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quarta-feira, 24 de novembro de 2010
CONTRA A MANSIDÃO, PELA CIDADANIA!
"Este rosto com que amamos, com que morremos, não é nosso; nem estas cicatrizes frescas todas as manhãs, nem estas palavras que envelhecem no curto espaço de um dia (…) Só a custo, perigosamente, os nossos sonhos largam a pele e aparecem à luz diurna e implacável. A nossa miséria vive entre as quatro paredes, cada vez mais apertadas, do nosso desespero. E essa miséria, ela sim verdadeiramente nossa, não encontra maneira de estoirar as paredes (…)
Há mortos nas sepulturas muito mais presentes na vida do que se julga e gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores …" [António José Forte]
"Do cadáver dum homem que morre livre pode sair acentuado mau cheiro – nunca sairá um escavo" [M.C.V.]
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
PERFIL DO IDIOTA
O dia d’hoje – dia de greve dos docentes – fez aparecer, em sibilina fúria, o perfeito idiota. Aquele que, do governante ao comum dos mortais, intervém à espera que a sorte lhe sorria nas bandas da governação. O idiota é um rapaz estimável. Como o lacaio a quem o seu senhor manda entregar uma lembrança. O nosso perfeito idiota tem na literatura um excelente lugar. O seu segredo, que é a mesmo da congregação onde se matriculou, está há muito estudado.
Eis, como exemplo, um preceito para avaliação do perfil do idiota, pelo mestre Ernesto Sampaio, de sábia descrição:
"O IDIOTA é geralmente competente, moralmente irrepreensível e socialmente necessário. Faz o que tem a fazer sem dúvidas ou hesitações, respeita as hierarquias, toma sempre o partido do bem e acredita religiosamente nas grandes ficções sociais.
A incapacidade de relacionar as coisas, as ideias e as sensações transforma-a ele em forca, e como lhe escapam as causas e os fins do que lhe mandaram fazer, fá-lo com prontidão e limpeza, sem introspecções inúteis. Do mesmo modo, como vê no destino o único regulador da vida, acha que se uns dão ordens e outros obedecem é porque todos cumprem misteriosas injunções da providência, as quais é não só inútil, mas criminoso sondar.
O IDIOTA só pode ser bom. Para o mal, precisa-se de imaginação, inteligência discriminativa, espírito científico. (...) O IDIOTA é um bom cidadão. Sem ele, a sociedade entraria em curto-circuito, incendiada entre os pólos do dever e da desobediência revolucionária. (...)
Embora para um IDIOTA seja uma desvantagem não saber que o é, normalmente ninguém lho diz: segundo Brecht, «tornar-se-ia vingativo como todos os idiotas». Aliás, o mesmo Brecht diz que ser idiota não é grave: «É assim que você poderá chegar aos 80 anos. Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem. E então na política!» (...)
Para o IDIOTA, os sentimentos e as emoções são «uma boa», constituindo dados manipuláveis. Em si mesmo, não acha qualquer sentido ou valor, mas de qualquer modo são coisas que lhe podem trazer vantagens ou desvantagens: é preciso, portanto, avaliar-lhes as implicações e consequências. Ao lidar com sentimentos e emoções, os próprios e os alheios, o problema, para o idiota, consiste em controlá-los, guiá-los, desfrutá-los, e isso implica trabalho, cálculos complicados e a aprendizagem de técnicas nem sempre fáceis. (...)
O IDIOTA circula à volta do sucesso como a borboleta em redor da chama, agarrando-se como lapa ou mexilhão a quem o alcança. Espertalhão, agrada-lhe receber, mas dá o menos possível, e arranja sempre qualquer explicação ética para justificar este comportamento. Na realidade, a sua lógica, elementar como as suas poucas ideias e imagens, consiste apenas em receber sempre mais do que dá. (...)
Os IDIOTAS andam sempre juntos: consomem os mesmos produtos, frequentam os mesmos locais, lêem os mesmos livros e jornais, e têm uma habilidade notável para descobrir e evitar quem não é idiota. Graças a Deus! A política, porém, unifica o conjunto da sociedade sob o signo da idiotia: pessoas estimáveis, notáveis até nos diversos domínios do saber e da cultura, quando chegam a política tornam-se idiotas. Triunfam, quer-se dizer. Tornam-se, enfim, públicas".
Ernesto Sampaio, publicado no Diário de Lisboa, de 12/06/1987, e reeditado no livro "Ideias Lebres", Fenda, 1994, p. 133-36.
A todos uma boa janta!
