sábado, 3 de julho de 2004

Sophia de Mello Breyner (1919-2004)


"Quando eu morrer voltarei para buscar / Os instantes que não vivi junto do mar" [SMB, Inscrição, 1962]

Sophia de Mello Breyner nasce no Porto a 6 de Novembro de 1919. Estuda Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. "Nada e criada na velha aristocracia portuguesa, veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude política liberal" [Jorge de Sena]

"Há nomes predestinados ... Sophia - sabedoria mais funda do que o simples «saber», conhecimento íntimo, ao mesmo tempo atónico e luminoso do essencial, comunhão silenciosa (...) Sophia ainda quase adolescente pôde parecer irreal, etéria, aristocrática, vaga tardia de um simbolismo tão fundo que nem de símbolos precisava, espécie de voo sem matéria através de experiências, evocações, presságios, de tão musical ressonância que bem audacioso seria quem descobrisse nela, para lá de rilkeanos acertos ao imponderável sentimento de si perante o universo e o seu perfil indeciso, a amorosa das coisas e dos gestos que o nome justo e a visão clara subtraem à perpétua evanescência para que fiquem na nossa memória como anjos em perpétua e fulgurante vigília" [Eduardo Lourenço, in Antologia SMB, 1978]

"A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é a arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência, nem uma estética, nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca durma, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta..." [SMB, Arte Poética II]

Alguma Bibliografia:

[Poesia] - Poesia (ed. autora), 1944 / Dia do Mar, Ática, 1947 / Coral, Livr. Simões, 1950 / No Tempo Dividido, Guimarães, 1954 / Mar Novo, Guimarães, 1958 / O Cristo Cigano, Minotauro, 1961 / Livro Sexto, Moraes, 1962 / Geografia, Ática, 1967 / Antologia, Moraes, 1944-67 / Grades (Antologia de Poemas de Resistência), D. Quixote, 1970 / 11 Poemas, Movimento, 1971 / Dual, Moraes, 1972 / O Nome das Coisas, Moraes, 1977 / Navegações, Caminho, 1983 / Histórias da Terra e do Mar, 1984 / Árvore, 1985 / Ilhas, Texto Editora, 1989 / Musa, Caminho, 1994 / Signo, 1994 / O Búzio de Cós e Outros Poemas, Caminho, 1997 / O Bojador, 2000

[Contos para Crianças / Prosa / Ensaio] - A Menina do Mar, Ática, 1958 / A Fada Oriana, Ática, 1958 / Cecília Meireles (Ensaio), 1958 / Noite de Natal, Ática, 1959 / Poesia e Realidade (Ensaio), in Colóquio 8, 1960 / Contos Exemplares (Prosa), Moraes, 1962 / O Cavaleiro da Dinamarca, Livr. Figueirinhas, 1964 / A Floresta, Livr. Figueirinhas, 1968 / O Tesouro, Livr. Figueirinahs, 1970 / O Nu na Antiguidade, Estúdios Cor, 1975.

[Bibliomanias & Almocreve das Petas]