sábado, 10 de julho de 2004
Irresponsabilidade
"... encontrou o ponto arquimediano, mas utilizou-o contra si mesmo; ao que parece, esta era a condição para o encontrar" [Franz Kafka]
Não temos nenhuma promessa com o senhor Presidente da República. Não lhe devemos por isso nada, senão a consideração que um cidadão deve ter, diante do Presidente do seu país. No invés, na mais amáveis das suposições, seria de presumir que o Presidente eleito pelos portugueses, em circunstâncias singulares, não faria a desafronta de nos presentear com uma inaudita decisão, constitucionalmente restritiva, politicamente imprudente e pessoalmente irresponsável.
A decisão de não convocar eleições é um monumental erro de apreciação política e, contrariamente ao desejado, não permite afirmar que se defendeu a "estabilidade política", o "regular funcionamento das instituições", nem se prova que se garanta "as condições de regularidade, legitimidade e autenticidade democráticas". A "visão mandatária" da democracia do senhor Presidente, além de nos desfeitear politicamente, comporta conflitos insanáveis e perplexidades várias, sendo que parte da sua argumentação, direccionada a quem o elegeu, era completamente dispensável.
Assim: a actual coligação (que não foi a voto popular) não sufragou nas urnas eleitorais o actual programa do governo, conforme é sabido (tenha-se em conta o programa publicitado pelo PSD e o PP, e o que foi reescrito depois); os eleitores "no termo da legislatura" (quatro anos) não podem julgar a actividade do governo, porque ele deixou de existir, não havendo garantias (ninguém o pode assegurar) que o próximo seja do mesmo teor do anterior; ao afirmar que "não compete ao presidente governar" e ao mesmo tempo estabelecer condições para o seu funcionamento (terá feito o mesmo com o governo de Durão Barroso?) e controlo, não só está a co-responsabilizar-se politicamente (o que é curioso) como introduz um indisfarçado presidencialismo déjà-vue; portanto não se compreende as declarações que proferiu em defesa da sua posição.
E - noutro registo - se o senhor Presidente, num momento de desmando insensato, considera provável que a dupla Lopes & Portas lhe conceda a amabilidade de lhe dar argumentos para uma subsequente dissolução da AR, então estará a descuidar que uma chamada a eleições nesse cenário (e a vitimização que o caso estabelece) torna mais acessível qualquer vitória eleitoral para a coligação. O que não deixa de ser espantoso.
sexta-feira, 9 de julho de 2004
[Como devo lutar?]
"Tu vem procurar Me-ti e diz: quero tomar parte da luta de classes; ensina-me. Me-ti diz: senta-te. Tu senta-se e pergunta: como devo lutar? Me-ti ri-se e diz: estas bem sentado? Não sei, diz Tu admirado, de que outra maneira me sentar? Me-ti explicou-lho. Mas, diz Tu com impaciência, não vim para aprender a sentar-me. Eu sei, queres aprender a lutar, diz pacientemente Me-ti, mas para isso é preciso estares bem sentado, porque de momento estamos sentados e é sentados que queremos aprender. Tu diz: se se procura sempre tomar a posição mais cómoda e tirar o melhor partido do que existe, ou seja se se procura o seu prazer, como lutar? Me-ti respondeu: se se não procura o seu prazer, se se não quer tirar o melhor partido do que existe e se não se quer tomar a melhor posição, para quê lutar?" [Bertolt Brecht]
Vinicius de Moraes (1913-1980)
m. no Rio de Janeiro a 9 de Julho de 1980
"... Vinicius é um poeta muito complexo (...) e arriscaríamos, até, a afirmação de que na moderna poesia brasileira não conhecemos outro poeta em que a tessitura seja tão variada.
Muitas dessas linhas são facilmente discerníveis: há uma linha William Blake, uma linha Rimbaud-Apollinaire, uma linha Camões, uma linha romanceiros, etc., linhas essas que o Poeta toma, abandona, retoma, e que, mais do que influências, são linhas de parentesco. (...) Escolher Vinicius foi, finalmente, questão de prazer. Razoável conhecedor da sua obra, só agora tive a oportunidade de me dar conta de quanto ela é importante para a formação duma coisa que se chama gosto, esse gosto que pomos em comer, em amar, em conviver..." [Alexandre O'Neill, in Vinicius de Moraes, O Poeta Apresenta o Poeta, Cadernos de Poesia, D. Quixote, 1969]
"... Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos
Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão
Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes
Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também ..."
[VM, in O Desespero da Piedade]
"... Preliminarmente telegrafar-te-ei uma dúzia de rosas
Depois te levarei a comer um shop-suey
Se a tarde também for loura abriremos a capota
Teus cabelos ao vento marcarão oitenta milhas.
..........
Mascaremos cada um uma caixa de goma
E iremos no Chinese cheirando a hortelã-pimenta
A cabeça no meu ombro sonharás duas horas
Enquanto eu me divirto no teu seio de arame ..."
