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domingo, 13 de maio de 2007
Caem "políticos" nos jornais e na blogosfera
"Um político deve ser capaz de prever o que acontecerá no dia seguinte, na semana seguinte, no mês seguinte e ano seguinte, e ter depois habilidade de explicar porque não aconteceu" [Churchill]
Engordados pelas nouvelles eleitorais de França, alguns adoráveis paroquianos - conservadores, neoconservadores, simples rapazes ou mui eruditos jornaleiros/comentadores - caíram afrancesadamente em vénias graciosas ao sr. Sarkozy e ao seu (dele) labor liberal. Salvar la France do desastre pecaminoso dos filhos e netos de Maio 68, implodir o Estado-Providência, jogar "ao centro" à maneira de Blair, foi o pretexto para infindáveis postas "libertárias", nos media de papel e na blogosfera. Um novo "pensamento único", picaresco, anedótico e politicamente correcto, faz plágio do old, agora fora de moda. A receita é uma outra, mas o requinte da ideia está lá.
Temos como exemplo desse lirismo de pensamento "único" a circular posta a correr pela senhora Teresa de Sousa, que enquanto arruma cuidadosamente no armário as rendas, as flowers do Maio 68 e le portrait de Mao Zedong, tricota a novíssima "ruptura de inspiração blairista", obscenamente Socrática, e agora sentida no porvir Sarkozyano.
Como nos conta, em dose de purgante, a desordem (e a anarquia) de la France está, via futuro luminoso pós-Sarkozy, seriamente e irremediavelmente comprometida. A reforma e récita da new France, cuidadosamente guardada no intelecto de Sarkozy, curiosamente um dos autores que formataram o nefando monstro gaulês, está anunciada e tem, desde já, a sua guia de marcha. A senhora Teresa de Sousa garante-nos (e a rapaziada da blogosfera confirma) que a versão gaulesa do thatcherismo, após verduras inglórias, aparece sob a norma da autoridade, trabalho, mérito e identidade. A santa trindade, "pátria, família e trabalho" é ideia abalizada e de novo em voga. Portanto, meus caros amigos, estamos condenados a clamar ... vive la France!
Ora acontece, se não soubéssemos que o discurso neoconservador é uma "navalha sem cabo, corta sempre as mãos dos que a usam", pensaríamos que uma "nova época" estava iminente. Mas, como acreditamos que o vade mecum liberal está longe desse insulto impresso por Sarkozy que é o projecto de uma União Mediterrânica, ou do vulgaríssimo proteccionismo que a direita tonta defende, ou se afasta (mesmo que seja por decoro) do novo racismo do sr. Sarkozy, julgamos que os enternecidos comentadores & outros tantos risonhos bloguers apenas respigam textos de circunstâncias. Nada nos detalhes do discurso Sarkozyano permite aderir à virilidade do novel génio da direita. Como o lúcido Jorge Almeida Fernandes nos diz: "Em breve se verá". Até lá, esperemos.
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