COM OS PROFESSORES!
A miserável campanha de intimidação, movida pela equipa do Ministério da Educação contra os docentes e muito bem inspirada nas boticas partidárias de Homens perturbados e sem honra, não passará. Os professores são cidadãos sérios, corajosos e exemplares. A nobilíssima missão que profissionalmente desempenham e a travessia que fazem em prol da (saudade) democracia é incontornável. Por isso, nesta desordem educativa, têm o respeito do país de Homens livres. A defesa da honra, do bom-nome, do ensino de qualidade e da instrução pública, são exercícios honestos de cidadania que todos os dias assumem, seguros que estão da sua liberdade. A insubmissão (de todos eles) contra a prepotência e o obscurantismo representa um sentimento generoso de independência e emancipação. A greve de hoje assim o mostrará!
"Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição..."
[Geraldo Vandré - Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores]
BOM DIA!
Acualização [13,00 h]: "Numa ronda por escolas da Grande Lisboa, a Lusa encontrou várias escolas fechadas e, na maioria dos casos, a funcionar com menos professores do que o habitual ..." - in jornal Público online.
- "Greve: pais ameaçam recorrer aos tribunais". Mas A Adesão Não Foi Muito Baixa? [in blog Educar]
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
COM OS PROFESSORES – DIA DE GREVE NACIONAL
Em apoio & mantimento à luta dos Professores; em defesa da Escola Pública e contra o despotismo iluminado dos que têm sempre razão e nunca se enganam; em defesa do Ensino sério, de qualidade e rigor, contra a proletarização da docência; em defesa da Educação, pelo exercício da cidadania plena (sem medo) e contra a calúnia dos rebanhos muito ajeitadinhos ao poder; em defesa da honra e dignidade contra as ameaças dos eternos vendilhões com assento nas corporações de interesses. Pela santa liberdade.
Nós moralmente limpos ...!
Lopes Graça - Clamor
quinta-feira, 31 de maio de 2007
A Greve Seráfica
"a liberdade é um dom do mar” [Proudhon]
Não discutimos a greve. Geral, parcial, espontânea ou permanente. Ela é sempre legítima e democrática, tenha a capacidade inventiva e a dimensão íntima que tiver. Por isso não anunciamos a vossa, formal e de choro desvalido. Daí, também, que não nos pronunciemos sobre aquela outra, que é sempre "no bisel dos beijos". Um cavalheiro - sabem os democratas - nunca denuncia o amor ou ódio em público. Tem recato, nas horas vagas de serenidade. Fica, assim, para o putedo intelectual, para quem a greve é sempre a maneira vocativa da canalha ser obscena, alentar maliciosamente a análise e a interpretação sobre a caducidade da "coisa". O tédio de quem nunca trabalhou e a chateza da vida dão sempre origem a melodias anti-greve formidáveis, de puro exotismo.
Ontem - dia de greve - a bravata de algumas personagens, de sorriso seráfico, rendeu a mais boçal das récitas governamentais. A comunicação social, em especial o reaparecido Diário da Manhã, foi retumbante de gracejo político sobre a greve e os grevistas. E de extenuadas vénias ao poder. Para quem assistiu à investida exterminadora de uma sra. jornalista (TVI?) contra o "bom" do Carvalho da Silva, durante a sua conferência de imprensa, entenderá a fúria e coacção que por sobre os indígenas cai.
Por tudo isso, não espantou que um raminho de zelosos subordinados do eng. Sócrates, com o inefável Silva Pereira, o clássico João Figueiredo e o garoto Fernando Medina à ilharga, se ocupassem do empolgante trabalho de manipular e intimidar cidadãos livres, ao longo do dia. Os comissários partidários, como no tempo do Botas de S. Comba, regressaram em força. Frescos, buliçosos e desprovidos de hábitos democráticos, tais personagens que parecem comentadores de um jogo de futebol, explicam que de 2007 para 1973 "o olhar trocou-se / não se trocou o cheiro" [O'Neill]. Conhecemo-los bem.
quarta-feira, 22 de junho de 2005
A GREVE: A BOA E A OUTRA
As qualidades patenteadas no opinioso protestatório expedito pelos novos pastores do rebanho Socrático, contra a impura greve dos docentes do ensino básico e secundário, são de um espectáculo constrangedor que aniquila qualquer um. O tumulto que vai na alma desses jovens messiânicos de antanho, agora recostados nos maples do politicamente burguês & alapados na academia fleumática da vida, não é mais que um sermão gratulatório recitado aos indígenas que padecem desse insofrível incomodo de abraçar um funcionário público. Estão neste caso, os suspiros exalados pelos meus caros amigos, Vital Moreira e Paulo Pedroso, ou essa desdita da agonia dos docentes anunciada por João Gonçalves.
