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quarta-feira, 6 de maio de 2009


BIBLIOTECA JOSÉ PACHECO PEREIRA - A CASA DAS PALAVRAS

in P2 - jornal Público [6 de Maio de 2009, p.4-5]

terça-feira, 29 de maio de 2007


JPP: livros de recordações

Serenamente, afastado do bulício do eng. Sócrates e longe do sepulcro do dr. Marques Mendes, o nosso JPP revisita-se. Em sagaz exercício espiritual posta os livros da sua vida. Que é, afinal, a de todos nós. Curioso caminhar esse entre viciosos cardápios e estimáveis (grandes) capas. O livro e a sua história são toda uma vida de trabalho e de prazer. As memórias guardam-se, também assim.

Lá em cima, olhando-nos, eis um livro editado e traduzido pelo JPP & Maria Helena (Cadernos Vanguarda 1, Livraria Júlio Brandão, VNF, Junho de 1971). Um livro de muitas vidas e algumas iras.

Nota: hoje, dia 29 de Maio, pelas 22h no Casino da Figueira da Foz, JPP estará participando nas Tertúlias do Casino. Lá estaremos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2004

PROCESSO CASA PIA: A NOVA CABALA


"Uma gaiola ia à procura de um pássaro" [Kafka]

Stau Monteiro escreveu uma vez que "o espectador é por definição o homem que não sabe jogar". Nada mais exacto. Porém, hoje, no processo da Casa Pia, parece subsistir excessivos jogadores à volta da "mesa", e muito poucos espectadores.

A novíssima jogada conhecida, de admirável retórica diga-se, é de José Pacheco Pereira. O seu artigo publicado n'O Publico, curiosamente intitulado, "Anatomia de uma fuga do processo Casa Pia" mais não é que uma argumentação puramente de retórica politica ... contra a politização do processo, que configuraria motivações diversionistas e de ocultação dos crimes praticados. Em nenhum momento da análise desta nova cabala é questionado as razões técnico-jurídicas que evidenciam um constante mal estar nos registos processuais do caso, nem o papel desempenhado pelo Procurador Geral, Souto de Moura, na sua condução, defesa e praticabilidade. Apenas se faz a anatomia da cabala politica em curso, nova urdidura desviacionista, utilizando o discurso meramente político-partidário.

Afinal, o que nos confessa Pacheco Pereira é a impossibilidade de poder debater um caso concreto - Processo Casa Pia - a partir de enunciados técnico-jurídicos, da sua critica interna conceptual, a qual dado a sua especificidade, o cidadão não dominaria. Daí que o branqueamento das (não)orientações tomadas por Souto de Moura, em todo este, caso seja total. E que os jornalistas, por efeito boomerang, se arrisquem a serem tidos por perigosos delinquentes, no que resulta a sua necessária domesticação, nem que seja via reformulação da lei sobre liberdade de imprensa, como um deputado do CDS/PP no Parlamento assumiu. Ora, não é possível, aliás como muito bem Vital Moreira considera, que o papel desempenhado neste caso, e desde o seu início, por Souto de Moura seja menosprezado. Quem tal pensar está a aprontar o funeral da própria Justiça e a médio prazo a cooperar no descrédito das instituições democráticas. E sabe-se onde isso conduz. Ou não?

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

À VOLTA DOS BLOGS ... AINDA OS NEURÓNIOS DE PACHECO PEREIRA


A rapaziada do Barnabé, decerto por ter a liturgia e vitalidade trostkista abalada, esquecendo a célebre divida de Marx, De omnibus dubitandum, julga ter encontrado uma cesta de neurónios do Pacheco Pereira algures na Cedofeita, chez um membro da defunta OCMLP. Ora nada mais errado. Nem os possantes neurónios de Pedro Baptista o permitiriam, mesmo agora que os doou na sua totalidade ao seu FCP.

