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Assombrações]
- para os lados do Estádio do
Glorioso. O rendilhado dos jogadores de
Vila do Conde, numa folia nunca vista desde os tempos em que o mester de rendilhar cabia à rapaziada do couto d'
Alvalade e só em épocas festivas, não respeitaram a dignidade da equipa tricotada por
Filipe Vieira & Veiga, Lda. O tratamento rude e operário que a rapaziada do
Rio Ave moveu ao
Benfica foi um heroísmo furioso e no fim nem tivemos a graça de ter um
Fernandez a dobrar os joelhos à arbitragem, nem sequer a referência a qualquer
uppercut de algum jogador dos vermelhos ao ímpio. Até aqui falhámos. Fomos grosseiros. Uma tragédia.
- da maioria governamental pelo atrevimento sem pejo de
Vítor Constâncio,
made in relatório do
Banco de Portugal. Ao que parece, clamando via estatísticas santificadas, o distinto empregado do
B.C.E., testemunha imprecações e pragas mil sobre a economia indígena, e já se vê cogita, ferido de
PEC, nas afirmações do letrado económico
Santana Lopes e do seu orçamento cheio de graça. Como reconhecimento e obediência, os sábios dos jornalistas aparecem a interpretar tal devoção piedosa. Hoje, decerto, o prodigioso
Rosado de Carvalho será arrebatador nas páginas d'
O Público, tal como sábado no
Expresso o seu colega
Nicolau a distribuir produtos económicos milagrosos. O
sermão destes espíritos inquietos, anunciado pela validade de 3 meses de governação de
Lopes & Portas, é um fenómeno admirável. Por paixão vergonhosa esquecem procedimentos macroeconómicos e teorias orçamentais, que o ímpeto de
Ferreira Leite manteve em paixão assolapada, que estão na base da actual caótica situação económica e orçamental lusa e que, agora, o oratório
Santanista mais atiçou. Mendigar factos que, de momento, não explicam o caos económico em que se vive, enquanto o expediente anterior é olvidado, é uma tentativa de persuasão pífia que salpica de lama quem os profere. A
vassourada deve ser melhor trabalhada.
- no palácio de
Belém. É de supor que o
dr. Sampaio, no heroísmo de combate à gripe que o assolou, viu um anjo presidencial a entrar por
Belém adentro. É o que acontece a quem, e nós nos recriminamos por isso, passa o dia e noite inclinado sobre a
TV e a rádio, numa virtude civilizacional e democrática nunca vista. Abalado nas suas meditações pela prédica da
AACS, no silêncio do casarão constitucional que é a sua morada, a senhor Presidente da República lê, com devoção, a saudosa
Constituição. No tumulto destes dias de arremesso
Santanista & Portista, o dr.
Sampaio, farto de tanto choro e lágrimas vertidas, propõe o
veto político à
Central de Informação do governo, pois não se vislumbra nenhum
nihil obstat constitucionalmente falando. Estivemos quase a mudar de opinião a respeito do trabalho do senhor Presidente. Mas cedo nos lembrámos do zelo e promoção com que nos
brindou com este governo. E corremos a desligar a
TV. Sem misericórdia.