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quarta-feira, 3 de dezembro de 2003

DANIEL, O REVOLUCIONÁRIO




"Quando chegam as andorinhas, nunca se deve modificar a forma de andar" [MHL, AO, CC]

Decididamente, e contrariando boatos da reacção que insistiam em dar como extinta a excelsa classe dos revolucionários, eis que através de uma posta, o grande Daniel confessa-se e mostra que está vivo os ideais da revolução. Incomodado com as manifestações pequeno-burguesas da camarada Odete, dado a sua instrumentalização pela perfídia do capital e antevendo um perigoso desvio direitista na luta de classes moderna, o camarada Daniel vilipendia não só a senhora, mas ainda tem tempo de, num desvairado reconhecimento, confessar a sua "formatação" ao longo de 80 submissos anos. Fomos às lágrimas. Na foto acima, pode testemunhar-se a vitalidade revolucionária do Grande Daniel "em plena campanha de mobilização das massas contra a reacção", enquanto suspirava por Alexandra Kollontai e Rosa Luxemburgo.

[Será conveniente referir, que não seguimos o que Barthes afirmava sobre o carácter conservador da fotografia, e que muito bem questionou o nosso Terras do Nunca, pois muito embora a imobilidade e a fixação do instante da pose exista, o que pode significar uma manifestção de conservadorismo, julgamos que o camarada Daniel jamais será manipulado pela verdade fabricada do real (Barthes dixit) que a fotografia sugere. Pois canté!]

quinta-feira, 27 de novembro de 2003

FOTOGRAFIAS


"A teoria é uma armadilha estendida na esperança de que o real se deixe aprisionar" [Baudrillard]

O tempo, o detalhe, recordações, o pensamento e o imaginário, o óbvio e o obtuso, emoções, lembranças, impulsos, um outro olhar, tempo que não volta. "Fazer, experimentar e olhar", eis a fotografia, como diria Barthes. Ou "colocar na mesma mira a cabeça, o olho e o coração" (Cartier-Bresson). Há blogs que mostram isso mesmo. Para além das letras decifradas, fica-nos os fragmentos do real do Bruno Espadana, o intimismo na Ângela Berlinde, as molduras textuais da Montanha Mágica ou da Janela Indiscreta, a luz e cor da Deusa do Blog ou as imagens-quadros do Abrupto. Mas também no Letteri Café, Silêncio, Dudi, Grafolalia ...

Eça vs Camilo

Agradeço ao Impensável o esclarecimento sobre a Carta de Eça, na sua desavença com Camilo, que gostosamente citei em posta anterior. Nem me passou pela desdita fazer qualquer reparo ao assunto, dado ser vox populi, creio. Doutro modo, as causas para que a polémica entre os dois não "vingasse" são hoje de difícil configuração, passe alguma deixas de Alexandre Cabral, João Reis e muitos outros. Por outro lado, declaro, desde já, que vacilo entre o génio sarcástico de Camilo e a escrita irónica de gentleman revolucionário, por muito moralizante que seja, de Queirós, não pertencendo a nenhuma das claques em contenda. Certo que prefiro o Camilo da sua primeira fase, mais radical e intratável, mais colectivista e malicioso que a que se lhe seguiu. Ou que ainda leio com indisfarçado prazer A Campanha Alegre do Eça, o Conde de Abranhos, ou as Notas Contemporâneas. Ao que parece, ainda não se esgotou as diatribes entre Queirosianos e Camilianos, esse eterno registo incontornável. Apesar do silêncio de alguns anos a esta parte dos nossos intelectuais de serviço.