Os putativos neurónios pachecais há muito foram entronizados pelo (também) defunto PCPml. Nada de extraordinário. Seja como for, o que se pode assegurar nesta questão é que Pires de Lima (filho) pediu de empréstimo neurónios, que a vida politica puxa muito do peito, mas não sabe de quem. Eu próprio, por vezes, tenho essa estranha sensação. No meu caso julgo que se deve ao facto de ser conservador depois do jantar, como alguém sugeriu. Nada que uma noute festiva não corrija. Deo Gratias.

sexta-feira, 12 de setembro de 2003

LUGARES


Barnabé

... Quando o Barnabé [Daniel Oliveira / André Belo / Rui Tavares / Pedro Oliveira / Celso Martins / Rosa Pomar] cá chegou toda a gente arribou ... O almocreve torna-se, desde já, assinante e envia saudações

"O Barnabé é um blogue sobre política e cultura. O Barnabé não é um blogue intimista. O Barnabé é tão Narciso como os outros, mas tem vergonha na cara. O Barnabé é um blogue pós-narcisista. O Barnabé é um blogue de esquerda e heterodoxo. O Barnabé não é um albergue espanhol. É um hotel de seis estrelas."

DUELOS IMPREVISTOS

Mário Soares versus Pacheco Pereira, na Sic Noticias.

Soares reflectiu, enquadrou e interpretou o 11 de Setembro a partir de uma multivariedade de leituras, num registo discursivo anti maniqueísta, contextualizando toda a polémica em causa, do simbólico ao politico/económico. Foi brilhante. Por vezes magistral, porque incomodo (a referencia à China, quando PP configurava o terror do regime de Saddam, baseado nos assassínios políticos, é brutal). O prazer do debate é manifesto. Está-lhe na alma.

Pacheco Pereira sobrevoou algumas das questões inicialmente colocadas. Começou mal. Quando procurou clarificar a sua leitura dos acontecimentos, caiu facilmente no facilitismo, no maniqueísmo simplório. Afinal o que haveria era uma "guerra de civilizações", tout court. Os enquadramentos para tal suposição, pela sua inexistência, dissolvem qualquer discussão séria. Pacheco Pereira manifestou poucos argumentos frente a um Soares mais ideologizado, sendo que o que restou foi o seu incondicional apoio ao novo Sol do mundo, os EUA. Daí que se entenda a necessidade de vir em defesa dos novos construtores do império, citados por Soares (Strauss, Perle, Wolfowitz). E espanta, que Pacheco Pereira com a inteligência que se lhe reconhece e o desafio intelectual que em tudo coloca, não questione, com fundamentação relevante, esses discípulos straussianos que tem assento na Casa Branca.

quarta-feira, 3 de setembro de 2003

QUESTÕES SOBRE NOTAS A UM COMENTÁRIO

JPP em resposta ao que é lhe é sugerido a partir do Terras do Nunca, revela-nos o que pensa sobre um conjunto de questões pertinentes, algumas das quais já explicitadas noutros locais, concluindo em breve nota existir uma equivalência entre "posições neo - nazis às de partidos parlamentares como o BE". O que consistirá essa equivalência não nos foi avançado, quer pelo TN quer por JPP. Portanto, somos tentados (dado a falta de conceptualização) a pensar que se trata de certezas adquiridas, verdades de propaganda sem qualquer nihil obstat. Ora, nada mais complicado que esse receituário político, assim tomado. Não sendo nosso mister a análise dessa overdose de referencial ideológico-politico, gostaríamos de participar no thread com duas sugestões e comentários:

- ao considerar que pós colapso dos sistemas socialistas de leste se mantêm os mesmos conceitos matriciais rígidos esquerda-direita, relativamente a um centro ele mesmo suposto fixo, não se poderá compreender as profundas mudanças operadas, a questão do poder global/local, a alteridade do jogo politico, e, como tal, cai-se numa escolástica tradicionalista em que não se quer ver o mundo tal como ele é. Onde se situa a 3ª via de Blair ou Clinton? E Guterres, ou Cavaco, onde se colocam? E que dizer dos conservadores alemães e dos que se dizem portugueses? Onde mora a social-democracia portuguesa? Os socialistas? Os liberais? E a esquerda estatista? Ou a esquerda revolucionária?