[V.M., in História Passional, Hollywood, Califórnia]
Locais: Vinicius de Moraes (Biografia) / Biografia / Biografia & Discografia / Vinicius de Moraes Auto-retrato / Vinicius de Moraes (1913-1980) / Poesia / Letras de canções [Valsinha / Garota de Ipanema / ...] / Canções / Sonetos [Soneto da Separação, ...] / Discografia
Arrumos & Papéis
- curioso periódico (quinzenal) com redacção em Viana do Castelo, de nome "Lusa" (1918, Ano II), cujo editor e director era Cláudio Basto. No seu segundo ano diz-nos: "... revista de intuitos honestos, somente norteada pelo propósito de ser útil, alheia às nacionais charlatanices de chafaricas e mediocridades improdutivas ...". Com várias alusões à etnografia local (ex. O Chafaris de Viana ...) , arqueologia, bibliografia,...
- interessante trabalho dactilografado que servia de apoio às aulas na Escola de Hotelaria de Lisboa, ano 1960/61. Exemplo disso é a disciplina "Mesa" dada pelo mestre José Augusto Ferreira que é uma delícia de se ler, nomeadamente na parte da decoração e arranjo das mesas, regras a cumprir em serviço, ...
- curioso periódico (quinzenal) com redacção em Viana do Castelo, de nome "Lusa" (1918, Ano II), cujo editor e director era Cláudio Basto. No seu segundo ano diz-nos: "... revista de intuitos honestos, somente norteada pelo propósito de ser útil, alheia às nacionais charlatanices de chafaricas e mediocridades improdutivas ...". Com várias alusões à etnografia local (ex. O Chafaris de Viana ...) , arqueologia, bibliografia,...
- interessante trabalho dactilografado que servia de apoio às aulas na Escola de Hotelaria de Lisboa, ano 1960/61. Exemplo disso é a disciplina "Mesa" dada pelo mestre José Augusto Ferreira que é uma delícia de se ler, nomeadamente na parte da decoração e arranjo das mesas, regras a cumprir em serviço, ...
quinta-feira, 8 de julho de 2004
[Cielo y Tierra]
"En dos alas solamente
Consiste toda la Obra, (...)
Toma un cuerpo permanente,
Y aun que te custe disuelo,
Abate el Aguila as suelo,
Y no la dexes bolar,
Porque el intenso es hallar,
Modo de unir Cielo y Tierra"
[Anselmo C. M. Castelo Branco, in Ennoea ou a Aplicação do Entendimento sobre a Pedra Filosofal, reed. 1987]
"En dos alas solamente
Consiste toda la Obra, (...)
Toma un cuerpo permanente,
Y aun que te custe disuelo,
Abate el Aguila as suelo,
Y no la dexes bolar,
Porque el intenso es hallar,
Modo de unir Cielo y Tierra"
[Anselmo C. M. Castelo Branco, in Ennoea ou a Aplicação do Entendimento sobre a Pedra Filosofal, reed. 1987]
Livros & Papeladas
- separata da Revista A Medicina Contemporânea, nº 5, 1950, com um belo texto de Egas Moniz, "Coimbra, Nobre Cidade", onde é referido: "... é facto averiguado que os estudantes do principio do século XVI eram denominados capigorros. A gente mal-humorada da cidade e arredores chamava-lhes capigorrões, talvez por menos simpatia devida à sua conduta nem sempre exemplar. A moda irrompeu no século XVII vestindo-os à fidalga: chapéu de feltro com plumas, gibão de veludo, colarinho gomado a Velásquez e a capa traçada, deixando aflorar, à esquerda, os copos da espada. Mas o estilo não se generalizou. Era caro para a bolsa de escolares ..."
- no Almanaque do Algarve de 1943, existe um prosa de Mestre Aquilino Ribeiro, "Olhão, Vila Cubista", referências a escritores algarvios (Julião Quintinha, Assis Esperança, Visconde da Lagoa, Roberto Nobre) e imagens dos célebres bancos artísticos de Olhão (Jardim João Serra) de autoria do pintor Jorge Colaço
- da Dhâranâ de Março/Abril de 1954, que foi Órgão Oficial da Sociedade Teosófica Brasileira, dirigida pelo Prof. Henrique José de Souza (H.J.S.), num texto sobre os "Valiosos documentos que atestam a Missão da Sociedade Teosófica Brasileira", escrito por Clóvis Bradaschia, é referido a "sibilina profecia da Serra de Cintra (Portugal)", cuja tradução é a seguinte:
«Patente me farei aos do Ocidente
Quando a porta se abrir lá no Oriente.
Será cousa pasmosa quando o Indo,
Quando o Ganges trocar, segundo vejo
Seus espirituais efeitos com o Tejo»
Como comentário, depois de declarar que H.J.S. ao realizar a sua "Misteriosa Viagem ao Norte da Índia", passou por Lisboa, depois foi a Goa, seguindo para a Índia, apresenta o seguinte comentário do próprio H.J.S.: «o Oriente faz entrega ao Ocidente - por ter concluído seu ciclo espiritual a favor da Evolução Humana, e a este (Ocidente) competir, agora, semelhante Incumbência, perante a Lei, perante a Divindade». E muito mais nos diz ... referindo-se, até, ao poeta e jornalista Augusto Ferreira Gomes, transcrevendo uns versos do seu livro "O Quinto Império".
