"Experimentais somos todos nós
ou ainda menos" [
Mário Cesariny]
Alguma cronologia que marca a poesia experimental em Portugal : [in,
PO-EX textos teóricos e documentais da poesia experimental portuguesa, Edições Moraes, 1981]
1962 – Ideogramas (
E.M. de Melo e Castro - MC) // Objecto Poemático de Efeito Progressivo (idem)
1963 – Poema Primeiro (
António Aragão) // Poligonia do Soneto (
M.C.) // Plano de uma publicação de Poesia Experimental Colectiva, de
Aragão e
Herberto Helder1964 – Electronicolírica (
Herberto Helder) // Poesia Experimental 1 (colaboração de
H.H.,
Aragão,
António Ramos Rosa,
MC,
Salette Tavares,
António Barahona da Fonseca)
1965 – Exposição
VISOPOEMAS, em Lisboa (com
Aragão,
MC,
ST,
HH,
ABF) e publicação das intervenções no
Jornal do Fundão.
1966 – Exposição de Poemas Cinéticos (
MC), na Galeria 111, Lisboa
1967 – Conferência Objecto (Galeria Quadrante, Lisboa), com a introdução de
José Augusto França e participação de
Ana Hatherly,
MC,
José Alberto Marques e
Jorge Peixinho1969 – Publicação de Hidra 2, na Galeria Quadrante
"(...) Em principio, não existe nenhum trabalho criativo que não seja experimental, nesse sentido de que ele supõe vigilância sobre o desgaste dos meios que utiliza e que procura constantemente recarregar de capacidade de exercício. A linguagem encontra-se sempre ameaçada pelos perigos de inadequação e invalidez. É algo que, no seu uso, se gasta e refaz, se perde e ajusta, se organiza, desorganiza e reorganiza – se experimenta. Como diria um poeta, essa é a própria lição das coisas (...)" [
Herberto Helder]
" (...) Verlaine inventa novas ordenações em favor da musicalidade, ou seja,
destrói as ordenações existentes em proveito da música do poema.
Rimbaud modifica formas e sintaxes
Mallarmé, Paul Válery, Reverdy e muitos outros, estabelecendo novas
relações estruturais, intensificaram a palavra poética.
o surrealismo através da destruição e do automatismo desordenou
as palavras e o seu discurso (...) [
António Aragão]
"a poesia começa onde o ar acaba. é qualquer coisa para depois da própria respiração. como o respirar é muito uma maneira nossa e (pre)vista da condição humana a que somos condenados, a poesia surge a partir desta condenação. mais justo ainda, a partir de toda a condenação. deste modo, só nos resta a queda no irremediável: a vertigem sem apelo, o jogo sem olhos, a ausência impecável de nós. (...) [
António Aragão]
" (...) A mesa está pronta. Esta é a grande messe. Cada qual pode servir-se à vontade; intervir é possuir. As coisas que um faz pertencem a todos. Todos se comprometem nelas, usando-as e intervindo, tornando-as suas, indefinidamente (...) [
António Aragão]
" (...) O poeta constrói os seus Poemas de materiais, tendo como fulcro as palavras. É pois necessário que sons e imagens (os materiais) se impliquem mutuamente, e se encontrem correlativamente nas palavras em que se articulam. Por seu turno as palavras surgem por imposição múltipla do jogo sonoro e rítmico e do fluxo imaginístico que o Poeta desperta e conduz dentro de si (...) [
E. M. de Melo e Castro]
" O que pode ser mostrado não pode ser dito". [
Wittgenstein]
[a continuar]