terça-feira, 2 de novembro de 2004


Les bons esprits ...

"Não há extravagância imaginária de que não seja capaz o coração do homem" [Anónimo]

Agradecemos todas as obsequias mas só hoje estamos de volta. Para corresponder a tamanha amabilidade que os e-mails nos dispensaram, aqui deixamos prosa adocicada, verdadeiras petas úteis ao cidadão e à corte. "Les bons esprits ..."

- ao que se sabe, o discurso recitado na paróquia pela dra. Ferreira Leite, a mais alta e fulgurante ministra das finanças que o pensamento económico conheceu, encontra-se pelas ruas da amargura. O catecismo de Ferreira Leite teve os seus dias, sabe-se. Hoje, é ver a ex-ministra expiando a dor orçamental nos assentos do Banco de Portugal, sem gratidão, emoção e ... principalmente labor. Mesmo sabendo-se a intensidade da indigestão da sua política, não deixa de causar estranheza não lhe darem nada para fazer. É uma dor de alma vê-la assim contrariada na prateleira técnica da instituição bancária. Que pensará Ferreira Leite disso tudo?

- a pose estadista de Santana Lopes, cuja sensibilidade organizativa é demais conhecida, faz furor entre os funcionários de apoio ao Conselho de Ministros. Após a ordenança e planificação do trabalho administrativo e jurídico Barrosista, que corria bem e em tempo útil, destoa a enorme barafunda, agitação e a comovente insegurança da prática Santanista. Não há assessores, nem funcionários que resistam.

- consinta-se que se deixe, aqui, um louvor ao prof. Marcelo Rebelo de Sousa pela aquisição de algumas peças bibliográficas curiosas e estimadas, provenientes do espólio do ex-Pide Silva Pais. Quase todos com dedicatórias expressivas de homens do Estado Novo, os livros arrematados a um alfarrabista, fazem a delícia de um amante dos livros. Assim tivesse compreendido o Estado ou a Torre do Tombo, o que é o mesmo, quando não quis comprar o grosso da correspondência e demais documentos manuscritos pertencentes a Silva Pais. E que acabaram destruídos pelos herdeiros. Há países muito obscenos!