[
Coimbra]
"Em torno dela (geração), negra e dura como uma muralha, pesando, dano sobre as almas, estava a
Universidade. Por toda essa
Coimbra, de tão lavados e doces ares (...) se erguia ela, com as suas formas diferentes de comprimir, escurecer as almas: o seu
autoritarismo, anulando toda a liberdade e resistência moral; o seu
favoritismo, deprimido, acostumando o homem a temer, a disfarçar, a vergar a espinha; o seu
literatismo, representado na horrenda sebenta, na exigência do «
ipsis verbis», para quem toda a criação intelectual é daninha; o seu
foro, tão anacrónico como as velhas alabardas dos verdeais que o mantinham; a sua negra
torre, donde partiam, ressucitando o «
precetto» da
Roma jesuíta do século XVIII (...) os seus
lentes crassos e crúzios, os seus ... e os seus ..., o
praxismo poeirento dos seus Pais Novos e a rija penedia dos seus Penedos!
A Universidade, que em todas as nações é para o estudante uma «
Alma Mater», a mãe criadora (...) era para nós uma madrasta amarga, carrancuda e rabugenta de quem todo o espírito digno se
desejava libertar, rapidamente, desde que lhe tivesse arrancado pela astúcia, pela engenhoca, pela sujeição à «
sebenta», esse grau que o
Estado, seu cúmplice, tornava a chave das carreiras " [
Eça de Queiroz]
"Eu não avalio, na origem, o vosso
acto de revolta. Falta-me a competência (...) a nossa triste
Universidade, embora com homens de valor, julgada em globo, na sua organização, na sua estrutura e nas suas tendências, só realmente queimando-a, nos daria luz. Não a queimem, nem a destoquem,
reformem-na" [
Guerra Junqueiro,
in Carta à Assembleia de Estudantes da Academia da U.C., nos acontecimentos académicos de 1907]