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quinta-feira, 31 de julho de 2003
BIBLIOFILIA - AQUILINO RIBEIRO
"Para Anatole France não havia leitura mais amena e sedativa que um Catálogo de livros. De facto, depois de ouvir um discurso nas Câmaras, dar-se o parecer sobre um relatório, sustentar uma polémica sobre existencialismo, não se pode encontrar entretimento mais repousador e edificante. É como estar debruçado à janela a ver passar, sem nos coagir a nenhuma forma de zumbaia, uma vistosa procissão à antiga."
[Aquilino Ribeiro, Ao Amador do Livro, Catálogo de Livros Seleccionados do Mundo do Livro, nº 3, Lisboa, 1955]
Pois, foi isso o que fizemos, Mestre. Depois de sermos esmagados por duas vezes no xadrez (a mania de ressuscitar a Portuguesa do António Ferreira foi fatal), ignobilmente esmifrados por uma irreverente jogadora, ainda para mais leitora de Augustina, deixou-nos à beira de um ataque de nervos. E ainda se diz que a mulher é "esse continente negro" ...
"Há ainda os lordes Byron da bibliofilia que apreciam um livro como apreciam uma mulher, primeiro pelo aspecto, beleza da mancha, tintagem, cores de título, boa ordenança do frontispício, depois pelo que encerra de recatado e supremo: o espírito. De facto há, não podia deixar de haver, uma certa voluptuosidade em roçar, cerebralmente, esses corpos sensuais, que são os livros bonitos, (...)"
[idem, ibidem]
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