- o fenómeno da globalização económica ou do espaço globalizado (que só consta como reflexão na cartilha da direita portuguesa a não ser como não-evento) transporta-nos ao sujeito global e assim redefine-se o campus discursivo da esquerda e da direita. Dum lado os "tradicionalistas", do outro os "modernizadores". Questões como a distribuição de recursos, ecologia, o papel dos mecanismos de mercado e do Estado, o ordenamento mundial e o Estado-Nação, a dimensão do espaço privado e público, o papel da comunicação e das novas tecnologias de informação, são linguagens presentes em todo o espectro politico. Como e de que modo se traduzem em politicas? Ora, julgamos que não é possível fazer essa reflexão sempre à maneira antiga, mesmo que o "espectro do marxismo" ande por aí. Para alguns, à maneira tradicional, ainda bem incómodo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2003

IRAQUE & OUTROS

A partir de um texto inicial - onde julgo, perdeu por completo a fina auto-disciplina intelectual que o caracteriza - perfeitamente "assassino" a propósito do acto vil, cobarde e hediondo lançado em Bagdad por terroristas, FJV lança palavras como metralha, para todo o lado, sem que se entenda o que quer dizer. Sabe-se o que lhe vai na alma, não fosse “o tempo um robusto deus castanho, taciturno, selvagem e intratável” (Eliot). E estes tempos assim são. Desconhece-se, porém, em que é que se baseia para indagar a outros a "verdade" das coisas, questionar o ensandecimento generalizado que a todos acomete, ou, mesmo, o que pretende afirmar quando se refere aos "idiotas úteis em todas as circunstâncias". De facto, a questão da cobarde invasão do Iraque, à revelia da condição humana e da sua inteligência, porque apregoada através de mentiras mil vezes repetidas, foi o golpe de misericórdia na luta legal e democrática contra o terrorismo, conduzindo a registos conflituosos. Aqui está um deles. Nunca tamanha e brutal submissão aos interesses de uma súcia de criminosos de um país com interesses geopolíticos e económicos evidentes, foi defendida em nome da santa liberdade. Alguns vêm nas críticas à "fascista" (Paul Auster) administração dos EUA, a nostalgia do vivido anti americano. O "bricoleur" (Lévi-Strauss) que tem essa estranha monomania é mais para a rapaziada liberal de extrema-direita, que para pessoas decentes, civilizadas e lúcidas. Quem se der ao trabalho de ler todas as argumentações a favor ou contra a invasão e colonização do Iraque, encontrará rapidamente respostas. Muitas e copiosas. Mas basta uma só, a saber: a ideia que a liberdade de um é a liberdade de todos. E não é isso que se trata no Iraque, perante a nossa vergonha.

Por outro lado, não está claro em que consiste essa "armadilha interpretativa" de que fala JPP. E, parece, que em questões de teor interpretativo, nomeadamente no que se refere à questão iraquiana, quem tem de explicar muita coisa (aos seus leitores, claramente) é o próprio JPP. Algumas nuances avançou no seu blog, mas foi curta a colheita para ser estimulante, face à trepidação dos factos recentes. Fica-se, assim, na espera da configuração dessas "qualidades" como a "firmeza" e a "persistência", chave que preconiza para "resistir" no Iraque. E já agora, é conveniente, à cause de ambiguidades possíveis, dar a interpretação do que entende por "resistir" a quê, a quem e como? Como diria EPC, de facto, "nenhuma leitura é inocente", e algumas, diremos nós, bem perigosas. Aguardemos.

domingo, 27 de julho de 2003

À VOLTA DOS BLOGS


* Pacheco Pereira e as "Criticas que (me) levam a pensar duas vezes" - Dizia Raul Proença que "na critica nunca vai um ataque a pessoas; divergir em ideias não é sentir a raiva no coração; é sentir a independência do nosso juízo". Nada mais exacto.

E ao ler o que um leitor do Abrupto (Carlos Queirós), citado no blog, considera em torno do comentário de JPP ao "caso Berlusconi", tive a certeza que essa independência de que fala RP não pode resultar em pessoas, que de modo mais ou menos subtil, "se entricheiraram num campo, e que ficam inibidas de pensar, ou de se expressar com total liberdade" (CQ). Como me parece ser o caso de alguns escritos de JPP. Do mesmo modo que CQ, também eu parti para a leitura do artigo tentando saber como é que JPP o ia defender. E, como em escritos de outros colunistas, "mete impressão" tal exercício. Pode ser estimulante, mas não devia acontecer.

