segunda-feira, 18 de outubro de 2004


["Se non è vero è ben trovato"]

"Não faças travessuras, faz antes travessias - toma, podes levar a avioneta" [?]

Por obra e graça do Santo de Perpétuo Socorro Pinto da Costa, ultríssimo protector do bem-estar plácido e silencioso do culto das Antas, a noute d'ontem na Catedral da Luz foi tão exímia como virtuosa. Como reza a tradição, e não é mister emendar o recreio dos amantes do futebol, seguindo a máxima, "arbor bona bonos frutos facit, et mala malos", o sublime Jorge Nuno Pinto da Costa franqueou, risonho e florido, a magnifica vitória do FCP contra a moirama dos avermelhados.

Só um incrédulo indígena, decerto toldado pela poesis do futebol, acreditava que os acontecimentos extra-campo-de-futebol não eram (não foram) mais que uma inofensiva pressão ou que os patrulhamentos azuis e brancos nunca existiram.

É verdade que a notícia do reaparecimento do patriarca das Antas, qual abelha-mestra, a dar conferências impiedosas aos seus jogadores e esgrimindo o pingalim ao seu filósofo-treinador, ninguém pôde congeminar. Em rigor, o escarcéu da semana em torno da toldada segurança para o jogo nunca encontrou o faccis harmonioso do ministro das Antas. E é exacto que o travesso secretário Hermínio Loureiro nunca saiu, pesarosamente, de Oliveira de Azeméis. Nem o Olegário Benquerença frequenta a Praia da Vieira ou S. Pedro de Moel, porque nunca sai a passeio, nem frequenta pubs. Está absolutamente provado que, com uma seriedade digna de inveja, o senhor Filipe Vieira, inolvidável professor de hermenêutica de rateiro, é de uma inteligência graciosa e inspirada. E que o engenhoso e lascivo José Veiga nunca existiu.

Porém, passe a candura dos desportistas lusos, confessamos que Pinto da Costa é ao mesmo tempo uma figura célebre e um célebre Santo de virtudes piedosas extra-jogo. O seu patrocínio é um alento a todos nós. E a Alberto João, que Deus o tenha na sua refulgente glória.

A prece foi deferida, portanto. Fica no entanto esse memorando de ver a admirável interpretação da equipa azul e branca, com o talento suave de Diego, na primeira metade do jogo; o milagre da resposta dos incomodados jogadores do SLB no segundo período; a inocência e o talento da equipa de arbitragem na custódia de penaltys e na entusiasta devoção à não marcação de golos às três tabelas; e a venerável e nobre defesa de Pinto da Costa da excelsa dama loira que na bancada distribuía, gestualmente, exemplares das Caldas em profusão surpreendente à plebe da Luz. Graças Senhor!