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sábado, 4 de junho de 2011

MOMENTUS DE REFLEXÃO


"É justo que pensemos um pouco na Pátria. Porque enfim, temos uma pátria. Temos pelo menos – um sítio. Um sítio verdadeiramente é que temos: isto é – uma língua de terra onde construímos as nossas casas e plantamos os nossos trigos. O nosso sítio é Portugal" [Eça de Queirós, As Farpas, Janeiro de 1872]

"Portugal é uma nação enferma do pior género de enfermidade, o langor, o enfraquecimento gradual que, sem febre, sem delírio, consome tanto mais seguramente quanto se não vê órgão especialmente atacado, nem se atina com o nome da misteriosa doença. A doença existe, todavia. O mundo português agoniza, afectado de atonia, tanto da constituição íntima da sociedade, como no movimento, na circulação da vida política" [Antero de Quental, 1868]

"Portugal é uma fazenda, uma bela fazenda, possuída por uma parceria. Como vocês sabem, há parcerias comerciais e parcerias rurais. Esta de Lisboa é uma parceria política, que governa a herdade chamada Portugal … Nós, os Portugueses, pertencemos todos a duas classes; uns cinco a seis milhões que trabalham na fazenda, ou vivem dela a olhar, como o Barrolo, e que pagam; e uns trinta sujeitos em cima, em Lisboa, que formam a parceria, que recebem, e que governam. Ora eu, por gosto, por necessidade, por hábito de família, desejo mandar na fazenda. Mas para entrar na parceria política, o cidadão português precisa uma habilitação – ser deputado" [Eça de Queirós, in Revista Moderna]

"Cada país tem o governo que lhe é adequado; a sociedade portuguesa, sustada sem seu desenvolvimento, nunca chegou a ser um organismo colectivo, vivendo do seu trabalho, com ideal político comum, capaz de se raciocinar e exprimir uma vontade geral. Ela constitui sem dúvida uma excepção na Europa, Ontem como hoje, tem sido sempre uma sociedade de aventureiros. Emudecida sobre as questões referentes ao bem da comunidade, só a interessam a emigração e as aventuras d’além-mar. O que cada um deseja é que o deixem sair”" [Alberto de Sampaio, in Revista de Portugal]

"Creio que isto é uma raça perdida. Começo a crer que biologicamente a nossa decadência degenerativa é manifesta. Não se trata apenas duma desagregação de alma colectiva, trata-se duma dissolução mais funda, mais íntima, passada na alma de cada um. Dá vontade de morrer – de vergonha" [Manuel Laranjeira, Diário Íntimo]

"Doze ou quinze homens, sempre os mesmos alternadamente possuem o Poder, reconquistam o Poder, trocam o Poder" [Eça de Queirós, Farpas, Junho 1871]

"A península Ibérica parece que herdou uma neurose – que em Espanha se tornou um génio raiado de loucura e, em Portugal, degenerou em imbecilidade misturada de velhacaria. Junte a isto (para Portugal), as influências hereditárias de uma avara genética, e explica muita coisa do País" [Eça de Queirós, A Capital]

"Em Portugal o cidadão desapareceu. E todo o País não é mais do que uma agregação heterogénea de inactividades que se enfastiam" [Eça de Queirós, Farpas III]

"O bacharel, tendo a consciência da sua superioridade intelectual, da autoridade que ela lhe confere, dispõe do mando; ao futrica resta produzir, pagar para que o bacharel possa viver, e rezar ao Ser Divino para que proteja o bacharel" [Eça de Queirós, Farpas III]

“O que um pequeno número de jornalistas, de políticos, de banqueiros, de mundanos decide no Chiado que Portugal seja – é o que Portugal é" [Eça de Queirós, O Francesismo]

in João Medina, "Eça Político", Seara Nova, 1974

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CONTRA A MANSIDÃO, PELA CIDADANIA!


"Este rosto com que amamos, com que morremos, não é nosso; nem estas cicatrizes frescas todas as manhãs, nem estas palavras que envelhecem no curto espaço de um dia (…) Só a custo, perigosamente, os nossos sonhos largam a pele e aparecem à luz diurna e implacável. A nossa miséria vive entre as quatro paredes, cada vez mais apertadas, do nosso desespero. E essa miséria, ela sim verdadeiramente nossa, não encontra maneira de estoirar as paredes (…)

Há mortos nas sepulturas muito mais presentes na vida do que se julga e gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores …
" [António José Forte]

"Do cadáver dum homem que morre livre pode sair acentuado mau cheiro – nunca sairá um escavo" [M.C.V.]

quarta-feira, 11 de junho de 2003

PORTUGAL (A NAÇÃO)


«Portugal a cabeça, cuja fronte patenteia três sentidos - o que respira, o que concede a palavra e o da visão -, é o Consciente de Europa.
Encarnação de Marte - o Mestre da Força, da Acção e da Luta -, é o estratego excelente, o criador das Quinas, dos Escudos ou Heróis, o construtor eminente dos Castelos - a sua invencível Fortaleza - e o realizador, por mérito próprio, do seu nobre, glorioso e ariano Solar.

Representando o princípio masculino, a força centrífuga, o movimento de translação, é o génio do Amor, da Aventura e da Saudade, o protector dos Argonautas, o Siva da Fé, aquele que, debruçado na sua Ponte-Cais, olhando fixo o cristalino do Mar, avista ali, diante de si, num só ponto, os quatro pontos cardeias, a par da vitória daqueles Argonautas contra todos os Titãs e contra o próprio Mestre da Morte e dos Infernos, e, por fim, como prémio, o mundo-terra a seus pés.

Portanto, os Portugueses - os homens dos portos - vencedores do Mar Tenebroso e descobridores dos quatro caminhos do Mundo, foram os construtores, os instituidores, os fundadores do Império.»

Os Atlantes, Vasco da Gama Rodrigues, 1961