sábado, 27 de novembro de 2004


Filho-da-Puta & Outros

Um dos garotos de Paulo Portas, em tom encomiástico, decerto no tédio da sua assessoria, lança-nos o epíteto de filho da puta. A urbanidade e o tom brando do miúdo fez-nos, evidentemente, ficar preocupados. As palavras laudatórias, mesmo que singelas, segredavam às nossas orelhas. De onde conhecíamos o espécimen é que não estava esclarecido. Nunca tomámos o café juntos na Bénard e temos ideia que jamais subimos braço-no-braço o Príncipe Real, a caminho dos antiquários ou em visita ao Pacheco. A verdade é que não o reconhecemos como conviva do Tavares e estamos plenamente convencidos não ter visto ninguém a pavonear-se no Largo do Caldas, como um histrião de feira, recentemente. Sabemos que a vida mundana é monótona e a paisagem estranha. Porém, a única vez que assomámos ao Parque Eduardo VII foi para seguir uma magistral prelecção de Gonçalo Ribeiro Teles, sobre ruas e jardins. Poderia ser que nos tivéssemos cruzado na FNAC do Chiado, mas decerto as futilidades mundanas não ganham espírito de assessoria. Da Pastelaria Versailles nem pensar. O mistério, devemos confessar, era excessivo. Até que voz amiga nos confidenciou, por desgraça nossa, que o memorial laudativo era dirigido aos acólitos do assessor, por ser dia de despacho. Descansámos, finalmente.