- separata da Revista A Medicina Contemporânea, nº 5, 1950, com um belo texto de Egas Moniz, "Coimbra, Nobre Cidade", onde é referido: "... é facto averiguado que os estudantes do principio do século XVI eram denominados capigorros. A gente mal-humorada da cidade e arredores chamava-lhes capigorrões, talvez por menos simpatia devida à sua conduta nem sempre exemplar. A moda irrompeu no século XVII vestindo-os à fidalga: chapéu de feltro com plumas, gibão de veludo, colarinho gomado a Velásquez e a capa traçada, deixando aflorar, à esquerda, os copos da espada. Mas o estilo não se generalizou. Era caro para a bolsa de escolares ..."
- no Almanaque do Algarve de 1943, existe um prosa de Mestre Aquilino Ribeiro, "Olhão, Vila Cubista", referências a escritores algarvios (Julião Quintinha, Assis Esperança, Visconde da Lagoa, Roberto Nobre) e imagens dos célebres bancos artísticos de Olhão (Jardim João Serra) de autoria do pintor Jorge Colaço
- da Dhâranâ de Março/Abril de 1954, que foi Órgão Oficial da Sociedade Teosófica Brasileira, dirigida pelo Prof. Henrique José de Souza (H.J.S.), num texto sobre os "Valiosos documentos que atestam a Missão da Sociedade Teosófica Brasileira", escrito por Clóvis Bradaschia, é referido a "sibilina profecia da Serra de Cintra (Portugal)", cuja tradução é a seguinte:
«Patente me farei aos do Ocidente
Quando a porta se abrir lá no Oriente.
Será cousa pasmosa quando o Indo,
Quando o Ganges trocar, segundo vejo
Seus espirituais efeitos com o Tejo»
Como comentário, depois de declarar que H.J.S. ao realizar a sua "Misteriosa Viagem ao Norte da Índia", passou por Lisboa, depois foi a Goa, seguindo para a Índia, apresenta o seguinte comentário do próprio H.J.S.: «o Oriente faz entrega ao Ocidente - por ter concluído seu ciclo espiritual a favor da Evolução Humana, e a este (Ocidente) competir, agora, semelhante Incumbência, perante a Lei, perante a Divindade». E muito mais nos diz ... referindo-se, até, ao poeta e jornalista Augusto Ferreira Gomes, transcrevendo uns versos do seu livro "O Quinto Império".
quarta-feira, 7 de julho de 2004
Eleições, pontos nos iiii
"Com as baionetas, Senhor, pode fazer-se tudo, excepto uma coisa: sentarmo-nos em cima delas. Ora mandar não é o gesto de arrebatar o poder, mas sim o seu tranquilo exercício. Em suma, Senhor, mandar é sentarmo-nos. E Estado, em definitivo, é estado da opinião pública" [Talleyrand]
Vivemos num tempo de agitação. Na sua expressão mais simples, a realidade destas semanas tem sido uma extenuante reinvenção de práticas conflituais entre os vários clientes do poder do Estado, num melting-pot argumentativo assombroso, quase sempre impulsionado pela fantasia. Os vários intervenientes, escarranchados nas páginas dos jornais e alapados nas cadeiras das TV's, agitam a "constituição ideal" que deixa por golpe de mágica de ser uma matriz puramente ideológica, para tornar-se o receituário onde o direito conduz à decisão, com a luta política ausente. Eis, pois, a constituição para todo-o-serviço que o ditoso cidadão deve perfilhar.
Quer isto dizer, que o construído das alegações político-jurídicas nada teve de encantamento e de sedutor. Pelo contrário. Ocultando-se que é a luta política que determina o direito e não o inverso; exaltando-se a "legitimidade eleitoral" sem referências aos limites sociológicos do direito e como tal, caindo-se na armadilha da submissão ao poder político (supostamente) dominante; confundindo-se, deliberadamente, legalidade e legitimidade, excepção e norma, democracia representativa e democracia directa; escondendo-se que é "ao soberano quem decide do estado de excepção" (C. Schmitt) e não eles que configuram o "soberano" - o alarido de tais especiosas luminárias reveste-se, afinal, de simplórias obsequiosidades a amigos e companheiros, aliás como manda a tradição. Na verdade "é uma grande loucura querer ser sábio sozinho" [La Rochefoucauld].
No entanto existe o óbvio, o incontornável: de que forma os cidadãos podem avaliar o desempenho destes dois anos de governação, da equipa que irá cessar funções, a não ser por eleições? Há outra maneira? Não! E o Senhor Presidente da República irá demonstrá-lo. E os cidadãos, evidentemente.
"Protesto"
"Quereis simular civilização? Destrói a noite! - escrevi eu, já não sei quando, no álbum duma caçadora de autógrafos. Ou talvez não escrevesse e apenas inventasse agora a forma de iniciar este meu protesto brando ...
