sábado, 16 de outubro de 2004


Da Desordem

[O Pinto-Espertismo] - Jorge Nuno Pinto da Costa, o Alberto João das Antas, não tem por hábito fazer erratas. Supõe-se que nunca as fez. Igual a si mesmo, com a serenidade e lealdade que os indígenas da sacristia do FCP exigem, mais uma vez, consegue alimentar um facto político-desportivo. Não é original nesta eterna paródia. Sempre que o seu clube joga contra o SLB vá de excomungar os vermelhos, vassoirar uma possível coesão na equipa adversária, anunciar estardalhaços à força, cavalgar o poder político que trata sempre por tu. O objectivo final é cerrar fileiras na escalavrada equipa que dirige. Não é necessário dizer o que quer que seja. Basta estar. E, evidentemente, ter do outro lado um aturdido Luís Filipe Vieira, três ou quatro jornalistas acofiados, um espavorido quanto irresponsável secretário de estado, um claudicante ministro. A bazófia assim arremetida tem sempre frutos, pensa. Até que um dia, a evocação guerreira que em pânico sustenta sofra uma merecida resposta. Esperamos por tal data.

[Baralhar e voltar a dar] - À maneira doutoral, a pastoral do Orçamento de Estado patenteada urbi et orbi por Bagão Félix foi uma cacofonia fiscal e macroeconómica soporífera, de uma banalidade imprudente e sem qualquer concerto possível. É certo que não vem mal ao mundo desarticular a barafunda herdada de Ferreira Leite, desencapotando uma via para o crescimento via consumo interno, mas improvisar aumentos de salários, mesmo que sejam abaixo da inflação esperada, e promover desincentivos à poupança ao mesmo tempo, diminuir garantias dos contribuintes não combatendo, de facto, a fraude fiscal, a par de uma descabida esperança de crescimento económico com a grandeza enunciada, resulta numa orçamento espirituoso, uma fantasia baseada num baralhar e dar de novo, para ficar tudo como estava. Até mesmo o suposto défice orçamental abaixo dos três por cento do PIB. O que convenhamos é bastante curioso.