Ensino: agravos, calúnias & blogs1.
Maria de Lurdes Rodrigues, ainda ministra da educação, deu ontem uma série de entrevistas às televisões a propósito da manifestação de repúdio dos professores contra a sua pessoa. Esteve em todas elas,
pastoreando os incautos espectadores e celebrando a sua incompetência política. Em todas elas, a arrogância e "
teimosia" assumidas apontam para a sua insipiência em "
matéria de gestão de organizações". Que é total.
Tratando quer um "quartel”" quer uma escola, como sendo uma
única e a
mesma organização, logo iguais conceptualmente, o seu exercício intelectual e académico põem em evidência as suas fracativas competências científicas-pedagógias na matéria. E revelam o estado do
ensino académico indígena. E logo ela que, não por acaso, aparece como sendo uma putativa
expert nesse folheto curioso que é a sociologia das organizações. Se não se soubesse que tal panegírico é assunto recopilado via o imaginário providente de
João Freire (anarquista aposentado), com o apoio dos inefáveis empregados do regime que vegetam no
ISCTE ou desconhecendo-se como a douta socióloga aplica na prática política e governativa os ensinamentos teóricos que lecciona, seríamos julgados a acreditar na bondade das suas medidas. Infelizmente não é assim! Qualquer um que queira saber as razões que estão por detrás do conflito entre (todos) os professores e a ministra tem à sua disposição na internet
todos os materiais para uso do contraditório nessa matéria. Que o faça, livremente. Se for
ainda capaz.
2.
Calúnias. Não falamos das afirmações do caluniador e provocador
Emídio Rangel, porque o caso é de foro psicanalítico e não argumentativo. As palavras insulsas ficam sempre bem a quem as profere.
Mas os editoriais
do DN e
do JN, pelo fraseado gasto e a manifesta
inverdade no que escrevem, para além de ridículo são de lamentar. O
editorial do DN é, de facto, de uma
leviana ignorância e
maledicência ao considerar puras deturpações como "
casos concretos". O jornalista (?), presume-se o próprio
Marcelino, não estudou a matéria em causa, limitando-se a repetir os rumores lançados pela ministra da educação. É
ignorante porque afirma que "
professores avaliados tem apenas de preencher uma ficha de definição de objectivos com duas páginas" – o que
não é verdade totalmente – repetindo
ad nauseam o que é lançado via governo. O porquê deste extraordinário e típico rumor era curioso de descobrir. O
João Marcelino tinha (e tem) ocasião de saber se é ou não assim: basta ir a uma qualquer escola ou consultar documentação na internet.
Mais: o
João Marcelino repete "
que há muitos professores que já foram avaliados". O
Marcelino, dando préstimos a iguais afirmações da ministra,
não sabe que tipo de professores foram avaliados, em que contexto e como. Esquece-se de dizer que a tais docentes (
os contratados e os que subiam de escalão até final do ano lectivo) não se utilizou a mesma metodologia (só tiveram de fazer a sua
autoavaliação) com que agora se brinda os docentes do quadro e que, curiosamente, se encontram actualmente a trabalhar, na sua maioria, em caixas de supermercado ou estão no desemprego. Mas podia saber quem foi "avaliado" (e como?) se fosse
autónomo, tivesse
interesse, fosse
atento e soubesse
fazer uma simples pesquisa. Isto é,
se fosse jornalista.
Por fim, é inútil referir o
study case desse típico gerente dos jornais dos regimes, o senhor
José Leite Pereira,
director do
JN. Num
editorial abjecto,
repetindo a pataco as enormidades do seu camarada
João Marcelino (porque será?) pincela uma sensaborona croniqueta, onde o que avulta é apenas a
pífia repetição desse espantalho das corporações e da defesa de direitos adquiridos. Para isso estamos conversados. Não é o jornalista
Leite Pereira que pode vir
dar lições sobre essa matéria. Ou a vergonha caiu de vez?
3. Por sua vez a
Blogosfera, quase sempre escrava de factos e da retórica política posta a correr por criaturas sem nome,
dorme "como um cevado". Bem comportadinha e sem liberdade de acção, como qualquer liceal, faltou à chamada. O ensino ou a educação irritam-lhe ou parcos neurónios, sonega-lhe a inspiração e a verve. A
Blogosfera embirra com o ensino e os educadores. Fosse outro o escarcéu, já tinha publicado excelentes gatafunhos de gramática política & parido tão artificiosos como retrincados textos. Muitos dos blogs,
ditos de referência, estão mais para a agulha e o dedal partidário. Ou sindical. Ou corporativo. Afinal porque razão haveriam de prosar e debater o ensino ou a educação? Acaso alguns desses extraordinários "
cães de guarda" do regime, na sua boémia internauta, poderiam gastar as teclas, contestar ou opinar sobre a questão, talvez,
absolutamente vital do país que é o ensino e a educação? Não podiam! Isto porque, tais fervorosos
bloguers frequentam, como almas gémeas ou como comensais, o repasto do regime. Ora nunca se viu alguém morder a mão que lhe dá de comer. Evidentemente que não.