Sim. A melhor maneira de aparentar civilização é este aniquilamento brutal da noite, a «noite dos magros crapulosos» de Antero, a «noite antiquíssima e idêntica» de Fernando Pessoa, à força de arcos voltaicos, lâmpadas de mercúrio, riscos de néons, casinos, anúncios luminosos, candeeiros, centenas de candeeiros de todos os feitios e pesadelos, uns cabeçudos, estes esgalgados de dedos a apontar, aqueles, autênticos forcas de onde pendem cabeças cortadas, outros de chapéus de palha, milhares de candeeiros - ora bolas para esta civilização de automóveis!
(...) Aqui proclamo, pois, solenemente o meu horror à iluminação exagerada das ruas. Para depois ousar pedir (...) - ousar pedir, repito, a quem de direito e em nome dos poetas sonâmbulos, que não cedam à tendência espectacular de fingir civilização, com mais luzes por fora, na nossa linda cidade com tão forte vocação para aldeia inicial ..." [José Gomes Ferreira, in Seara Nova, nº 1423, Maio de 1964]
Livros & Arrumações
- No Arquivo de Viana-do-Castelo Repositório de Estudos & Curiosidades Regionais, Vol. I, nº 7, 1934, há um texto do Coronel Pereira Viana sobre "A Estação do Caminho de Ferro de Viana-do-Castelo" onde nos diz que, "quem projectou o edifício da estação" foi o engenheiro que "dirigiu a sua construção", de nome Alfredo Soares, confirmado pelo dizer de várias personalidades, entre elas António Arroio. E em nota de roda-pé informa que além desse edifício, também se ocupou da Estação de Campanhã.
- Curioso livro de Muhammad Rashid, que tinha antes publicado o "Portugal é a Kundâlini" (1974) e "Aos Pés do Mestre" (1974), intitulado "Única Grande Ode" (1978), com dedicatória impressa "ao meu Irmão Jorge Godinho o Actor dos Pés em Sangue a declamar a Única Grande Ode aos Pés do Mestre" .
"... As três coisas que eu amo mais na vida são as mulheres, o haxixe e as orações. A mulher em primeiro lugar e as orações em último porque o homem deve conhecer a sua própria alma antes de se voltar para Deus" / "tenho horror às palavras em préstito, escorrendo um líquido mole e pegajoso. O que eu procuro nos livros é outra coisa viva que se pega ao papel e à tinta"
- Separata da Revista Gil Vicente, vol XXV, 1949 (Guimarães) de Luís de Almeida Braga, "Loa do Vinho Verde".
"... Guerra Junqueiro, senhor de largos vinhedos entre fragas assustadas, assegurava a Eça de Queirós que para acompanhar o melhor manjar do mundo não hesitaria em escolher o vinho verde de Monsão. Gil Vicente já tivera por certo que à beira dele tudo era água-pé desenxabida. Na esbraseada gândara alentejana o chilreador Fialho amansava o génio recordando a satisfação que tivera em achar no vinho verde a meiguice dos beijos e o travo inocente das amoras ..."
- No Arquivo de Viana-do-Castelo Repositório de Estudos & Curiosidades Regionais, Vol. I, nº 7, 1934, há um texto do Coronel Pereira Viana sobre "A Estação do Caminho de Ferro de Viana-do-Castelo" onde nos diz que, "quem projectou o edifício da estação" foi o engenheiro que "dirigiu a sua construção", de nome Alfredo Soares, confirmado pelo dizer de várias personalidades, entre elas António Arroio. E em nota de roda-pé informa que além desse edifício, também se ocupou da Estação de Campanhã.
- Curioso livro de Muhammad Rashid, que tinha antes publicado o "Portugal é a Kundâlini" (1974) e "Aos Pés do Mestre" (1974), intitulado "Única Grande Ode" (1978), com dedicatória impressa "ao meu Irmão Jorge Godinho o Actor dos Pés em Sangue a declamar a Única Grande Ode aos Pés do Mestre" .
"... As três coisas que eu amo mais na vida são as mulheres, o haxixe e as orações. A mulher em primeiro lugar e as orações em último porque o homem deve conhecer a sua própria alma antes de se voltar para Deus" / "tenho horror às palavras em préstito, escorrendo um líquido mole e pegajoso. O que eu procuro nos livros é outra coisa viva que se pega ao papel e à tinta"
- Separata da Revista Gil Vicente, vol XXV, 1949 (Guimarães) de Luís de Almeida Braga, "Loa do Vinho Verde".
"... Guerra Junqueiro, senhor de largos vinhedos entre fragas assustadas, assegurava a Eça de Queirós que para acompanhar o melhor manjar do mundo não hesitaria em escolher o vinho verde de Monsão. Gil Vicente já tivera por certo que à beira dele tudo era água-pé desenxabida. Na esbraseada gândara alentejana o chilreador Fialho amansava o génio recordando a satisfação que tivera em achar no vinho verde a meiguice dos beijos e o travo inocente das amoras ..."
terça-feira, 6 de julho de 2004
Parabéns
Mais aniversários. Desta vez a sempre prendada Formiga de Langton e o cativante Paulo Gorjão. Cumprimentos mil.