Confesso que alguns articulistas fazem parte da "nossa" família. Acompanhamos as suas intervenções, estamos atentos ao que nos sugerem, seguimos-lhes o percurso, o jogo e a vida. Todas as semanas nos jornais, rádio ou TV. Os registos afectivos são sempre assim. Por isso os lemos. Não há nenhuma dedicação especial no facto, mas tão só a constância da presença de uma revelação comunicacional que desvela a gramática da vida: aquilo sobre que falamos com o outro. Que passa sempre por essa ponte sólida entre o saber e a liberdade. Ora, à primeira vista o horizonte de JPP esbate-se contra essa assumpção, mesmo que sugira um saber contra o(s) poder(es). O caso da invasão do Iraque e seus contornos imperialistas, que conduziu a administração americana a uma situação de violação total dos direitos e garantias do ser humano, mesmo no seu próprio país, foi o culminar dessa apologética argumentativa utilitarista que JPP esgrimiu, para nosso desprazer. Nem é preciso recorrer a exemplos da política caseira para afirmar a nossa preocupação relativamente a essa inibição de falar e (des)dizer em liberdade, que nos fala CQ, e que está presente em muitos dos nossos analistas. Basta saber quem são e do que falam.

Verdade seja dita que JPP é um caso à parte. Parece-nos existir dois JPP: um que é militante do PSD e outro que fala e escreve de coisas que gosta e ama, referidas com paixão no seu blog e nalguns textos de jornais. O que nos levou a sorrir, quando no penúltimo Expresso o vimos caricaturado daquele modo (e que não resistimos a publicar), em isolamento suspicaz, perante o anedotório de outras personagens. JPP é dos nossos, mas de qual falamos quando falamos de JPP?

[A ilustração de JPP é de António Martins (com Mário Ramires), retirada do Expresso, 19/07/2003]

"Sim, meus senhores, a Imprensa portuguesa, a grande Sacerdotisa, já não acha sabor algum neste verbo: orientar, o seu verbo hoje é outro; é seguir.
Seguir! Eis a grande descoberta que eles fizeram. Seguir, ser transportado no fluxo dos acontecimentos, como um folha que redemoinha ao vento. Não sentir dentro de si nenhuma espécie de resistência espiritual, nenhum centro de gravidade, nenhuma obstipação sagrada e profunda, mas ser como a pena que obedece ao sopro quási insensível dum bebé, e aí vai na atmosfera (...) Seguir, não ser autónomo, ser massa, prazer supremo, - ir na corrente que leva os outros ...
Não pergunteis, pois, aos jornalistas de grande «circulação» o que é que eles pensam. Eles não pensam - circulam. Circulam, vão com os outros, seguem. De aqui em diante não lhes pergunteis mesmo: «Como vai o senhor?», mas: «Como segue o senhor?». Porque na maneira de seguir é que está toda a higiene do espírito. Almas sem nenhuma espécie de profundidade, que passam a vida a fazer gestos vãos, cabriolas, retórica, lindezas, jogos de palavras, - almas sem paixão, almas sem existência séria, grave, profunda, almas áridas e pobres onde as ideias, os sonhos, as paixões não criaram raízes, - almas de contrabando, de prostíbulo, de quem-mais-dá, de aluguer, eles só possuem hoje um instinto: o do desfile; um prazer: o do acompanhamento; um espectáculo em que desejam colaborar e fundir-se: o da procissão. Nem por um só momento eles poderiam vislumbrar a pureza da atmosfera que respira uma rude alma solitária. Fundem-se os sinos, tocam os sinos - e ei-los na rua, à primeira badalada, a caminhar em série, a ir com os outros, a seguir. Neste sentido, que é o mau sentido da palavra, o jornalismo português é o mais «democrático» de todos os homens - quere dizer, o mais desprezível
."

[Raul Proença, O Ultra-romantismo politico do Diário de Noticias, Seara Nova nº 265, 1/10/1931]

sexta-feira, 6 de junho de 2003

JOSÉ PACHECO PEREIRA - O CORRECTOR OFICIAL

Como sempre faço, lá passei pelo Abrupto, e fiquei siderado. Não era para menos. O nosso amigo americano JPP ficou ofendido intelectualmente com o texto publicado no Público sobre as pretensas afirmações desse guru Wolfowitz, arauto do novo império ou do novo Sol da Terra que JPP agora reclama com paixão, depois de sucessivamente ter suspirado pela URSS, pela China e Albânia.

