Ecos da Semana"
Quem não foge a tempo não ensina estratégia" [
Millôr Fernandes]
- A revista
Figueira 21 saiu com uma invulgar entrevista ao sempre-em-pé
Santana Lopes. O que diz de novo? Pois, para além da trovoada de frivolidades costumeiras, o douto
Santana Lopes assegura que o "
facto político mais relevante", desde que acabou o mandato na Figueira, foi "
o fecho do jornal A Linha do Oeste", pertença de
António Tavares. Um humorista, este
Lopes. Coisa que um tal
Fernando Rodrigues, putativo director da tal revista, ao que
aqui se pode ler, não perfilha. Manias!
- Não foi feliz,
in illo tempore, o eng.
Guterres a trabalhar com os números do engenhoso
PIB. A coisa saiu-lhe mal, por
modéstia. Mas apesar de não saber a tabuada,
Guterres será para sempre um gentleman. O mesmo não se pode afiançar do grotesco
Mário Lino, mestre em aeroportos & afins, inchado de soberba em quase tudo. Bastou o eng.
Leite Pinto, no último
Expresso da Meia-Noite, pedir ao sábio eng.
Lino para fazer umas contitas da primária sobre a
Ota, para a ignorância espirrar do ministro fanfarrão. Foi caricato reparar no
faccis do engasgado, acossado e palavroso ministro. No dia seguinte, quem leu o
Sol, soube que o sábio Lino, além de desconhecer a tabuada,
mente muito bem em televisão. Excelente ministro, deste fantástico governo.
- Andam por aí, dois
Daniéis a ressuscitar a economia indígena. São, por demais, conhecidos. Um assina
Amaral, outro
Bessa. Ambos escribas espiritualistas do
Expresso. Incansáveis na erudição económica, e mesmo que mutuamente não se aturem, fazem uma bonita parelha. Esta semana o pregador
Amaral dá uma de bruxo e prevê o seu amo
Sócrates na cadeira da paróquia até 2013 ("
e sabe-se lá que mais a seguir ..."). Este invulgar economista suspira pela "
descida de salários" da canalha, não lê, por miopia, os dados do
Eurostat, faz contas à
Mário Lino e mendiga uma pastinha rosa qualquer. Uma qualquer, oh!
Manelinho! O outro
Daniel saiu em defesa do patrão: o tio
Belmiro. Este
Bessa não sendo tão farsista na tabuada como o
Amaral, confessa que ainda "
vê, ouve e lê". Não diz é o quê! Mas pouco importa, pois
não vai a ministro.
- O adiantado mental
João Carlos Espada, esta semana no
Expresso, antecipou-se ("
informação secreta", diz-nos o apóstolo liberal) em defesa da
Câmara dos Comuns, ao que parece vítima da ralé.
God bless Espada! A argumentação
Espadiana é divinal.
Sir Espada, fazendo jus à sua condição de cultor de
Popper, acrescenta, picarescamente, ao texto de
Sir Karl, "
Alguma observações sobre a teoria e praxis do Estado democrático" e, do mesmo modo, ao conhecido ensaio "
A política sem essência", um contributo adorável.
Espada, seguindo a missiva de
Popper, para quem a tarefa fundamental do Estado seria "
reconhecer o nosso direito à liberdade e à vida”", e provado que está o conceito
kantiano de "
benevolência", demonstra que sendo a
Câmara dos Lordes não-eleita, "
incrivelmente barata", com direito a bar com
Tamisa ao fundo, bem servidos que são os
My Lord por mimosos empregados de
libré, ou aparecendo os
Lordes vestidos de "
imponentes capas vermelhas para ouvir um discurso escrito pelo governo e lido pela Rainha", não vê qualquer razão particular para se acabar com tão gloriosa, quanto "
excêntrica", vetusta instituição. O grande mestre
Espada estrangulou-nos com a sua perspicácia. Estamos confiantes. E benevolentes.
Siga-se os Lordes, já!