Mais aniversários. Desta vez a sempre prendada Formiga de Langton e o cativante Paulo Gorjão. Cumprimentos mil.
José Loureiro Botas (1902-1963)
n. em Vieira de Leiria a 6 de Julho de 1902
"A pintar homens do mar ninguém há aí que se lhe compare" [Aquilino Ribeiro sobre Loureiro Botas]
"... Eu de meu só tenho o meu barco. Guardei-o sempre como um bom amigo. Sei que me não atraiçoa. Por amor de uma mulher o deixei, por amor dessa mulher volto para ele. Que os barcos também têm alma, também se afeiçoam à gente. E são leais nas horas boas e nas horas más da vida, quando balaouçam no mar sobre o abismo das ondas ..." [JLB, in Rumo ao Mar]
"O barco balouça na crista da onda; empina-se prestes a desequilibrar. Os pescadores seguram-se aos remos; o impulso brutal do mar parece ir arrancá-los dos lugares. O arrais vai atento, não se atravesse o barco. Era a morte. E comanda os que, na terra, seguram o cabo da ré e o vareiro que, à proa, finca a vara na areia; entusiasma os homens, chama-os pelos seus nomes, dirigindo aquele xadrez de forças. O barco avança; logo nova onda o briga a recuar. E lutam, lutam, lutam, arredando a morte a golpes de coragem ..." [JLB, in Frente ao Mar]
"...José Loureiro Botas era filho daquele célebre banheiro que pelos seus salvamentos heróicos foi condecorado pela rainha D. Amélia, a fundadora do Real Instituto de Socorros a Náufragos: Joaquim Loureiro Botas, casado com a ti Emília Malaquias (...) após ter feito exame do 2º grau, aos nove anos, foi morar com um abastado comerciante da Guia (Monte Redondo), que prometera fazer dele engenheiro-agrónomo. Mas o seu protector veio a morrer, em circunstâncias dramáticas, deixando goradas as esperanças de vir a estudar para engenheiro. Trabalha na Marinha Grande, numa loja pertencente a J. M. Chaves Costa, e aos 12 anos segue para Lisboa empregando-se nuam retrosaria da Rua da Misericórdia, acabando depois por trabalhar doze anos ao balcão da casa «David & David», no Chiado, enquanto estuda de noite, no Ateneu Comercial. Consegue finalmente um estabelecimento seu ?uma retrosaria na Rua da Conceição, e mais tarde, então, torna-se co-proprietário da leitaria «Irlandesa», na esquina da Rua Alexandre Herculano com a Avenida da Liberdade.
O seu primeiro êxito literário foi Litoral a Oeste, publicado em 1940, onde incluíu alguns contos que em anos anteriores tinham ganho os Jogos Florais do Ateneu Comercial de Lisboa (...) Segue-se, em 1944, outra obra de invulgar beleza: Frente ao Mar. Publica ainda, em 1952, um volume de contos intitulado Maré Alta, em edição do autor, e em 1959 Nasci à Beira do Mar - um livro de poemas. Em 1963, finalmente ... sai o Barco sem Âncora (...) João Gaspar Simões o comparou a um aedo popular, que talhava as suas personagens «com a rudeza de um canteiro medievo, quanto a mim do melhor que tem saído do granito da nossa prosa regional» ..." [Francisco Oneto Nunes, in Vieira de Leiria A História, o Trabalho, a Cltura, 1993]
Local: José Loureiro Botas (Biografia & Bibliografia)
Rare Morrissey Songs [mp3]
Work Is A Four-Letter Word / I Keep Mine Hidden / What's The World (James Cover)- para ouvir e download, AQUI
segunda-feira, 5 de julho de 2004
Jean Cocteau (1889-1963)
n. em Maisons-Laffitte (França) a 5 de Julho de 1889
"Le verbe aimer est l'un des plus difficile à conjuguer: son passé n'est pas simple, son présent n'est qu'indicatif et son futur est toujours conditionnel." [J.C.]
