sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005
Eleições: uma vinagreira
"O mel é pouco e as lambeduras são muitas" [popular]
Há em toda esta campanha eleitoral uma emoção sinuosa, um nervosismo pegadiço, uma disparatada cacofonia. Ninguém se lembra de tamanha chacota. Esta política de farmácia parece contagiar tudo e todos.
O momento maior desta semana foi abonado fervorosamente pelo jornal O Público, a propósito da opinião do sr. Silva (assim cortesmente evocado na boçalidade de Alberto João) sobre as eleições. A encomenda assassinou, de vez, o professor Cavaco Silva. Ainda o tiroteio ia no adro e já a reprimenda ao sr. Silva ecoava por todo o lugar.
Saber a quem favorece a surtida aventureira d'O Público é um cruel embaraço, uma tarefa estouvada. A ratoeira armada ao professor foi uma maquinação inteligente e nem o momento de retiro professoral lhe pode valer. O sr. Silva está, definitivamente, posto de lado. Resta provar, porém, se as cogitadas intenções presidenciais do professor tinham fundamento. É que na mais lisonjeira hipótese, antes de se embaraçar na tarefa presidencial terá de apresar e limpar o seu partido. Uma empreitada bem mais fácil. Ou não?