Tais pronunciamentos, pelas imprecações de teor político referidas e, principalmente, pela descomunal ocultação do procedimento administrativo ou (in)jurídico tricotado pela tutela, de cariz ilegal e politicamente reaccionário, são momentos que imortalizam a história pública lusa. Com a curiosidade de difundir no "rebanho" socialista a ideia que a "boa greve", iluminada e melodiosa, é aquela que for sempre contra a governação do que chamam (com graça admirável) a direita, autoritária ou nem tanto. O embuste de se aceitar manobras dilatórias jurídicas, que qualquer governante do Estado Novo aplaudiria sem rebuço algum, desvela que não só não se vive num Estado de Direito pleno (o poder disciplinar da tutela, sendo óbvio, ainda não lhe permite ser juiz em causa própria), como os seus intervenientes manifestam uma grosseira apetência pelo autoritarismo, que nada tem a ver com o que prosaicamente se chama socialismo.
E não se pense que temos metafísica de míope. Nem por isso! O facto de não acedermos com facilidade ao corpo reivindicativo (e à praxis) que é solicitado pelas organizações sindicais dos docentes para dar inicio à greve, não nos permite seguir aqueles maledicentes críticos para quem os vadios do funcionalismo público são a fonte de todo o mal. Tais alimárias pranteiam a defesa de um "igualitarismo" estulto em toda a administração pública, de baixo a cima, nivelando tudo e todos, a maior parte das vezes sem saber do que falam e, muitas vezes, tentando iludir quem avançou com as reformas que agora pretendem retirar. E se ligarmos a toda esta questão a renovada fúria e obsessão pelo défice, então, muito justamente, teremos de aceitar que as revindicações dos trabalhadores da administração pública são parte integrante das suas estratégias de sobrevivência. E como tal, são justas. Tal como as greves. Porque, para nós, a "boa greve" ... não é, sempre, uma outra qualquer.
sábado, 24 de janeiro de 2004
SOLIDARIEDADE COM A FUNÇÃO PÚBLICA
"O Homem é um secular malvado, que, por perversão ou estupidez, construiu uma civilização de canibais, cem vezes mais malvada do que ele" [Gomes Leal]
A requintada hipocrisia com que alguns mencionam a Função Pública, ontem em greve por melhores condições de vida e qualidade de trabalho face a uma administração e gestão ruinosa, inoperante e incompetente que anos a fio a classe politica amamentou, pelos ditos assombrosos proferidos, na maior das soberbas e com entoações do mais profundo desprezo pela dignidade de quem trabalha, desvela bem os sinais dos tempos.
Dum lado os acólitos do neo-liberalismo balofo e de sacristia, para quem toda a perfeição reside na gestão privada, enquanto lá vão piscando os olhos aos amigos, entretidos a espoliar o Bem Público, fugindo aos impostos, praticando a corrupção moderna, com a eficácia e a produtividade conhecida. Outros, os ressaibiados que por fastio, acomodação servil e falta de qualificações técnico-profissionais foram atirados para a selva do mercado de trabalho, tão de agrado dos novos liberais, dobrados que lhes foram a espinha vertical, desatam em impropérios vários, quase sempre bem maledicentes e espumosos de servilismo e arrogância. Por fim aqueles que em papeletas avençadas, os opinativos serventuários dos seus donos bem amados, clamam com o dedo no ar contra a alimentação do monstro, bem sustentado que foi pelo cavaquismo nos tempos áureos do oásis e depois continuado em alegro folgazar pelos que lhe seguiram, burilam teorias orçamentais que fariam corar o Botas de Santa Comba.
A desorientação é evidente e total. Aliás é vê-los a dissertar sobre o vencimento dos assessores ministeriais (hi! Marques Mendes) e outros cérebros partidários, o pagamento da antiquíssima dívida da República ao poupado Jardim madeirense, o aumento e descontrolo das dívidas das autarquias locais a bem dos colegas de carteira, a qualidade técnica e profissional dos gestores públicos, ou das políticas de saúde e educação, para se entender de que se fala quando se fala de modo obstinado e boçal sobre as revindicações dos trabalhadores da Função Pública. Estamos disso crentes. [foto: Henri Cartier-Bresson, Bolsa de Londres, 1955
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