"Esta cabeleira, este sistema nervoso, mal implantados, esta França, esta terra, não me pertencem. Dão-me agonias. Sempre os dispo à noite, em sonhos. Pois aqui largo o pacote. Que me fechem num hospício, que me linchem. Quem puder que entenda. Eu sou a mentira que diz sempre a verdade" [J.C., in O Pacote Vermelho, trad. Jorge de Sena]
"Ah Cocteau (1889-1963), quel personnage! Dansant, sautant de-ci de-là, mieux et plus que personne. Sa vie durant, Cocteau a donné au milieu artistique une présence dynamique et attachante. Il fut peut-être le seul artiste célèbre qui pouvait en quelques mots déclencher l'intérêt et le succès du côté d'un inconnu. Nombreux sont les artistes qui habitèrent le même temps que Cocteau qui lui doivent une bonne part de leur notoriété. Il était, sinon le plus grand des poètes de son temps, (pourquoi installer une hiérarchie dans l'univers poetique), mais à coup sûr, comme on dit, "poète de la tête aux pieds". Avec Cocteau, la poésie descendit dans la rue sur la rampe de l'escalier et marcha sur les mains.Comme l'a écrit Georges-Emmanuel Clancier, l'auteur de "Plain-Chant", d'"Orphée" et des "Enfants terribles" a inscrit toute son oeuvre sous le signe de la poésie: poésie de roman, poésie de théâtre, poésie critique, graphique, cinématographique, enfin si je puis dire poésie de poésie". Le rire de Cocteau ne quittera jamais mes oreilles. Tout ce qui se rapportait à la vie artistique lui était familier. Et comme le déclara Raymond Queneau: si Cocteau n'avait pas existé, il aurait fallu l'inventer et le peindre en bleu de chauffe !Qui, ayant lu Cocteau, risque de l'oublier? Certainement personne, si ce n'est celui à qui vous pensez!" [Jean-Pierre Rosnay]
Locais: Jean Cocteau / Jeancocteau.net / Biografia / Cocteau The Blood of a Poet / Jean Cocteau (1889-1963) / Cocteau (1889-1963) / Bibliography / Cocteau Art / Jean Cocteau Sound Poetry / Chez Jean Cocteau / Livros / Textes / Cocteau poète de tous les arts
Do elogio ao gosto, da leitura à luz
Como dizer que o post de JPP é um dos mais belos que lemos e não nos atraiçoarmos? Como reclamar o elogio sem, subtilmente, nos tornarmos cúmplices nessa perturbação das palavras lidas? Como não entender o espaço conversável assim nomeado senão a partir de uma ecologia dos afectos que o tempo e a vida (também) do próprio autor do texto não quer ver abandonado? Sejamos virtuosos: qualquer ritual de agradecimento é um projecto falhado. Pela nossa parte, um muito obrigado.
Depois, algumas notas & outros instantes. A foto que arrumamos no alto do Almocreve faz parte do universo do admirável filme de Marguerite Duras, "Son nom de Venise dans Calcutta désert"(1976), versão a seguir a "Indian Song" (1974), descobrindo uma sala das ruínas do Palácio Rothschild onde as filmagens foram consumadas. Não sabemos quem a tirou, temos apenas uma mera indicação de ser Volcsanszky, mas fazia parte da edição videográfica da obra de Duras e em livro. Ao que é sabido, o palácio manteve-se em ruínas desde a fuga dos nazis que o ocuparam. Deste modo, é curioso como o fascínio da imagem, onde o espelho "adquire uma densidade inquietante" ou luz que "brilha demais" nos arranca uma imediata embriaguez de "restos de vidas outras", que tão assombrosamente JPP interpretou.E que, a nós, nos deslumbrou.
Como dizer que o post de JPP é um dos mais belos que lemos e não nos atraiçoarmos? Como reclamar o elogio sem, subtilmente, nos tornarmos cúmplices nessa perturbação das palavras lidas? Como não entender o espaço conversável assim nomeado senão a partir de uma ecologia dos afectos que o tempo e a vida (também) do próprio autor do texto não quer ver abandonado? Sejamos virtuosos: qualquer ritual de agradecimento é um projecto falhado. Pela nossa parte, um muito obrigado.
Depois, algumas notas & outros instantes. A foto que arrumamos no alto do Almocreve faz parte do universo do admirável filme de Marguerite Duras, "Son nom de Venise dans Calcutta désert"(1976), versão a seguir a "Indian Song" (1974), descobrindo uma sala das ruínas do Palácio Rothschild onde as filmagens foram consumadas. Não sabemos quem a tirou, temos apenas uma mera indicação de ser Volcsanszky, mas fazia parte da edição videográfica da obra de Duras e em livro. Ao que é sabido, o palácio manteve-se em ruínas desde a fuga dos nazis que o ocuparam. Deste modo, é curioso como o fascínio da imagem, onde o espelho "adquire uma densidade inquietante" ou luz que "brilha demais" nos arranca uma imediata embriaguez de "restos de vidas outras", que tão assombrosamente JPP interpretou.E que, a nós, nos deslumbrou.
Orgulhosos
Nós herdámos este fado de prestar culto ao talento e ao génio. Que o êxito ou fracasso são a nossa memória puríssima. Hoje, a nossa desdita chamou-se selecção grega. Quem haveria de dizer que também se morre duas vezes. Os deuses sumiram-se a caminho da imortalidade grega e os romeiros foram também. Por cá a tristeza apareceu, mas o orgulho luso de se cair em último triunfou. E com todo o merecimento. Estamos, definitivamente, convertidos. Obrigado Scolari. Obrigado Figo & Todos Manos. Parabéns Grécia.
domingo, 4 de julho de 2004
Oratorium
Por ser a hora esperada e após longas veladuras, a alma portuguesa sob a graça da Rainha Santa nossa Padroeira e Ultríssima protectora, volta prudente e sensata (quem diria!) por cavaleiros devotos do futebol. Que (n)a Luz, dissipando este malfadado nevoeiro nos faça reaver a nossa ventura. Fazendo figas para espantar os maus-olhados e conforme as nossas postumeiras vontades, Figo & seus Manos reúnem os saberes. Admirável dia.
