam muito folgados e necessitar de "movimento". O ar santo com que frequentavam a sinecura governativa era, afinal, um ilusório disfarce, uma roupagem desalentada, uma caluniosa deturpação. Os da nova SEDES nunca, jamais, lograram cair no erro, na cegueira, na má fé e na fábula de um Portugal desenvolvido, moderno & fraterno, a acreditar na magia ministrada pelo eng. Sócrates.

A rapidez com que os seus autores foram admoestados pelo inefável Vitalino Canas, seguido de perto pela comissão dos bons costumes do reyno, diz-nos bem do estado calamitoso ou o "difuso mal-estar" em que nos encontramos. Mas não era necessário. Porque tal evocação é coisa que em qualquer localidade, empresa, instituição, largo ou romaria, é sentida e dita à boca cheia. Mas, é evidente, que os senhores da SEDES não frequentam esses antros de má vida. E fazem bem! Que os deuses os salvem!

sábado, 14 de abril de 2007


Uma questão de Carácter

"O político tem como o perdigueiro a analogia de farejar e levantar a caça" [L. A. Palmeirim]

A laboriosa carreira política do eng. Sócrates, pelo que se ouve e lê, estaria, segundo alguns iluminados, para continuar. A delicada questão da sua putativa via académica, inevitavelmente nunca existiu. É o que redizem por aí, em santa harmonia, modestos comentadores, o esculápio Menezes, dois ou três puristas de estratégia, o dr. Coelho e o cintilante spin doctor Luís Paixão Martins. Aliás o eng. Sócrates está aqui para nos salvar do mal, que como se sabe é impetuoso e infame. É assim no martírio da educação ou no festim do choque tecnológico, com ou sem OTA e TGV, entre o enrugado SNS do altíssimo dr. Campos ou no virote do castigado défice. Os aplausos do raminho afamado de politólogos do reino, em trechos enturvados de emoção, são o melhor momento deste Portugal perfeito.

Portanto, os amotinados da coisa pública, entre uns petiscos vulgares para correr o fastio da iteração do dizer político, regressam rápido, de régua e esquadro na mão, aos cenários masturbatórios da análise estadística. Não espanta, provavelmente, que nenhuma barrela política, que muitos com excessiva ingenuidade aguardam há muito, tenha lugar. Os sábios colunistas não o permitiriam, o indizível júbilo da canalha não consente e, mesmo, a PGR parece que não engendra desacato algum em toda esta história. Deste modo, questões como o "carácter", a "credibilidade" e a "confiança" do primeiro-ministro de um país europeu, não vêm ao caso. Há é que governar!

Este curioso prenúncio atesta bem como Portugal - o país mais atrasado de todas as Europas - está sujeito não só às epidémicas palavras do conciliábulo da classe dirigente ou dos seus patronos, como ainda se solidariza com o ludíbrio dos profissionais da política. A civilização nativa é uma lamúria episódica. Como o carácter ou a sua falta. O resto, sim o resto, é que nunca é uma perda de tempo. Salvé nobres cidadãos!

sexta-feira, 23 de março de 2007


O jornal Público e o Eng. Sócrates

O orgulho de "campeão" desvelado do jornalisticamente correcto, tomado aqui na sua visão romântica de formação da opinião pública, foi abraçado hoje pelo jornal Público na notícia mais artificiosa que nos foi dado ler: o caso da licenciatura do eng. Sócrates. Como "alma falante" do serviço militar dos escribas indígenas, a direcção do jornal Público aproximou-se, sem piedade alguma, da causa fatal de um qualquer panfleto. Pode a sua direcção, ofegante por carência de notícias, publicar os editoriais (duvidosos, como o de hoje) que entender em sua defesa, que o fait-divers é tremendo. Expliquemos.

O caso da licenciatura (ou não) de Sócrates não é festividade para o contraditório e a luta política. Sócrates, licenciado ou não, jamais deixará de ser arrogante, manipulador ou um exímio dissimulado. Não pode haver qualquer equívoco, sobre esta questão. Do mesmo modo que o presuntivo rumor que o senhor José Manuel Fernandes está, generosamente, regougando a soldo do patrão Belmiro é pura especulação, senão palavrório ignóbil. Os boatos não são meros superlativos para a opinião pública. Apenas uma infame comédia, aliás pouco original.

O propósito da direcção do Público ir a reboque da oratória presente na blogosfera doméstica, por muito reveladas que sejam (e geralmente, são) as suas verdades, mostra o estado e a (des)legitimação do serviço público vulgarizado nos jornais, mesmo os de referência. A bondade de policiar a blogosfera não exorciza a falta de trabalho de "casa", a exigência de uma deontologia fora da miséria do espectáculo jornalístico e a missão integral do escriba. Tão só suporta a sua narrativa enquanto "meros executores" de comunicações indirectas. De facto, a "bulimia" da investigação jornalística foi "chão que já deu uvas". Desapareceu, de vez, presumimos sem saudades das direcções de jornais.

Mas se o jornal Público, na insólita nota editorial, entende (como parece que entende) que "não deve ignorar que [os boatos] existem e que a melhor forma de acabar com eles é confirmá-los ou infirmá-los", então terá muito que obrar daqui para a frente. Porque há dezenas e dezenas de anos (a fio) de rumores que correm (alegremente) entre a classe politica, nos albergues de partidos e no cantar de cafés, sobre os inúmeros expedientes de enriquecimento académico, profissional e financeiro da classe politica nacional e local. Vai arregaçar as mangas, definitivamente, o senhor José Manuel Fernandes?

No fim, fica apenas o reconhecimento da balbúrdia e do porreirismo que habita nas instituições privadas de educação. Sem qualquer avaliação, este estupendo refúgio dos espoliados da política doméstica, navega com a total permissão do poder. Se nos lembrarmos da exaltação em sua defesa pela liberal direcção do Público, ao longo do tempo, e do silêncio ensurdecedor sobre o assunto, compreende-se o que temos pela frente. A falta de decoro da direcção do Público é, pois, total.