["
Se non è vero è ben trovato"]
"
Não faças travessuras, faz antes travessias - toma, podes levar a avioneta" [?]
Por obra e graça do
Santo de Perpétuo Socorro Pinto da Costa, ultríssimo protector do bem-estar plácido e silencioso do culto das
Antas, a noute d'ontem na
Catedral da Luz foi tão exímia como virtuosa. Como reza a tradição, e não é mister emendar o recreio dos amantes do futebol, seguindo a máxima, "
arbor bona bonos frutos facit, et mala malos", o sublime
Jorge Nuno Pinto da Costa franqueou, risonho e florido, a magnifica vitória do
FCP contra a moirama dos avermelhados.
Só um incrédulo indígena, decerto toldado pela
poesis do futebol, acreditava que os acontecimentos extra-campo-de-futebol não eram (não foram) mais que uma inofensiva pressão ou que os patrulhamentos azuis e brancos nunca existiram.
É verdade que a notícia do reaparecimento do patriarca das
Antas, qual abelha-mestra, a dar conferências impiedosas aos seus jogadores e esgrimindo o pingalim ao seu filósofo-treinador, ninguém pôde congeminar. Em rigor, o escarcéu da semana em torno da toldada
segurança para o jogo nunca encontrou o
faccis harmonioso do ministro das
Antas. E é exacto que o travesso secretário
Hermínio Loureiro nunca saiu, pesarosamente, de
Oliveira de Azeméis. Nem o
Olegário Benquerença frequenta a
Praia da Vieira ou
S. Pedro de Moel, porque nunca sai a passeio, nem frequenta pubs. Está absolutamente provado que, com uma seriedade digna de inveja, o senhor
Filipe Vieira, inolvidável professor de hermenêutica de rateiro, é de uma inteligência graciosa e inspirada. E que o engenhoso e lascivo
José Veiga nunca existiu.
Porém, passe a candura dos desportistas lusos, confessamos que
Pinto da Costa é ao mesmo tempo uma figura célebre e um célebre
Santo de virtudes piedosas extra-jogo. O seu patrocínio é um alento a todos nós. E a
Alberto João, que Deus o tenha na sua refulgente glória.
A prece foi deferida, portanto. Fica no entanto esse
memorando de ver a admirável interpretação da equipa azul e branca, com o talento suave de
Diego, na primeira metade do jogo; o milagre da resposta dos incomodados jogadores do
SLB no segundo período; a inocência e o talento da
equipa de arbitragem na custódia de
penaltys e na entusiasta devoção à não marcação de golos às três tabelas; e a venerável e nobre defesa de
Pinto da Costa da excelsa dama loira que na bancada distribuía, gestualmente,
exemplares das Caldas em profusão surpreendente à plebe da
Luz. Graças Senhor!