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domingo, 12 de julho de 2009
sexta-feira, 7 de novembro de 2003
O SENADO DA VERGONHA E OS DRIBLES DE SEABRA DOS SANTOS
"Um pé na margem direita, outra na margem
esquerda e o terceiro no rabo dos imbecis" [J. Prevert]
Entre a romagem ao portal de S. Bento, abandonadas as aulas bafientas, e a miséria da vida quotidiana na Universidade de Coimbra, fiquemos pela excitação do seu Senado Universitário, tomado agora como altar de piedosos exercícios democráticos. Cante-se, pois, os inesquecíveis dribles de Seabra Santos perante o domesticado quórum do Senado, que a bola nunca esquece e o futebol é que educa. E anote-se este novo milagre cívico de votações à sorrelfa, pois que a paixão da educação tudo permite e a pedagogia assim o exige. E diga-se: se Coimbra é uma lição, o seu Senado é a oração sapientíssima, o compêndio do cidadão; e como redil doutoral, só pode encantar pelas liturgias nostálgicas do passado. Para que um dia vos lembreis.
Na vida admirável do estudante, "o ser mais universalmente desprezado" depois de colunista, deputado, futebolista e bloguista, a crise da universidade reside na sempre eterna poeira das propinas, um recreio de grande excitação. Incapaz de propor algo de perfeitamente noviciado, a actividade radical do estudante universitário assenta nesse moinho de vento do "não pagamos", o pronto a carpir do estudantariado. Julgando-se tanto mais livre quanto maior o simulacro das suas preces e clamores, o estudante cede às grilhetas da autoridade e "chega tarde demais a tudo".
É, pois, com admirável condescendência e uma ingenuidade enternecedora que, amortalhados entre as quatro paredes da sala de aulas, atentos e veneradores ao desfiar da cultura dos mestres, nunca ousam denunciar o enorme tédio das inenarráveis aulas dadas por cavalheiros que tem do pedagógico a noção de um discurso às mulas da parada.
Em paga dessa respeitabilidade, eis o declarado desprezo dos Seabras Santos no seu Senado e as pragas dessa eminência parda da Nação que dá pelo nome de José Manuel Fernandes. Para que um dia vos lembreis.
sexta-feira, 5 de setembro de 2003
DUELOS IMPREVISTOS
Recordo-me sempre daquele dito de Pessoa, "basta a quem baste o que lhe basta /o bastante de lhe bastar", quando apanho o João César das Neves em alegre e desembaraçado debate. Hoje, por mero escapismo, apanhei-o num duelo (Sic noticias) frente ao perigoso gauchiste Louçã. Apesar do belíssimo gesticular do nosso professor, até agora não entendo como é que tão luminoso intelecto atingiu tão esforçada cadeira (económica, diga-se). Bem sei que o seu Manual de Introdução a Economia se lê obrigatoriamente em todas as cátedras, vende-se como pãezinhos quentes, pelo que deve ser de muito estimação. Mas sei, do mesmo modo, que há que fazer restrições a idiots savants, principalmente quando se preocupam (mesmo em ciência económica) somente com o seu próprio interesse sem que alguma vez questionem também o prazer que se tem com a felicidade dos outros (Smith, sempre). Ora, é o caso de JCN. Supondo, na sua inocência, que está frente a uma plateia de leitores do CM, da Maria ou do Record, teima em dar explicações populistas em torno do deficit e do PEC, sem qualquer capacidade de análise e de predição. Enquanto o seu colega de debate (Louçã) remetia para a análise económica (boa ou má, é indiferente), imediatamente o divino professor calçava as chinelas para discursatas no mercado do povo. O alegre autor de "O Estranho Caso do Livro de Economia", fechou-se economicamente por dentro e esqueceu-se da chave.
Sobre o assunto da comunicação económica (afinal, uma metacognição) e da necessidade das "mentiras ou falsidades" sustentadas por governos (como JCN defende a bem da Nação) em períodos (não)eleitorais, ver:
Algumas observações sobre a metodologia em economia (Sousa Andrade) – GEMF
As teorias de Ciclos Políticos e o Caso Português (Rodrigo A. Martins) – GEMF
[NOTA] Espera-se, e nada nos move do contrário, que dia 11 de Setembro, o programa Duelos Imprevistos seja excelente. Dois óptimos comunicadores: Mário Soares e José Pacheco Pereira. A seguir.
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