 De Lit(r)os de Opinião
De Lit(r)os de OpiniãoQuem ler os 
jornais diários necessita de uma grandeza mental sólida, uma felicidade humilde, uma virtude diligente, para ler os testemunhos dos pregadores do costume. O sentimento manifesto quando se lê os ungidos da politica profissional no seu delírio de colunistas, opinando do grémio jornaleiro, é uma visão de espíritos sem memória, com meditações prodigiosas e vaticínios admiráveis à mistura. 
Não se pretende referir as piedosas lágrimas da 
bruxa da Areosa a favor do seu novo pai-santo, o enternecido 
Lopes; não se deseja a abertura das almas ou a genuflexão pecadora dos indígenas, perante as 
singulares palavras de 
Nuno Fernandes Thomaz, digamos, ao longo da sua vida de mareante exangue; muito menos queremos abalizar os comoventes e abnegados discursos espirituosos do mancebo 
Paulo Portas, citar as meditações órfãs de 
Pires de Lima-Filho, ou a eloquente animação de um 
Miguel Almeida, do viçoso 
Luís Delgado, de um atordoado 
Filipe Menezes. Nada disso. Hoje a ventura coube, por merecimento, ao 
desgostoso Santos Silva. 
Augusto, de seu nome. Tutor por coração e súplica.
O noviciado técnico de refrigeração, colunista e político em part-time, estratega de maiorias & soluções governativas, 
dispara furiosamente contra a mão esquerda do diabo. Tanta 
prosápia nas suas afirmações, tanta doutrina abrasiva contra os 
hereges da putativa maioria, tanta 
raiva revelada, que decerto 
Santos Silva será em breve canonizado, com honra devida. Estamos a vê-lo à direita de 
Guterres e imediatamente ao lado de 
José Lello, 
Narciso Miranda, 
Jorge Coelho, 
Pina Moura e, porque não, 
Paulo Portas. Eis os sujeitos da sua doutrina enunciadora. E de tanto mérito é vicioso que, por 
memória de dor, nada nos esclarece sobre as porfiadas políticas de antanho ou o fruto governativo rosa. Pelo contrário: deixando de fora o precioso 
queijo limiano, muitas historietas em torno dos 
boys & construtores civis, um 
despesismo Pina-Mourado bem curioso & afins, o tomado de horror 
Santos Silva desaba a cobiçar, 
inquieto, votos e disposições de gente que lhe merece 
respeito e um maior desvelo 
democrático. Numa coisa 
Santos Silva está certo: "porque é que não devemos sujeitar as atitudes e os argumentos", e acrescentamos nós, as práticas da 
tralha socialista de má memória à escolha eleitoral que se segue? Haverá muitos mais discernimentos? A 
memória resistirá ao esforço?