terça-feira, 6 de julho de 2004
José Loureiro Botas (1902-1963)
n. em Vieira de Leiria a 6 de Julho de 1902
"A pintar homens do mar ninguém há aí que se lhe compare" [Aquilino Ribeiro sobre Loureiro Botas]
"... Eu de meu só tenho o meu barco. Guardei-o sempre como um bom amigo. Sei que me não atraiçoa. Por amor de uma mulher o deixei, por amor dessa mulher volto para ele. Que os barcos também têm alma, também se afeiçoam à gente. E são leais nas horas boas e nas horas más da vida, quando balaouçam no mar sobre o abismo das ondas ..." [JLB, in Rumo ao Mar]
"O barco balouça na crista da onda; empina-se prestes a desequilibrar. Os pescadores seguram-se aos remos; o impulso brutal do mar parece ir arrancá-los dos lugares. O arrais vai atento, não se atravesse o barco. Era a morte. E comanda os que, na terra, seguram o cabo da ré e o vareiro que, à proa, finca a vara na areia; entusiasma os homens, chama-os pelos seus nomes, dirigindo aquele xadrez de forças. O barco avança; logo nova onda o briga a recuar. E lutam, lutam, lutam, arredando a morte a golpes de coragem ..." [JLB, in Frente ao Mar]
"...José Loureiro Botas era filho daquele célebre banheiro que pelos seus salvamentos heróicos foi condecorado pela rainha D. Amélia, a fundadora do Real Instituto de Socorros a Náufragos: Joaquim Loureiro Botas, casado com a ti Emília Malaquias (...) após ter feito exame do 2º grau, aos nove anos, foi morar com um abastado comerciante da Guia (Monte Redondo), que prometera fazer dele engenheiro-agrónomo. Mas o seu protector veio a morrer, em circunstâncias dramáticas, deixando goradas as esperanças de vir a estudar para engenheiro. Trabalha na Marinha Grande, numa loja pertencente a J. M. Chaves Costa, e aos 12 anos segue para Lisboa empregando-se nuam retrosaria da Rua da Misericórdia, acabando depois por trabalhar doze anos ao balcão da casa «David & David», no Chiado, enquanto estuda de noite, no Ateneu Comercial. Consegue finalmente um estabelecimento seu ?uma retrosaria na Rua da Conceição, e mais tarde, então, torna-se co-proprietário da leitaria «Irlandesa», na esquina da Rua Alexandre Herculano com a Avenida da Liberdade.
O seu primeiro êxito literário foi Litoral a Oeste, publicado em 1940, onde incluíu alguns contos que em anos anteriores tinham ganho os Jogos Florais do Ateneu Comercial de Lisboa (...) Segue-se, em 1944, outra obra de invulgar beleza: Frente ao Mar. Publica ainda, em 1952, um volume de contos intitulado Maré Alta, em edição do autor, e em 1959 Nasci à Beira do Mar - um livro de poemas. Em 1963, finalmente ... sai o Barco sem Âncora (...) João Gaspar Simões o comparou a um aedo popular, que talhava as suas personagens «com a rudeza de um canteiro medievo, quanto a mim do melhor que tem saído do granito da nossa prosa regional» ..." [Francisco Oneto Nunes, in Vieira de Leiria A História, o Trabalho, a Cltura, 1993]
Local: José Loureiro Botas (Biografia & Bibliografia)