segunda-feira, 19 de março de 2007


Ecos da Semana

"Quem não foge a tempo não ensina estratégia" [Millôr Fernandes]

- A revista Figueira 21 saiu com uma invulgar entrevista ao sempre-em-pé Santana Lopes. O que diz de novo? Pois, para além da trovoada de frivolidades costumeiras, o douto Santana Lopes assegura que o "facto político mais relevante", desde que acabou o mandato na Figueira, foi "o fecho do jornal A Linha do Oeste", pertença de António Tavares. Um humorista, este Lopes. Coisa que um tal Fernando Rodrigues, putativo director da tal revista, ao que aqui se pode ler, não perfilha. Manias!

- Não foi feliz, in illo tempore, o eng. Guterres a trabalhar com os números do engenhoso PIB. A coisa saiu-lhe mal, por modéstia. Mas apesar de não saber a tabuada, Guterres será para sempre um gentleman. O mesmo não se pode afiançar do grotesco Mário Lino, mestre em aeroportos & afins, inchado de soberba em quase tudo. Bastou o eng. Leite Pinto, no último Expresso da Meia-Noite, pedir ao sábio eng. Lino para fazer umas contitas da primária sobre a Ota, para a ignorância espirrar do ministro fanfarrão. Foi caricato reparar no faccis do engasgado, acossado e palavroso ministro. No dia seguinte, quem leu o Sol, soube que o sábio Lino, além de desconhecer a tabuada, mente muito bem em televisão. Excelente ministro, deste fantástico governo.

- Andam por aí, dois Daniéis a ressuscitar a economia indígena. São, por demais, conhecidos. Um assina Amaral, outro Bessa. Ambos escribas espiritualistas do Expresso. Incansáveis na erudição económica, e mesmo que mutuamente não se aturem, fazem uma bonita parelha. Esta semana o pregador Amaral dá uma de bruxo e prevê o seu amo Sócrates na cadeira da paróquia até 2013 ("e sabe-se lá que mais a seguir ..."). Este invulgar economista suspira pela "descida de salários" da canalha, não lê, por miopia, os dados do Eurostat, faz contas à Mário Lino e mendiga uma pastinha rosa qualquer. Uma qualquer, oh! Manelinho! O outro Daniel saiu em defesa do patrão: o tio Belmiro. Este Bessa não sendo tão farsista na tabuada como o Amaral, confessa que ainda "vê, ouve e lê". Não diz é o quê! Mas pouco importa, pois não vai a ministro.

- O adiantado mental João Carlos Espada, esta semana no Expresso, antecipou-se ("informação secreta", diz-nos o apóstolo liberal) em defesa da Câmara dos Comuns, ao que parece vítima da ralé. God bless Espada! A argumentação Espadiana é divinal. Sir Espada, fazendo jus à sua condição de cultor de Popper, acrescenta, picarescamente, ao texto de Sir Karl, "Alguma observações sobre a teoria e praxis do Estado democrático" e, do mesmo modo, ao conhecido ensaio "A política sem essência", um contributo adorável. Espada, seguindo a missiva de Popper, para quem a tarefa fundamental do Estado seria "reconhecer o nosso direito à liberdade e à vida”", e provado que está o conceito kantiano de "benevolência", demonstra que sendo a Câmara dos Lordes não-eleita, "incrivelmente barata", com direito a bar com Tamisa ao fundo, bem servidos que são os My Lord por mimosos empregados de libré, ou aparecendo os Lordes vestidos de "imponentes capas vermelhas para ouvir um discurso escrito pelo governo e lido pela Rainha", não vê qualquer razão particular para se acabar com tão gloriosa, quanto "excêntrica", vetusta instituição. O grande mestre Espada estrangulou-nos com a sua perspicácia. Estamos confiantes. E benevolentes. Siga-se os Lordes, já!