Valete, Frates!
sábado, 3 de julho de 2004
PPD/PSD desmascarado
Eis o mais cínico desplante que não ocorria desde os tempos do PREC: a manipulação e intoxicação da opinião pública. Tal e qual se diz no Expresso e que noutros locais menos manhosos é dito num crescendo, a casta de funcionários do PPD, disfarçando as imposturas costumeiras que a ignorância fez ressuscitar, lançam falsas informações, criam factos políticos constantes, sem qualquer respeitabilidade pelos cidadãos.
Ora ai está. Primeiro Ferreira Leite a desmentir as pasmosas afirmações proferidas por alguns medias, e agora Cavaco Silva, o ex-oráculo laranja, a irritar-se com o esmero dos detractores. Este fumo e vento anedótico, se não fosse perigoso, revela tudo aquilo que foi dito alto e em bom som, sem medos: que qualquer governação, qualquer exercício do poder com gente como esta que habita no PPD/PP é o regresso da crispação política e da vigarice mais selvática e trauliteira. Não é por acaso que os Menezes, Isaltinos e Amorins ... apoiam esta cáfila de infinitamente pequenos.
Ora, o ainda Primeiro-Ministro, se não está por detrás desta tragicomédia, deve dar uma explicação imediata sobre tudo isto, sob pena de ser conivente com o lodo que tal representa. E o senhor Presidente da República deve tirar as ilações devidas deste jiga-joga politico, mais próprio de uma historieta de terceira série que de um país que se quer europeu. E convocar, imediatamente, eleições. É que com fulanos como estes não se pode pactuar. E o tempo perdido é já bastante.
Eis o mais cínico desplante que não ocorria desde os tempos do PREC: a manipulação e intoxicação da opinião pública. Tal e qual se diz no Expresso e que noutros locais menos manhosos é dito num crescendo, a casta de funcionários do PPD, disfarçando as imposturas costumeiras que a ignorância fez ressuscitar, lançam falsas informações, criam factos políticos constantes, sem qualquer respeitabilidade pelos cidadãos.
Ora ai está. Primeiro Ferreira Leite a desmentir as pasmosas afirmações proferidas por alguns medias, e agora Cavaco Silva, o ex-oráculo laranja, a irritar-se com o esmero dos detractores. Este fumo e vento anedótico, se não fosse perigoso, revela tudo aquilo que foi dito alto e em bom som, sem medos: que qualquer governação, qualquer exercício do poder com gente como esta que habita no PPD/PP é o regresso da crispação política e da vigarice mais selvática e trauliteira. Não é por acaso que os Menezes, Isaltinos e Amorins ... apoiam esta cáfila de infinitamente pequenos.
Ora, o ainda Primeiro-Ministro, se não está por detrás desta tragicomédia, deve dar uma explicação imediata sobre tudo isto, sob pena de ser conivente com o lodo que tal representa. E o senhor Presidente da República deve tirar as ilações devidas deste jiga-joga politico, mais próprio de uma historieta de terceira série que de um país que se quer europeu. E convocar, imediatamente, eleições. É que com fulanos como estes não se pode pactuar. E o tempo perdido é já bastante.
Sophia de Mello Breyner (1919-2004)
"Quando eu morrer voltarei para buscar / Os instantes que não vivi junto do mar" [SMB, Inscrição, 1962]
Sophia de Mello Breyner nasce no Porto a 6 de Novembro de 1919. Estuda Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. "Nada e criada na velha aristocracia portuguesa, veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude política liberal" [Jorge de Sena]
"Há nomes predestinados ... Sophia - sabedoria mais funda do que o simples «saber», conhecimento íntimo, ao mesmo tempo atónico e luminoso do essencial, comunhão silenciosa (...) Sophia ainda quase adolescente pôde parecer irreal, etéria, aristocrática, vaga tardia de um simbolismo tão fundo que nem de símbolos precisava, espécie de voo sem matéria através de experiências, evocações, presságios, de tão musical ressonância que bem audacioso seria quem descobrisse nela, para lá de rilkeanos acertos ao imponderável sentimento de si perante o universo e o seu perfil indeciso, a amorosa das coisas e dos gestos que o nome justo e a visão clara subtraem à perpétua evanescência para que fiquem na nossa memória como anjos em perpétua e fulgurante vigília" [Eduardo Lourenço, in Antologia SMB, 1978]
"A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é a arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência, nem uma estética, nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca durma, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta..." [SMB, Arte Poética II]
Alguma Bibliografia:
[Poesia] - Poesia (ed. autora), 1944 / Dia do Mar, Ática, 1947 / Coral, Livr. Simões, 1950 / No Tempo Dividido, Guimarães, 1954 / Mar Novo, Guimarães, 1958 / O Cristo Cigano, Minotauro, 1961 / Livro Sexto, Moraes, 1962 / Geografia, Ática, 1967 / Antologia, Moraes, 1944-67 / Grades (Antologia de Poemas de Resistência), D. Quixote, 1970 / 11 Poemas, Movimento, 1971 / Dual, Moraes, 1972 / O Nome das Coisas, Moraes, 1977 / Navegações, Caminho, 1983 / Histórias da Terra e do Mar, 1984 / Árvore, 1985 / Ilhas, Texto Editora, 1989 / Musa, Caminho, 1994 / Signo, 1994 / O Búzio de Cós e Outros Poemas, Caminho, 1997 / O Bojador, 2000
[Contos para Crianças / Prosa / Ensaio] - A Menina do Mar, Ática, 1958 / A Fada Oriana, Ática, 1958 / Cecília Meireles (Ensaio), 1958 / Noite de Natal, Ática, 1959 / Poesia e Realidade (Ensaio), in Colóquio 8, 1960 / Contos Exemplares (Prosa), Moraes, 1962 / O Cavaleiro da Dinamarca, Livr. Figueirinhas, 1964 / A Floresta, Livr. Figueirinhas, 1968 / O Tesouro, Livr. Figueirinahs, 1970 / O Nu na Antiguidade, Estúdios Cor, 1975.