O nosso corrector de serviço - sózinho desta vez, pois o doutor Vasco Graça Moura estava allhures a poetar - diz no seu blog aos jovens messiânicos da direita liberal (e só a esses suponho), todos deliciosamente ingénuos, mas que o vigor do génio de Pachecal afastará do pecado do espanto, o seguinte:

«De novo , continuam as falsificações deliberadas de declarações e entrevistas de dirigentes americanos na lista negra dos anti-americanos europeus (...)». Repare-se neste continum de falsificações levadas a cabo por esses malandros anti-americanos, que JPP tanto gosta de citar. Tenha-se em conta o que o JPP diz no texto, o modo como o configura inicialmente e, principalmente, o recurso às fontes de sustentação. Nada nos é dito de onde o genial JPP, desencantou as afirmações sobre as afirmações do tal Wolfowitz. E foi pena, porque não acredito que JPP, tenha deliberadamente ocultado a fonte da 'verdadeira' notícia. E bem tentámos,fazendo as buscas nos pesquisadores habituais. Eis o que nos deu, sem quaisquer outros considerandos, que a vergonha começa a invadir a face a muitos.

Aqui está a afirmação contextualizada da afirmação produzida por Wolfowitz. Trata-se do site oficial do 'US Department of Defense'. Deve chegar, ou não?

(...) Q: What I meant is that essentially North Korea is being taken more seriously because it has become a nuclear power by its own admission, whether or not that’s true, and that the lesson that people will have is that in the case of Iraq it became imperative to confront Iraq militarily because it had banned weapons systems and posed a danger to the region. In the case of North Korea, which has nuclear weapons as well as other banned weapons of mass destruction, apparently it is imperative not to confront, to persuade and to essentially maintain a regime that is just as appalling as the Iraqi regime in place, for the sake of the stability of the region. To other countries of the world this is a very mixed message to be sending out.

Wolfowitz: The concern about implosion is not primarily at all a matter of the weapons that North Korea has, but a fear particularly by South Korea and also to some extent China of what the larger implications are for them of having 20 million people on their borders in a state of potential collapse and anarchy. It’s is also a question of whether, if one wants to persuade the regime to change, whether you have to find -- and I think you do -- some kind of outcome that is acceptable to them. But that outcome has to be acceptable to us, and it has to include meeting our non-proliferation goals.
Look, the primarily difference -- to put it a little too simply -- between North Korea and Iraq is that we had virtually no economic options with Iraq because the country floats on a sea of oil. In the case of North Korea, the country is teetering on the edge of economic collapse and that I believe is a major point of leverage whereas the military picture with North Korea is very different from that with Iraq. The problems in both cases have some similarities but the solutions have got to be tailored to the circumstances which are very different. (...)

terça-feira, 27 de maio de 2003

ARRUMAÇÕES ... E LÁ CAI O JPP

Hoje na labuta de organizar a livralhada que se acumula numa sala mais afastada das outras, por maldição política diga-se, levei com o Bordiga (Bordiga et la passion du communisme, das Edições Spartacus, 1974; Bordiga ou la crise du prolétariat, Payot; e alguns mais), o Camatte (de novo sobre Bordiga) e o Jean Barrot (O Movimento Comunista) à mistura. Foi demais, confesso.

Enquanto meditava nas excelentes edições da &ETC, desse editor da vadiagem que é Vitor Silva Tavares, ainda e sempre incomodativo, ou no que é feito do Júlio Henriques e dessa prendada Pravda, Revista de Malasartes, eis que mais ao lado deparo com a colecção dos Textos de Apoio da Portucalense Editora, todos eles fortemente proibitivos nos tempos do Marcelismo, e com outra colecção sobre 'O Movimento Operário Português' das Edições Afrontamento. Tudo direitinho, prenhe de anotações que o tempo registou. O número dois dos Textos de Apoio, é um magistral trabalho sobre 'As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal. A greve geral de 1918', do nosso amigo que assina no Abrupto. As notas que constam de cada capítulo são preciosas. Sempre tive pelas anotações ou nopas de pé de página uma relação de paixão. Bem como pela bibliografia da cada obra. Manias. O livro de JPP foi importante para toda uma geração de esquerda. Outro, estacionado mesmo ao lado, do mesmo JPP com distribuição pela Livraria Júlio Brandão (qual a importância desta distribuidora de Famalicão; quem estava por detrás das suas iniciativas? Já não me lembro bem e talvez JPP saiba), trata-se das 'Questões sobre o movimento operário português e a revolução russa de 1917'. De novo a mesma caminhada do autor, os mesmissimos pressupostos que na altura guiavam o jovem JPP. Dizia, à laia de conclusão no prefácio:

