O dr. João Antunes - Notas e Bibliografia
O dr. João Antunes, como foi dito, escreveu com rara inteligência, um conjunto apreciável de artigos (em revistas) e livros, sobre "conhecimentos que pela sua natureza se não devem vulgarizar". Trata-se, evidentemente, de temas ligados ao ocultismo (na sua versão primitiva, via Papus), cabalismo, esoterismo, teosofia, martinismo, teurgia, templarismo, maçonaria, carbonarismo, etc. Mas foi, particularmente, um grande mentor do pensamento teosófico, quando este estava ainda (por cá) no seu começo, tendo sido um dos fundadores (e primeiro presidente: até 1924?) da Sociedade Teosófica de Portugal [STP], nascida em 1921 [juntamente com Silva Júnior (secretário-geral e presidente a partir de 1924?), Oscar Garção, Berta Garção, Francisco Esteves da Fonseca, Artur Nascimento Nunes, Domingos Costa, Maria O'Neill].
João Antunes conhece, estuda e divulga os grandes iniciados, de Hermes Trismegisto aos pitagóricos e mestres gnósticos, passando por Besant, Elifas Levi, Blavatsky, Guaita, Leadbeater, Peladan, Huissmans, G. Encausse (ou Papus, grão-mestre martinista), Saint-Martin, recorre até a Filon, Dante, Leonardo, Goethe. Conhece, portanto, a melhor (e, surpreendentemente, também a mais restrita) da bibliografia iniciática do seu tempo. Ao mesmo tempo convoca para as "ciências malditas" alguns autores ou adeptos lusos, incorporando-os na tradição iniciática portuguesa. Refira-se aos trabalhos feitos (ou às notas expostas) sobre Gil Eanes (ou Rodrigues) de Valadares, Colombo (vários artigos), Camões, D. Francisco Manuel de Melo, Pascoal Martins (ou Martinez de Pasqualys, reorg. do cabalismo maçónico), Padre António Vieira, Visconde Figanière e Morão [um dos primeiros membros da S. Teosófica de Blavatsky e pouco estudado por cá], Leonardo Coimbra, José Teixeira Rego, Ângelo Jorge (da O. Martinista), Sampaio Bruno, Alphum Sair (pseud. de um sócio do Instituto de Coimbra).
Alguma Bibliografia: As origens historicas do Christianismo e o racionalismo contemporâneo, s.d. / O Hipnotismo e a Sugestão, 1912 / Hipnologia Transcendental, 1913 / Oedipus: As Sciencias Malditas, 1914 / O Espiritismo, 1914 / A Teosofia: estudo da filosofia sincrotista, 1915 / A História e a Filosofia do Hermetismo, 1917 / A Maçonaria Iniciática, 1918 / O Livro que mata a morte [de Mário Roso de Luna, em versão port. de J. A.], Ed. Isis, 1921 / O Ocultismo e a Sciencia Contemporânea, 1922
e colabora (sendo director) na revista Isis [Revista de Questões Teosoficas e de Sciencias Espiritualistas, pertencente à Sociedade Teosofica de Portugal [1921-1922] e, do mesmo modo, na revista Eleusis [Revista Mensal Ilustrada de Cultura Filosófica – Janeiro 1927 a Março 1928, ed. da Livraria Clássica Editora].
Para terminar, e a fazer fé no que nos é dito (julgamos) pela pena de João Antunes, arquivamos o seguinte: "Está em organização a Sociedade Ocultista Portuguesa, filiada na Ordem Martinista" [in Eleusis, Maio de 1927]. Bem curioso. Fiquemos por aqui.