[Bibliomanias & Almocreve das Petas]
"Quando eu morrer voltarei para buscar / Os instantes que não vivi junto do mar" [SMB, Inscrição, 1962]
Sophia de Mello Breyner nasce no Porto a 6 de Novembro de 1919. Estuda Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. "Nada e criada na velha aristocracia portuguesa, veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude política liberal" [Jorge de Sena]
"Há nomes predestinados ... Sophia - sabedoria mais funda do que o simples «saber», conhecimento íntimo, ao mesmo tempo atónico e luminoso do essencial, comunhão silenciosa (...) Sophia ainda quase adolescente pôde parecer irreal, etéria, aristocrática, vaga tardia de um simbolismo tão fundo que nem de símbolos precisava, espécie de voo sem matéria através de experiências, evocações, presságios, de tão musical ressonância que bem audacioso seria quem descobrisse nela, para lá de rilkeanos acertos ao imponderável sentimento de si perante o universo e o seu perfil indeciso, a amorosa das coisas e dos gestos que o nome justo e a visão clara subtraem à perpétua evanescência para que fiquem na nossa memória como anjos em perpétua e fulgurante vigília" [Eduardo Lourenço, in Antologia SMB, 1978]
"A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é a arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência, nem uma estética, nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca durma, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta..." [SMB, Arte Poética II]
Alguma Bibliografia:
[Poesia] - Poesia (ed. autora), 1944 / Dia do Mar, Ática, 1947 / Coral, Livr. Simões, 1950 / No Tempo Dividido, Guimarães, 1954 / Mar Novo, Guimarães, 1958 / O Cristo Cigano, Minotauro, 1961 / Livro Sexto, Moraes, 1962 / Geografia, Ática, 1967 / Antologia, Moraes, 1944-67 / Grades (Antologia de Poemas de Resistência), D. Quixote, 1970 / 11 Poemas, Movimento, 1971 / Dual, Moraes, 1972 / O Nome das Coisas, Moraes, 1977 / Navegações, Caminho, 1983 / Histórias da Terra e do Mar, 1984 / Árvore, 1985 / Ilhas, Texto Editora, 1989 / Musa, Caminho, 1994 / Signo, 1994 / O Búzio de Cós e Outros Poemas, Caminho, 1997 / O Bojador, 2000
[Contos para Crianças / Prosa / Ensaio] - A Menina do Mar, Ática, 1958 / A Fada Oriana, Ática, 1958 / Cecília Meireles (Ensaio), 1958 / Noite de Natal, Ática, 1959 / Poesia e Realidade (Ensaio), in Colóquio 8, 1960 / Contos Exemplares (Prosa), Moraes, 1962 / O Cavaleiro da Dinamarca, Livr. Figueirinhas, 1964 / A Floresta, Livr. Figueirinhas, 1968 / O Tesouro, Livr. Figueirinahs, 1970 / O Nu na Antiguidade, Estúdios Cor, 1975.
[Bibliomanias & Almocreve das Petas]
sexta-feira, 2 de julho de 2004
Aniversários Sempre!
Nós por cá não gostamos de perder um aniversário. Temos paixão por coisas simples. Nós por cá é mais bolos. E champanhe. Desde que o sorriso travesso, a respiração e a vertigem das palavras seja essa demanda de todos os dias. Daí acreditarmos no verbo dos aniversariantes Adufe, Retórica e Persuasão (24 de Junho !? pode lá ser?) e Opiniondesmaker (21 de Junho já passou?). Mesmo que o acto de revelação dos últimos já tenha ocorrido no tempo, temos esta mania de enviar ... Parabéns. Para que conste!
Nós por cá não gostamos de perder um aniversário. Temos paixão por coisas simples. Nós por cá é mais bolos. E champanhe. Desde que o sorriso travesso, a respiração e a vertigem das palavras seja essa demanda de todos os dias. Daí acreditarmos no verbo dos aniversariantes Adufe, Retórica e Persuasão (24 de Junho !? pode lá ser?) e Opiniondesmaker (21 de Junho já passou?). Mesmo que o acto de revelação dos últimos já tenha ocorrido no tempo, temos esta mania de enviar ... Parabéns. Para que conste!
Subscrever:
Mensagens (Atom)