«Quando as condições para a maturidade política, teórica e organizativa, dos comunistas portugueses paraciam estar realizadas, o golpe militar de 1926 veio encerrar a experiência do movimento operário do período parlamentar. À luz desse golpe pode-se hoje compreender melhor os limites do movimento operário e os impasses a que a acção anarco-sindicalista tinha levado. Permite-nos compreender do mesmo modo como a acção decisiva da revoluçõa soviética de Outubro para a prática política operária foi retardada em Portugal pelas barreiras que a ideologia dominante no proletariado português lhe impôs, assim como pela incipiente formação teórica e militância política dos comunistas do P.C.P.»

terça-feira, 20 de maio de 2003

BLOG PARA O EXPRESSO, JÁ!

Na blogosfera caiu um manifesto petulante de sabedoria e prenhe de seriedade, dada à lux como resposta a um artigalho intitulado «Pacheco Pereira agita a Web» no Expresso, pelo Paulo Querido. O agitprop incompreensível, porque revelador do perfil de altar iluminado e iluminante que o bando dos oito nos lança sobre a forma de choro desvalido, torna-se assim o novo melhoral para a azia jornalística existente no burgo, e de que, curiosamente, os subscritores se afastam como o diabo da cruz. Assinam, todos muito arrumadinhos, os da A Coluna Infame, Blog de Esquerda, Blogue dos Marretas, O País Relativo, Cruzes Canhoto, Prazer_Inculto, Valete Fratres!, O Intermitente.

A coisa não seria de espantar, se a excitação demonstrada pelo bando militante não fizesse a ponte entre a direita engraçada e a esquerda festivaleira. Sem empacho algum, desatam num chorrilho de postumeiras vontades sobre jornais e jornalistas, seguindo o farol da tradição que «inimici sui amicum nemo in amicitias sumit», no que foi acompanhado imediatamente por outros blogs, todos eles numa de «amicus fidelis». Afinal se pretendiam dizer mal do amigo Pacheco Pereira, porque não passaram a publicidade, e deram por bem empregada a pena?

Afinal que tinha o artigalho de Paulo Querido, que é bem melhor jornalista que xadrezista, assim tão bizarro? Acaso não é verdade, que a entrada do Pacheco na blogosfera agitou a dita? E não nos é referido, ao longo do texto, que PP foi recebido com fidalguia e com a etiqueta devida? E será que, de facto, não vem PP «reforçar qualitativamente uma blogosfera de expressão portuguesa»? Ou era só para bater no Expresso, tecendo mandas aos do DN sempre bestialmente governamental e a esse jornal de extrema direita, que é hoje o Independente?

Ora parece que a furibunda diatribe do bando, assim atirados como gato a bofe contra Paulo Querido, é mais uma pose de magister a dar uma de lição de blogar, que outra coisa qualquer. E vindo de um Lombas, agora bolinando entre a teimosia de querer ser conhecido pelo Luiz Pacheco da direita e a chateza de não saber se Paulo Portas mentiu ou não ao tribunal; ou de um fogoso mercador de poesia, de nome Mexia, que calcorreia o rincão natal a dar desvairadas meta-comunicações sobre a poesis aos crentes; ou que dizer, desse luzeiro dos jornais, suspicaz filósofo encartado no seu isolamento de vida de cão, no Independente, e que conseguiu à sua custa baixar supinamente a tiragem do seu jornal, tal o bom-gosto e o bom-senso que o move; afinal, a trombeta assim esgrimida por tais personagens, iluminada com tão íntegros profissionais da imprensa como subscritores, explica-nos bem a brandura que têm com a direcção dos seus jornais. É que, de facto, não há qualquer diferença entre o engenheiro Saraiva e os seus pares Ribeiro Ferreira ou Inês Serra Lopes. Não é tempo de fustigarem os seus directores, meu caros bloguistas, em vez de mandar missivas por portas travessas?