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quinta-feira, 28 de agosto de 2008


Sebo na Estação da Lapa - Salvador da Bahia

Simples e curioso sebo, perto da estação da Lapa, em Salvador da Bahia. Apesar de ter poucas peças de interesse, apresenta obras literárias de edição popular e, se esquecermos o mau estado físico dos seus livros (que aliás é uma constante na Bahia, ou melhor por todo o Brasil), muito baratas. De muita simpatia.

domingo, 19 de agosto de 2007


Seu Eugénio Dutra Jr.

O amor e o gosto ao livro têm na Papiro marca pessoal. Habitualmente os seus visitantes e clientes sabem-no. Seu Eugénio – ali, em cima, sorrindo-nos – tem o hábito de satisfazer as manias dos bibliófilos ou de simples curiosos do papel escrito.

Inteligente e de muita simpatia, Seu Eugénio, fala sobre a literatura e arte brasileira, enquanto, com visível satisfação, comenta obras de Camilo, Eça, Saramago ou Vitorino Nemésio. Leitor compulsivo, o que é raro nesse negócio dos livros, tem o entusiasmo de um amador de livros, revelando no trato a proverbial alma do povo da Bahia, que aliás conhece bem.

Axé!

Sebos da Bahia - Livraria Papiro

Fica perto da estação da Lapa, em Salvador da Bahia. Na Av. Vale do Tororó, 28, um sebo bem curioso que nos deixa recordações carinhosas. Com um acervo farto, que vai da literatura à história, da arte ao livro jurídico, económico e didáctico, o sebo sitiado perto da Lapa, é local de peregrinação obrigatória. Há sebos assim: hospitaleiros, generosos e vivos, porque respiram a memória dos livros. A visitar.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007


Bahia de Todos os Santos

"- Você já foi à Bahia, nêga?
- Não!
- Então vá ...
" [Dorival Caymmi]

... O baiano que faz da amabilidade uma verdadeira arte, que é arguto até não mais poder, que é cordial e compreensivo, descansado e confiante. Que desmorona com uma piada agressiva todo um edifício de retórica. Escondendo sob o fraque solene um coração jovem. Gostando de rir, de conversar, de contar casos.

Eis uma cidade onde se conversa muito. Onde o tempo ainda não adquiriu a velocidade alucinante das cidades do Sul. Ninguém sabe conversar como o baiano. Uma prosa calma, de frases redondas, de longas pausas esclarecedoras, de gestos comedidos e precisos, de sorrisos mansos e de gargalhadas largas. Quando um desses baianos gordos e mestiços, um pouco solene e um pouco moleque, a face jovial, começa a conversar, se fechardes os olhos e fizerdes um pequeno esforço de imaginação, podereis distinguir perfeitamente distinguidos o seu remoto ascendente português e o seu remoto ascendente negro, recém-chegado outro das florestas da África. De quem é esta gargalhada clara e solta se não de negro? De quem é esta solene consideração para com o doutor, que é salafrário personagem da historia que ele conta, se não do português imigrante, rude admirador dos mais sábios? Essa mulataria baiana, essa mestiçagem onde o sangue negro entrou com uma boa parte, não produziu o clássico mulato espevitado, pernóstico, egoísta, adulador e violento com os inferiores (...)

Iemanjá tem cinco nomes e muitos títulos. É a rainha e princesa do mar, é a mãe-d'água, é Nosso Senhor dos Navegantes e é a Nossa Senhora da Boa Viagem. Tem cinco nomes e por todos eles atende aos seus filhos bem-amados, os marítimos dos grandes navios, os mestres dos pequenos saveiros, os canoeiros que renovam diariamente a aventura da travessia da Barra em busca dos portos do rio Paraguaçu. Sua festa no Rio Vermelho, no mês de Fevereiro, não é a única que lhe dedicam os homens do cais da Bahia. Ela é festa também na Gameleira, na ilha de Itaparica, na Ribeira em Plataforma. Porque ela possui diversas moradas no mar que banha a cidade. Vive em sua pedra no Dique, vive na Ribeira, mora no Rio Vermelho. É múltipla como os seus nomes. É a lenda mais bela dos negros da Bahia (...)"

[Jorge Amado, in Bahia de Todos os Santos. Guia das ruas e dos mistérios da cidade do Salvador, Livraria Martins Editora, Setembro 1945 (aliás, 8ª ed., 1961) - sublinhados nossos]

terça-feira, 14 de agosto de 2007


Remigração

"Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar, nem tu" [Cecília Meireles]

Após clamores das musas da venerável Bahia (que a magia é um trabalho iluminado) tomamos o pouso. Agora, e de novo, regressamos aos termos dos Campos do Mondego ... mar ao fundo. E digo-vos: atravessar de margem a margem o mar é uma "mareada" tal que nem um "aluá", feito por uma grande ialorixá, olvidaria. Enquanto isso, o humor caprichoso da bela Oxum sumiu-nos de vez. E Iemanjá foi para o mar. Não mais oferendas a podem acolher. Mas, ainda assim, a "água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum". O tempo passou. O "despacho" com que cultivamos o olhar foi matéria de feitiço. E o poema, a espera da hora.

Sobre a Bahia de Todos os Santos cumpriu-se o prenúncio de Seu Jorge Amado:"eu te mostrarei o pitoresco mas te mostrarei também a dor". Ali tudo é gente acostumada, que a caminhada é sempre longa e saudosa. O fado do povo da Bahia uma labuta pesada, tortuosa, sofrida. E ao mesmo tempo alegre e intensa. A prosa, essa, é comprida, segura, balançada, sensual. As histórias, lindas! O protesto do mar vadio foi, para nós, uma simples malandragem. Ah, e o povo do candomblé, capoeiristas & outras irmandades um assombro de ternura. Mirámos a eternidade sem levantar a cabeça. Não foi pouco ...

Axé